Outra vez Ralf?
Na tarde de sol, Ralf lidera um grupo de atletas em um teste físico, na intertemporada do Corinthians em Águas de Lindoia. No clube desde o início do ano, o volante está hospedado em um dos melhores hotéis da cidade, com alimentação controlada e academia bem aparamentada. Mas a vida do paulistano de 26 anos no futebol nem sempre foi assim.
Antes de chegar ao Corinthians, Ralf rodou por clubes de menor expressão. Aos 20 anos, ele foi dispensado do São Paulo, depois que seu contrato de seis meses terminou, pois não seria aproveitado no time principal. Peregrinou por times do interior paulista, nordeste, e centro-oeste. Passou dificuldades por acreditar no sonho de ser jogador e por “não saber fazer mais nada na vida” além do esporte.
– No Imperatriz, no Maranhão, as condições eram dentro daquilo que o clube poderia oferecer. Fiquei lá por um ano e sete meses e não foi fácil. Foi muito difícil, mas se não tivesse passado por tudo aquilo, não estaria aqui hoje. Eu tinha de apostar, pois sabia que havia algo bom na frente – disse o atleta ao GLOBOESPORTE.COM.
Os percalços do passado ainda estão vivos na memória do jogador. Nos tempos em que defendia o time maranhense, Ralf viajava até 12 horas de ônibus para jogar na capital São Luis. Muitas vezes ele só descia da condução para jogar e logo voltava, pois o clube não podia gastar dinheiro com hospedagem em algumas cidades. Nesses tempos difíceis, ele recebeu a ajuda de Gleici, hoje noiva, e família. Seus pais não sabiam metade das coisas que aconteciam. Não queria preocupá-los com seus problemas.
– O conforto nas viagens não era aquelas coisas. Nós chegávamos aos jogos com o tornozelo inchado de ficar tanto tempo no ônibus. Às vezes voltávamos nos mesmo dia. Mas eu não queria preocupar os meus pais, então falava que estava tudo bem – relembrou.
O currículo de Ralf também registra passagem pelo XV de Jaú, Gama, Noroeste e Grêmio Barueri, até a chegada ao Corinthians. No Timão, desbancou o badalado volante Edu, além de ter barrado Marcelo Matos. Ganhou a confiança de Mano Menezes com bons jogos e gols – contra Grêmio e Santos.
– Eu marcava mais quando estava na base porque jogava em posição diferente. No Barueri, só fiz um gol num jogo contra o São Paulo. Mas aqui tive a oportunidade e não deixei passar. É bom porque os gols são distribuídos no elenco e não precisamos depender só dos atacantes – avaliou.
Olhando para frente, mas sem se esquecer das dificuldades de outros tempos, Ralf corre para ajudar o Corinthians no ano em que o clube completa 100 anos. Mais estável na carreira, ele sonha em marcar seu nome no time.
– Quero títulos, quero conquistas!