Agora é definitivo. A delegação maranhense não participará da quinta edição das Olimpíadas Escolares, da categoria infantil (12 a 14 anos), que começa hoje e vai até o dia 20 deste mês, na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB), organizador da competição, não aceitou a decisão da Secretaria Estadual de Esporte e Juventude (Sespjuv) de enviar a delegação do Maranhão com um dia de atraso ao local da competição. A notícia deixou pais, alunos-atletas e treinadores – que ficaram reunidos, ontem, no gabinete do secretário de Esporte e Juventude, Roberto Costa – frustrados. Houve muito choro e lamentações após o anúncio do COB. A primeira decisão da Sespjuv de não enviar a delegação foi motivada por um ofício, enviado pelo Governo de Minais Gerais, aconselhando o cancelamento das Olimpíadas por conta do grande número de casos da gripe A (gripe suína) no estado mineiro.
Na manhã de ontem, a Secretaria de Esporte e Juventude, ao saber da decisão da Justiça de indeferir a Ação Civil Pública em que o Ministério Público do Maranhão havia pedido o cancelamento da viagem da delegação do Maranhão, tentou inscrever os competidores maranhenses nos Jogos. Sabendo da intenção da Secretaria, um grupo de alunos-atletas, pais e treinadores se concentrou para aguardar a resposta do COB, no gabinete do secretário Roberto Costa. “Nós vamos lutar até o final pelo direito dos nossos filhos. Nós já assinamos um termo de responsabilidade nos comprometendo em qualquer situação. Além disso, fizemos até um seguro-viagem para nos resguardarmos de qualquer situação”, disse a arquiteta Márcia Medeiros, mãe da aluna Adriana Medeiros, jogadora do time de basquete do Reino Infantil.
Enquanto todos aguardavam a resposta do COB, a assessoria de comunicação da Sespjuv apresentou à equipe de O Estado o ofício de número 0664/2009, em nome do Governo de Minas, que pedia o cancelamento da competição. O texto oficial dizia: “Em face às recomendações divulgadas pelo Comitê Estadual de Minas Gerais de Enfrentamento da Influenza A [gripe suína], aconselhamos o adiamento da competição no município de Poços de Caladas”.
Resposta do COB
Somente às 16h, o secretário Roberto Costa chegou com o anúncio oficial do Comitê Olímpico Brasileiro sobre o caso. Depois de ler o documento enviado pelo Comitê, deixou todos os presentes na sala decepcionados. “O vice-presidente do COB, André Gustavo Richer, nos deu, por meio de um ofício, um parecer contrário à nossa decisão de mandar a delegação do Maranhão um dia após o início dos Jogos. O principal argumento do vice-presidente foi a ausência do Maranhão no congresso técnico da competição”, explicou Roberto Costa.
Quando anunciada a resposta negativa da organização das Olimpíadas Escolares, pais, treinadores e, principalmente, as crianças, não seguraram a emoção. “Isso é um absurdo. Nós nadamos, nadamos e acabamos morrendo na praia. Nós passamos o dia todo aqui para recebermos esta resposta. Sinceramente todos estamos completamente frustrados. Decepcionados”, disse, em tom de voz alterado, Adilon Leda, pai de um dos alunos-atletas presente no local.
A arquiteta Márcia Medeiros garantiu que todos os pais com filhos envolvidos no caso vão procurar a Justiça: “Nós vamos entrar com um mandado de segurança na Justiça para lutarmos a favor dos nossos atletas. Além disso, vamos pedir o ressarcimento de todos os nossos gastos. Pois, a maioria dos pais já havia comprado passagens aéreas e feito reserva em hotéis. Vamos procurar os nossos direitos”, protestou.
Essa quinta edição das Olimpíadas Escolares é a primeira no novo Ciclo Olímpico. Neste ano, terão 3.500 participantes, sendo 3.000 atletas, de 900 escolas públicas e privadas do país. Vinte e quatro delegações (de 23 estados e a da cidade sede) estarão representadas em nove modalidades (atletismo, basquete, futsal, handebol, judô, natação, tênis de mesa, vôlei e xadrez).
Entenda o caso
– A primeira decisão da Sespjuv de não enviar a delegação foi movida por um ofício, enviado pelo Governo de Minais Gerais, aconselhando o cancelamento das Olimpíadas por conta dos grandes números de casos da gripe H1N1 (gripe suína) no estado mineiro.
– Em seguida, os pais dos atletas maranhenses resolveram levar a delegação por contra própria. Sabendo dessa intenção, o Ministério Público Estadual (MPE), por meio do promotor Márcio Tadeu, da 1ª Vara da Infância e Juventude, entrou com uma Ação Civil Pública na Justiça responsabilizando o Governo do Maranhão por qualquer aluno-atleta contaminado com a gripe.
– Essa Ação foi negada pela Justiça. Então a Sespjuv tentou, inscrever, de última hora, a delegação maranhense.
Reportagem: Eduardo Lindoso e Foto: Flora Dolares / O Estado