Deu a lógica na Vila Belmiro e o time que encanta a todos no futebol brasileiro é o primeiro finalista do Campeonato Paulista. Com grande atuação da dupla Robinho e Neymar, o Santos atropelou o São Paulo por 3 a 0 e enfrenta o Santo André para lutar pelo 18º título estadual de sua história.
Já o Tricolor, que ficou com os nervos em frangalhos, terá apenas três dias para se recuperar do duro golpe já que, na próxima quarta-feira, voltará a campo para enfrentar o Once Caldas (COL), em jogo válido pela Taça Libertadores da América. E precisa vencer para garantir o primeiro lugar do seu grupo.
Mesmo com mudança, Peixe domina primeiro tempo
Santos e São Paulo entraram em campo com a mesma maneira de atuar: quatro defensores, quatro homens no meio-campo e dois velocistas no ataque. No Santos, Dorival Júnior surpreendeu ao sacar o atacante André e colocar o curinga Pará, que foi escalado na lateral-direita. Com isso, Wesley foi para o meio-campo para auxiliar Arouca na marcação, com Neymar e Robinho na frente. No São Paulo, as novidades já esperadas: Cicinho e Richarlyson nas laterais, Cléber Santana no meio e Fernandinho no ataque, ao lado de Dagoberto.
E, quando a bola rolou, ficou claro que o momento vivido pelo Santos na temporada é especial. Mudaram as peças, mas não a alegria e o futebol ofensivo. O Santos tomou a iniciativa da partida e não precisou de mais do que cinco minutos para criar sua primeira chance. Neymar deu passe açucarado para Robinho que, cara a cara com Rogério Ceni, chutou em cima do goleiro são-paulino.
O Santos tomou conta da partida principalmente porque seu meio marcava muito e a saída para o ataque, com dois meias, era muito rápida e qualificada. No São Paulo, por sua vez, nada que o técnico Ricardo Gomes planejou deu certo. Cicinho, preso por causa dos avanços de Léo, não foi uma vez à frente. Na esquerda, Richarlyson, apesar da vontade costumeira, não criava nada de útil e errava muitos passes. No meio, a entrada de Cléber Santana, perdido, mexeu com o posicionamento de Hernanes que, mais avançado do que nas últimas três partidas, foi presa fácil para a marcação de Arouca que, mais uma vez, roubou a cena.
A partir dos 30min, o domínio santista ficou ainda mais nítido. O meio-campo, com tranqüilidade, fazia troca de passes na entrada da área tricolor, que só olhava o adversário jogar. Com exceção de Hernanes, que ainda tentava algo com a bola no chão, o restante dos jogadores davam lançamentos para o alto esperando que Dagoberto ou Fernandinho levassem vantagem, o que não aconteceu.
Etapa complementar
Os dois times voltaram para o segundo tempo sem alterações. E os primeiros dez minutos foram uma extensão da etapa complementar. O Santos, com Robinho endiabrado e Neymar querendo jogo, seguia atacando, enquanto o São Paulo só assistia. Aos nove, Robinho fez belíssima jogada individual. Após dar um elástico em Richarlyson, o camisa 7 passou por mais dois, invadiu a área e, na hora do chute, foi travado por Alex Silva, que salvou o Tricolor.
Aos 10, Ricardo Gomes resolveu mudar o esquema tático de sua equipe. Como eram necessários dois gols de vantagem, ele sacou o apagadíssimo Cléber Santana e colocou Washington no seu lugar. A substituição tardia foi castigada com o justíssimo gol do Peixe, que, no entanto, foi irregular. Aos 15, após longa troca de passes, Marquinhos foi lançado nas costas de Richarlyson e cruzou para o camisa 11, que ao ser empurrado por Alex Silva, usa o braço para empurrar a bola para o canto direito de Rogério Ceni.
Se com 0 a 0, o Santos já dominava, com 1 a 0, a molecada se soltou de vez em campo. E o São Paulo, perdido em campo, começou a apelar para a violência. Richarlyson, que deu um coice em Marquinhos, merecia ser expulso, mas ganhou só o amarelo. Aos 19, na única jogada lúcida do Tricolor, Washington recebeu na área, limpou a marcação de Durval e fuzilou de pé direito. Felipe fez brilhante defesa.
Mas foi apenas um lampejo. O Santos, com muito espaço para jogar, tinha todo o contra-ataque à sua disposição. Aos 26, em um deles, Neymar foi empurrado dentro da área por Alex Silva, que, como já tinha cartão amarelo, deveria receber o vermelho. Inexplicavelmente, o juiz José Henrique de Carvalho mandou o jogo seguir.
Mas aos 37, o árbitro apontou penalidade máxima que não aconteceu. Robinho lançou Neymar e o atacante caiu quase na risca da área após disputa com Alex Silva, que aparentemente não tocou no atacante. Com paradinha, o jovem atacante colocou a bola no canto direito, longe do alcance de Rogério Ceni.
Após marcar pela segunda vez e com a classificação para a final assegurada, Neymar deixou o campo para a entrada de Madson. E foi intensamente aplaudido pela torcida. E o Peixe ainda teve tempo para ampliar. Aos 40, Madson driblou Cicinho pela direita e cruzou para Paulo Henrique desviar no canto esquerdo de Rogério Ceni e fechar o marcador. Festa na Vila Belmiro de um time que vive estado de graça e agora está na final do Paulistão-2010.
Reportagem Julyana Travaglia e Marcelo Prado, Globoesporte