Suspeito se entrega e confessa que matou Diogo Costa

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O suspeito de matar o publicitário Diogo Adriano Costa campos, de 41 anos, sobrinho do ex-presidente da República, José Sarney, se apresentou nesta sexta-feira(2), na Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) e confessou o crime ocorrido no dia 16 de junho, na Lagoa da Jansen.

Raimundo Cláudio Diniz, de 43 anos, que estava acompanhado de um advogado disse que matou Diogo por conta de uma discussão no trânsito. Ele afirmou que foi perseguido por Diogo e que ao parar o veículo, a vítima desceu do carro, xingou o assassino e lhe deu um soco no peito. O suspeito, reagiu e disparou um tiro no pescoço de Diogo.

O assassino disse em seu depoimento que estava no veículo com outras duas pessoas e que o revólver calibre 38 usado por ele para praticar o crime pertencia a um dos caronas.

Ele confirmou que ajudou a roubar o veículo Argo vermelho três dias antes do crime, próximo ao Barramar, mas negou ter participado da adulteração e clonagem da placa.

Segundo a Polícia, após o roubo, o veículo ficou estacionado em um condomínio no São Raimundo. Imagens do circuito do condomínio mostram que o veículo deixou o local, antes do crime. O veículo chegou a ser vendido e recuperado pela polícia em Santa Helena, na Baixada Maranhense, no inicio da semana.

O roubo do veículo chegou a ser denunciado no programa Acorda Maranhão, na Rádio Mirante AM, no dia 15 de junho, um dia antes do crime.

Foto: Divulgação

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Sarney lamenta, em sua coluna, morte de sobrinho

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O preço da violência

Por José Sarney

Durante o tempo em que estava no Senado fiz vários discursos e apresentei alguns projetos dizendo que diante da violência cotidiana — o domínio do crime organizado, a impunidade dos homicidas, a faculdade do assassino defender-se solto, o aumento das mortes violentas, tanta falta de respeito à dignidade humana — o povo brasileiro não se revoltava mais e estava se transformando num povo frio, sem capacidade de reagir e de se sensibilizar com os crimes mais hediondos.

Isto começou a consolidar-se depois que a Constituição de 88 deu muito melhor tratamento ao criminoso do que à vítima. O criminoso passou a ter direito a pensão mensal, assistência social, garantias à sua família etc. A vítima só tem a perda do seu futuro, as necessidades geradas pela sua ausência, o sofrimento de sua família, a orfandade de seus filhos, a viuvez de sua esposa e as lágrimas de sua família, pais, irmãos.

Eu posso falar, como dizia Camões, de experiência vivida. Malherbe dizia na Consolation à M. Du Périer que: “A morte tem rigores que a nada se assemelham […] E a Guarda que vela nas barreiras do Louvre / Nem mesmo defende nossos reis.” 

O Brasil apresenta a maior quantidade de homicídios do mundo. Temos 12% das vítimas — e somos menos de 3% da população. E o pior ainda é que as estatísticas mostram que os jovens estão sendo assassinados e são jovens que estão matando.

Em nossa família já fomos atingidos brutalmente, porque, como disse, ninguém escapa da violência; já perdi três sobrinhos-netos, vítimas do desprezo pela vida que assola o País. O primeiro, Augusto, sobrinho da minha mulher, filho do meu cunhado Cláudio Macieira, assassinado quando roubaram sua motocicleta, no dia em que ia receber o seu diploma de engenheiro — e quando eu era presidente da República. Ele tentou resistir e foi abatido com um tiro na cabeça. A segunda, minha sobrinha Mariana, quando hediondamente foi asfixiada. E o terceiro, esta semana, Diogo, filho de minha sobrinha Concy, covardemente morto com um tiro à queima-roupa, quando tentou falar com o motorista de um carro que o trancara. O assassino não deixou nem que ele se aproximasse. De dentro do carro sacou uma arma e o matou com um tiro no pescoço.

O que restou a todos nós: suas mães, seus pais, seus filhos, seus avós, seus irmãos, seus tios, seus primos, parentes, amigos, colegas? Lágrimas, dor intensa, saudade que não passará.

