Por Robert Lobato
O Maranhão e o Brasil acompanharam uma escalada da violência sem precedentes no sistema carcerário do estado a partir do início deste ano eleitoral, onde o ápice da barbárie foi o morte da menina Ana Clara Santos Sousa, 6, que foi queimada junto com a irmã e a mãe durante ataques de criminosos a ônibus em São Luís.
Os eventos criminosos de janeiro de 2014, ocorridos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, ganharam o mundo e denunciaram a falência de um modelo que não é exclusividade do Maranhão. Estados grandes e ricos como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul enfrentam as mesmas mazelas.
Não existe uma causa específica, isolada, que explique o terror e a barbárie em Pedrinhas. Exite, sim, uma rede de relacionamentos ampla e perigosa que muito provavelmente envolve, além dos chefões do crime organizado, alguns figurões da política. Ou seja, as facções criminosas têm o braço delas na política e vice-versa, no que poderíamos chamar de “Networking do Crime”.
A “implosão de Pedrinhas”
Assim que foi anunciado como candidato a governador do Maranhão, o senador Lobão Filho (PMDB) deu uma declaração que gerou muita polêmica sobre o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Disse o peemedebista: “A primeira coisa que farei se obtiver a vitória nas urnas será implodir Pedrinhas”.
A oposição, que na época torcia para o aprofundamento do caos no sistema como forma de desgastar o Governo do Maranhão e a governadora Roseana, e, por conseguinte, capitalizar eleitoralmente com a crise, trataram de distorcer as palavras de Lobão Filho.
A metáfora da “implosão da Penitenciária de Pedrinhas” elaborada por Lobão durante entrevista para o jornal O Globo foi para apresentar a proposta de, caso seja eleito, construir novos presídios e “transferir os presos para unidades agrícolas afastadas dos centros urbanos, onde os detentos terão de trabalhar, se ocupar para pagar sua estadia na prisão. A cadeia não pode continuar sendo um depósito de seres humanos, como é no Maranhão e em vários estados brasileiros”, como deixou claro mesma matéria.
As eleições
Agora com a proximidade do dia da eleição, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas volta a ser notícia e, ao que tudo indica, novamente utilizado como instrumento de luta eleitoral.
O episódio ocorrido ontem, em que bandidos derrubaram parte de um dos muros do Centro de Detenção Provisória, pode ser apenas um de uma série de eventos que visam não somente desgastar e desestabilizar o Governo do Estado, mas atingir de morte a candidatura de Lobão Filho.
Teorias da conspiração nunca foram o meu forte, mas uma questão não pode deixar de ser formulada e levada à reflexão neste momento: será se existe uma agenda eleitoral do crime organizado para atingir em cheio o governo e candidato do “15″? Será?
Não se pode esquecer que os índices de impopularidade do governo Roseana chagaram ao ápice justamente por conta dos acontecimentos em Pedrinhas no início deste ano, como dito acima.
A verdade é que não há fatos isolados em política e muito menos durante um processo eleitoral.
E neste contexto, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas pode servir como um sinistro cabo eleitoral de quem deseja ganhar as eleições de qualquer jeito.
“Feio em eleição é perder”, disse alguém.
Parece que levarão até as últimas consequências esta assertiva.
Lamentável!