O Ceará está de volta à Série A do Campeonato Brasileiro pela primeira vez desde 1993, e não quer deixar mais a elite do futebol nacional. Para isso, o time pensa grande e vem investindo pesado em estrutura. O Centro de Treinamento Luís Campos está em construção, com previsão para entrega no fim do ano, e o clube inaugurou em abril seu centro de repouso e restaurante. Além disso, a equipe conta com sua fanática torcida para lotar o Castelão e pressionar os adversários no Nordeste.
Em campo, o Ceará dominou o returno do Estadual, apesar de perder a decisão para o arquirrival Fortaleza nos pênaltis. Comandado novamente pelo técnico PC Gusmão, que esteve à frente do time durante a maior parte da Série B, o Vovô confia num elenco cheio de jogadores com passagens por times grandes da Série A, como os goleiros Diego e Michel Alves, o volante Bóvio, os meias Reinaldo, Geraldo e Erick Flores e os atacantes Wellington Amorim e Bruno Santos.
Entrevista: PC Gusmão
O técnico PC Gusmão comandou o Ceará na arrancada na Série B, mas quase ficou fora da Série A em 2010. Após conseguir o acesso, ele não renovou contrato com o clube, mas voltou após Renê Simões fracassar no primeiro turno do Estadual. Gusmão acredita na força da torcida alvinegra e elogia a estrutura montada pelo clube para o Brasileirão.
Como você analisa o elenco do Ceará para a disputa do Campeonato Brasileiro?
É um elenco que ainda carece de reforços em algumas posições. Coloco o elenco como de regular para bom.
Ficar na Série A é considerado mais difícil do que subir na Série B. Como você está preparando o grupo para este desafio?
Tudo é dificil, principalmente este ano, que não teve queda de grande nenhum. Todos os grandes vão disputar a Série A, e nossa missao é ainda mais difícil. Isso dá mais motivação para nós. Aqui no Castelão, em Fortaleza, o time joga e a torcida vai. Tivemos média de 25 mil pessoas nos últimos anos, e já temos cerca de 20 mil sócios-torcedores para a Série A. Vamos ser um dos times com maiores médias do campeonato.
Por vir do Nordeste e da Série B, você acredita que haja menos expectativas em torno do Ceará e que o time possa surpreender os adversários?
Isso é normal. Quando eu trabalhava fora, também pensava isso. Agora estou aqui, sei como pensam os times que vêm aqui. Falei sobre isso com os jogadores hoje. Temos uma dificuldade financeira muito grande, mas estamos nos estruturando e não deixamos a dever a nenhum clube grande. O clube criou uma estrutura de futebol profissional.
Seu time possui alguns jogadores jovens, mas que passaram por times grandes e que já disputaram o Brasileiro. Como a experiência deles pode ser melhor aproveitada pelo grupo?
Vamos mesclar. Vamos botar alguns jogadores mais experientes, como o Diego, que esteve no Flamengo, e temos vários jogadores que jogaram em São Paulo. Nossa média de idade é de 26 anos. Procuramos buscar no nosso campeonato local opções para reforçar o elenco, que é algo que precisamos muito, pois vamos disputar duas competições no segundo semestre – a Copa do Nordeste vai ser disputada junto ao Brasileiro.
O Ceará acaba de perder uma decisão acirrada contra o Fortaleza, disputada nos pênaltis. Isso abalou a equipe?
De forma alguma. A gente vinha de uma invencibilidade de 13 jogos, saímos do returno invictos. Foi o único regulamento do Brasil em que o time com melhor desempenho do campeonato não teve vantagem na final. Saímos de campo aplaudidos, mesmo com a derrota. A torcida lota nossos treinos, e isso traz uma energia imensa.
Curiosidades históricas
– Apesar de ser um time tradicional no país, o Ceará não tem o hábito de fazer boas campanhas no Campeonato Brasileiro. Logo na primeira edição, em 1971, o Ceará acabou na última colocação (20º). Sua melhor participação foi no Brasileiro de 1985, quando terminou o campeonato na sexta posição.
– O Ceará é o maior campeão de seu estado: conquistou o título cearense 39 vezes. Neste ano, a equipe teve seu recorde igualado pelo Fortaleza, que o derrotou na decisão por pênaltis.
– O Ceará não disputa a primeira divisão do Campeonato Brasileiro há 17 anos, desde 1993, quando foi 19º colocado.
– A maior goleada do Ceará na história do Campeonato Brasileiro foi de 5 a 0, aplicada duas vezes: sobre o Vitória, em 5 de março de 1980, e sobre o Arapiraca, em 25 de novembro de 1979. A pior goleada sofrida pelo Ceará foi por 8 a 1, contra o Guarani, em 7 de fevereiro de 1982.
– Retrospecto do Ceará no Brasileirão: em 277 jogos, foram 85 vitórias, 84 empates e 108 derrotas; 285 gols marcados e 342 gols contra sofridos.
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