Diogo, jovem rapaz, com um futuro pela frente, cheio de vida, da alegria de viver, mergulha na eternidade, sem o conforto nem duma morte cercado pela ternura de sua mãe e dos seus, para cair no asfalto escaldante, deixando para trás seu maior dom: a vida.

Pela misericórdia divina, minha mãe Kiola o receberá no Céu, o acolherá em seu colo pela eternidade e o levará à presença de Deus.

*Coluna do Sarney/ O Estado

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Quarentena, solidão e medo

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Por José Sarney

Nunca pensei em minha vida que passaria meses em prisão domiciliar, sem culpa nenhuma, mas por absoluta necessidade de autodefesa.

Só que esta circunstância também é inédita no mundo, pois jamais a Humanidade esteve sob a ameaça de um vírus de ação tão “eficiente”. Ele veio montado na globalização dos meios de transporte, capazes de cobrir o mundo em vinte e quatro horas.

A quarentena, na acepção de reclusão e isolamento para evitar contágio, é atualmente a única maneira que temos para evitar a Covid-19. O esforço mundial para descobrir vacinas, remédios e curas tem mobilizado os laboratórios e centros de pesquisa do mundo inteiro e é até agora infrutífero.

O isolamento para evitar o contágio é prática muito antiga, já registrada na lei mosaica (o Levítico é do século VII a.C.) e na lei islâmica (século VII d.C.). A Newsweek reproduziu esta semana instruções do Profeta: “Se ouvir notícia de praga numa terra, não entre nela; mas se a praga começa num lugar onde você está, não saia dele.” Talvez daí venha certa irritação com a OMS: mandou fazer o mesmo.

O nome que usamos para essa prática de saúde pública data do século 14, para combater a peste negra que se julgava — e era — trazida pelas galeras que aportavam em Veneza. A palavra veneta quarentena queria dizer quarenta dias.

Até as primeiras décadas do século passado, era costume depois do parto as mulheres cumprirem um período chamado de quarentena ou resguardo, para atravessar o puerpério, período a que a OMS considera que não se dá suficiente atenção.

Muitas tribos brasileiras são mais machistas e, em vez da mulher cumprir essa quarentena, são os homens que descansam, ficando recolhidos enquanto as mulheres logo começam a trabalhar. Como as mulheres sofreram ao longo da evolução e ainda continuam na luta para evitar a discriminação!

Eu desejava falar mesmo era sobre a nossa quarentena. No princípio a encaramos com certa naturalidade. Com o desenrolar do tempo, diante do avanço da doença — destruindo todas as economias nacionais, dizimando o emprego, espalhando a fome e colocando à mostra a fragilidade dos sistemas de saúde do mundo inteiro, que não estavam preparados —, foi invadindo todos nós uma solidão misturada com medo, e foi crescendo dentro da gente a falta dos amigos, o martelar das notícias cada vez mais trágicas e certa apatia pelos fatos, distantes e próximos, e ela cada vez mais chegando perto de nossa rua, de nossa casa, com a perda dos amigos sem a misericórdia de um sepultamento cristão, e começou a crescer dentro da gente um sentimento para o qual não fomos feitos. Se pensarmos em algo semelhante, lembramos o banzo, que misturava saudade e o sentimento permanente da morte.

Nossa esperança está na fé de que Deus nos criou e mandou Seu filho à Terra para que não nos sentíssemos abandonados e sem algo superior ao nosso lado.

O medo e a solidão doem. Como dizia Drummond de Itabira:  “Apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”

Vamos sair logo de tudo isso e voltarão a alegria e a vida, se Deus quiser!

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Meu destino é sofrer

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Por José Sarney

A cena trágica do assassinato cruel de George Floyd em Minneapolis, nos Estados unidos, mais uma vez põe como fratura exposta a situação racial americana, viva em seus requintes de brutalidade e sordidez. Em nenhum lugar do mundo esse problema de discriminação permanece com as características de tanta violência quanto ali. As raízes remontam à escravidão — como aqui —, que precisou de uma Guerra Civil para ser legalmente banida e teve como um de seus marcos o assassinato do grande presidente Lincoln, que teve a coragem de enfrentar o problema.

