Direitos da personalidade
Em 1865, há 151 anos, a notícia do assassinato do presidente norte-americano Abraham Lincoln levou 13 dias para cruzar o Atlântico e chegar à Europa.
Em 2001, o ataque terrorista às Torres Gêmeas do “World Trade Center”, em Nova Iorque, mal acontecia e já estava sendo transmitido, ao vivo, pela televisão e pela internet, para todo o planeta.
Entre um fato e outro, “apenas” 136 anos se passaram. Hoje, é consenso: não há mais limites para a propagação da informação, seja ela notícia, fato ou boato. As distâncias, simplesmente, não existem para a comunicação. Até o fenômeno da “Globalização”, consequência imediata do avanço das comunicações eletrônicas, parece, atualmente, ser coisa do passado.
A popularização, a partir dos anos 90, das redes sociais, subverteu o monopólio da informação dita jornalística, até então restrito aos meios de comunicação tradicionais, que migraram do seu antigo habitat – rádio, jornal e televisão – para se multiplicar por Orkuts, Facebooks, SMS, WhatsApp, Blogs e afins. Pelainternet.
Gerações inteiras de jornalistas tradicionais foram tragadas pelo “tsunami” advindo das mídias digitais. Quem não soube – ou não teve tempo de assimilar -, “navegar” nas ondas da modernidade, ficou, como na música do Raul, “com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”.
Crueldade das crueldades da tecnologia, nem sempre benfazeja em sua inteireza. As novas ferramentas trouxeram consigo a intolerância, a maldade, a torpeza, a vilania.
E, agora, não apenas a informação circula em escala planetária. A desinformação, também. Diria até: a deformação. Tudo facilitado pelos novos meios de comunicação.
Se “o meio é a mensagem”, como preconizava Marshall McLuhan, tudo, agora, ficou mais confuso: será que esses novos meios não poderiam ser melhor utilizados?
Há, hoje, um total desrespeito aos meios e, pior, o uso torpe da mensagem. De tal sorte que, no exemplo histórico que principia este artigo, qualquer um pensaria duas vezes para atestar-lhe a veracidade, nos tempos atuais. É que se mata a tudo e a todos nas redes sociais, principalmente, a verdade.