O deputado Raimundo Cutrim utilizou a Tribuna da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (3) para anunciar a saída da base de apoio da governadora Roseana Sarney.
Segue o deputado para o PCdoB e diz em seu discurso “Vou contribuir para a eleição de Flávio Dino candidato a governador do Maranhão”.
Veja o discurso na íntegra:
Vim de grandes dificuldades, onde trabalhei por vários anos em uma banca no mercado central, isso já faz muito tempo, mesmo assim, ainda tenho irmãos trabalhando na mesma banca que foi minha e do meu querido pai.
Essas dificuldades determinaram em mim, um sentimento de enfrentamento a todas as adversidades que eu teria que enfrentar na minha trajetória de vida. De agente de Polícia Federal a advogado e delegado de Polícia federal, procurei exercer a minha profissão de uma forma que fosse exemplar para meus pais, minha mulher, meus irmãos, meus filhos, meus amigos, para o Maranhão e o meu País. Lutei para que o meu pai, ainda em vida, se orgulhasse do sacrifício que enfrentou para criar e formar seus 13 (treze) filhos.
Exerci muitas funções importantes de confiança na Polícia Federal, foi através do meu desempenho, profissionalismo, transparência e responsabilidade, que contribuíram para que eu fosse convidado pela governadora Roseana Sarney para exercer, em momento de crise, o cargo de Secretario de Segurança do Estado do Maranhão no dia 03/07/1997.
À frente do Sistema de Segurança Pública e com o apoio irrestrito de todo o sistema e dos poderes constituídos do nosso Estado combatemos o crime em todas as suas modalidades.
Na secretaria de segurança, permaneci por longos anos e atendendo ao chamado do povo do meu Estado, entrei para vida pública, pensando eu, que não iria enfrentar as adversidades que enfrentei na secretaria de segurança.
Mas os interesses contrariados me surpreenderam, profundamente, diante do que eu esperava.
No meu segundo mandato, porque no primeiro, parte dele voltei a exercer o cargo de secretário de segurança, procurei trazer a esta Casa a experiência que eu adquirir, no que diz respeito, a segurança pública e nesta tribuna que hoje eu ocupo busquei, não competir, não enfrentar, mas ser útil a atual gestão da secretaria de segurança pública.
Ninguém pode esconder com a mão a fragilidade que convivemos hoje em relação à segurança pública do nosso Estado. As estatísticas de homicídios, de roubos, sequestros relâmpagos, arrombamentos através de explosivos de caixas eletrônicos, de furtos e roubos de veículos, centenas de assaltos a ônibus, de invasão à domicílios, de tráfico de drogas desenfreado e da volta do crime organizado no maranhão, nos deixam perplexos diante da falta de competência do atual secretário de Segurança Publica do Estado.
As minhas críticas, feitas nesta tribuna, não alcançaram o objetivo que busquei, ao contrário, despertei uma animosidade competitiva, desenfreada e criminosa que buscou atingir a minha história de vida.
Os caminhos possíveis no campo da justiça, eu percorri para me defender das acusações levianas de assassinato, de grilagem e de agiotagem.
Esta Casa é testemunha, e nos seus anais está registrado o pedido da criação da comissão parlamentar de Inquérito para investigar agiotagem em nosso estado, onde a imprensa comenta até a participação de membros da Assembléia na prática desse delito.
Solicitei a esta Casa através de documentos, que me convocasse para comparecer a comissão de ética para justificar as acusações. Fiz uma representação à Procuradoria-Geral de Justiça para que o Secretário de Segurança e 03 (três) delegados esclarecessem a armação que eles fizeram para me incriminar dentro do inquérito que ensejou o processo da morte do jornalista Décio Sá. O que eu pude fazer eu fiz.
Esperei que o grupo político que sempre fui leal se manifestasse em minha defesa. Não vi esse gesto, ao contrário, o Sistema Mirante de Comunicação, sem a investigação jornalística necessária, precipitadamente, divulgou as acusações contra mim. Não olhou o Sistema Mirante, para minha honra, para minha moral, para minha história. Não se preocupou em medir as conseqüências que poderia atingir a minha vida pública. Apenas 04 (quatro) Deputados da base aliada assinaram o requerimento da criação da CPI da agiotagem. Quem assinou foi à oposição.
Tenho recebido e-mails, mensagens, e telefonemas me cobrando a busca de um caminho para que eu possa continuar representando o povo do nosso Estado.
Conversei com as lideranças da capital e do interior, conversei com a minha família, conversei com os meus amigos buscando encontrar uma decisão, que não atendesse somente aos meus sentimentos. Senhor Presidente, o povo é sábio, o povo não admite injustiça e, por unanimidade, me aconselharam a percorrer a estrada que se abre de mudanças no país inteiro e, principalmente no Maranhão. Vou buscar não o que se diz oposição, eu vou buscar é a concretização de melhores dias para o nosso povo.
Águas passadas não movem moinhos, passado é passado, não olharei para traz. Vou procurar as lideranças que estão se colocando à disposição do povo para concretizar o sentimento de esperança, de mudanças de progresso que todos nós estamos cansados de esperar.
Senhor Presidente, a partir de hoje, me excluo da base aliada que fiz parte por todos esses anos.
Na semana passada visitei um povoado distante e isolado do município onde nasci, São João Batista. Conversei com a comunidade e me dirigi particularmente a uma senhora idosa que fazia parte da reunião e perguntei: com quem nós vamos votar para governador nessas próximas eleições? E ela respondeu: Dr Cutrim, aqui nós cansamos de esperar, tenho conversado com os meus filhos e meus netos e tenho recomendado para votarmos para governador num candidato que foi juiz.
Senhor presidente, senhores deputados, jornalistas presentes, senhores servidores desta casa, meus amigos, vou seguir os conselhos da idosa de nome Dona Maria, vou contribuir para a eleição de Flávio Dino candidato a governador do Maranhão.
Vou atrás da esperança, das mudanças que o povo do nosso Estado está cansado de esperar. Encerro meu pronunciamento com uma citação de Dante Alighieri.
“Vou lutar para ficar fora dos lugares mais sombrios do inferno porque não vou me omitir em tempos de crise moral que presenciamos”.