Sempre fui muito ligado à causa negra no Brasil. Escrevi bastante sobre o assunto e considero a ausência de resgate da escravidão como a maior mancha de nossa História. Desde a Lei Afonso Arinos, que criminalizou a discriminação racial, até hoje, apenas arranhamos a superfície do problema.

Eu era Presidente do Brasil quando ocorreu o centenário da abolição da escravatura e, em vez de fazer festas na data, resolvi marcar o meu ponto de vista de que só se resolve o problema com a ascensão da raça negra, inserindo-a na sociedade de maneira a que ela possa ser realmente colocada em igualdade com a raça branca. Criei então a Fundação Palmares, que infelizmente desviou-se de seus objetivos. Há quase duzentos anos, José Bonifácio afirmou que a Independência não estava completa porque não enfrentara e resolvera a questão da escravidão e a política de brutalidade seguida durante a Colônia, com a dizimação de tribos indígenas inteiras.

Com essa visão, fui eu quem levantei no Brasil a política de cotas, não somente nas universidades, mas também nos financiamentos e concursos públicos e alcançando as empresas privadas. Apresentei o primeiro projeto de lei estabelecendo cotas, que foram implantadas por iniciativas esparsas e só passaram a vigorar no Brasil quando, com o meu acordo, foram incorporadas parcialmente no Estatuto da Igualdade Racial.

Ao lado de Zumbi — recebi o prêmio que tem seu nome — coloco como símbolo o Negro Cosme, maranhense que fundou o maior quilombo do Brasil e cuja primeira iniciativa foi fundar ali uma escola, enforcado em Itapecuru Mirim.

Fico solidário e, se fosse mais novo, ia engajar-me no movimento mundial de protesto pelo assassinato de George Floyd. Recompensa ver o mundo inteiro levantar-se e unir-se nessa revolta.

Nabuco disse que o assunto “versa sobre as aspirações, os sofrimentos, as esperanças, os direitos, as lágrimas, a morte de milhares e milhares de gentes como nós; que não é mais uma questão abstrata, mas concreta, e concreta no que há de mais sensível e mais sagrado na personalidade humana”. Não há como negar o que aconteceu: uns foram escravos, outros foram senhores. Uns eram negros, outros eram brancos. O trabalho de resgate não aconteceu, nem no Brasil nem nos Estados Unidos. Portanto, a nossa tarefa é fazê-lo.

Os pretos, de todos os discriminados no mundo, são os que mais sofreram. Seu destino tem sido esse. Vamos acabar com isso e colocar os pretos entre os que formam a elite brasileira. É o mínimo que se pode fazer para pagar a impagável dívida do sofrimento da raça negra.

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O perigo é maior

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Por José Sarney

A humanidade foi surpreendida por uma ameaça que, embora profetizada por esporádicas vozes, nunca foi levada a sério. Ao longo de nossa história atravessamos muitas doenças que dizimaram populações inteiras, mas todas elas foram superadas.

A última grande e fundada ameaça foi a descoberta da fissão atômica. Ele deu ao homem o domínio de liberar forças gigantescas, capazes de destruir imensas regiões da Terra. A primeira noção que tivemos da brutalidade desse poder veio quando, estarrecido, o mundo viu as tragédias de Hiroshima e Nagasaki. E não existe nenhuma garantia de que ela não possa fugir do controle do homem e antecipar a catástrofe da destruição da vida na face da Terra com os instrumentos que o próprio homem construiu.

Hoje o arsenal de ogivas nucleares armazenados pelos países que dominam a fissão e a fusão nuclear é de mais de nove mil, somadas as de todas as potências nucleares. Daí o esforço do mundo inteiro no sentido de conter esse avanço através de organismos e tratados internacionais. No fundo a luta pelo poder hegemônico do mundo repousa sobre a força.

Esse esforço e essa corrida armamentista monstruosa— retomada nos últimos tempos por Trump e Putin — de repente foi colocada em segundo plano. A ameaça mais eficaz e rápida apareceu de um micro-organismo que, para ser visto, precisa ser aumentado 1 milhão de vezes num microscópio eletrônico.

A ameaça das doenças desconhecidas mostrou suas garras na pandemia da Covid-19, cuja capacidade destruidora, que atinge todos os setores, econômicos, sociais, políticos e globais, nunca tinha sido sonhada pela humanidade.

Se as potências mundiais tivessem concentrado seus recursos na busca do controle científico da saúde humana, em vez de empenhá-los na sofisticação das armas, talvez não estivéssemos passando esta crise previsível e anunciada, capaz de revirar o mundo de cabeça para baixo, nos deixando sem saber o que vem do futuro: o caos ou um mundo transformado, mais humano e solidário, de olhos voltados para o próprio homem e não para o domínio de povos sobre povos.

O homem esqueceu que ele é vulnerável a si próprio e não deve buscar a força e com ela destruir a obra construída pela mais bem-sucedida espécie de mamífero, em que Deus nos deu a graça da vida, o Homo sapiens,que existe há 350 mil anos, um nada diante da eternidade.

E o Brasil? Em meio a esse transcendental desafio, em vez de inserir-se no esforço mundial para enfrentar o Corona, fica mergulhados em lutas estéreis, em confrontos menores, quando devia concentrar todas as suas forças numa união geral, sem qualquer barreira e defender-se do desastre que ameaça a humanidade.

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Uma escolha sem Sofia

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Por José Sarney

Estamos diante de uma ameaça sempre temida ao futuro da humanidade: as doenças desconhecidas. Ao longo da história dos seres vivos que habitaram o nosso planeta, milhões de espécies já desapareceram. Para citar o episódio mais fascinante, citemos os dinossauros, que em teoria foi provocada por um meteoro gigante que caiu no Golfo do México, transformando a atmosfera, devastando todo o planeta e levando de roldão quase toda a vida, extinguindo muitas espécies, inclusive as mais bem-sucedidas entre elas, as dos gigantessauros. Mas nada nos diz que não tenha sido uma doença dessas.

O gênero “homo” foi o mais bem-sucedido entre os mamíferos, embora seja recente, três milhões de anos, o que é nada no tempo cósmico.

Já venceu várias pandemias, resistindo a todos e, há setenta mil anos, se tornou sapiens sapiens esse a quem Deus escolheu dando-lhe consciência e fala. E ainda lhe deu capacidade de dominar o saber das coisas, defender-se delas e, através da ciência, poder salvar-nos.

Estamos diante de um desafio inédito. O coronavírus não tem remédio, não tem vacina e pegou a humanidade de surpresa. É um vírus que se transmite numa velocidade que nenhum outro, de pessoa a pessoa, quase nada sabemos sobre ele e somente agora todo o saber científico do mundo se mobiliza para cercá-lo e encontrar um meio de enfrentá-lo.

Nenhum país do mundo estava preparado para esse desafio, os hospitais jamais pensaram necessitar dos equipamentos que demanda na quantidade de infectados. Só temos uma maneira de tentar evitá-lo: o confinamento. Esse procedimento gera muitas consequências de natureza social, econômica e pessoal. Não podemos avaliar suas consequências e amplitude.

Pelo lado humano estamos todos submetidos a um stress muito grande. Testemunhamos as tragédias pessoais das vítimas – pais, esposos, filhos, avós – e participamos de sua emoção com nossas lágrimas.

Dentre essas tragédias que todos vivemos a mais heróica é a dos que estão nas linhas de frentes, como médicos, enfermeiros e todos que trabalham para salvar vidas e aliviar o sofrimento dos doentes.

A parte psicológica é a mais atingida. Li hoje a história de renomado anestesista, dr. Alexandre Teruya. Acostumado ao risco da intubação dos pacientes, ele confessa que teve medo quando teve que colocar a sonda na traqueia do primeiro paciente com a Covid-19. Tendo passado aos filhos a necessidade do ritual de descontaminação, a volta para casa não era mais o alívio, mas a exacerbação do risco. A solução foi se mudar para o hospital.

A escolha de Sofia, expressão que retrata a necessidade de escolher uma de alternativas insuportáveis – no romance original, escolher um dos filhos para salvar ou ter os dois mortos pelos nazistas – tornou-se já um desafio real para os profissionais da saúde. Por isso devemos a eles nossa gratidão e nosso apoio.

O terrível dessa virose é que a única coisa que podemos fazer é ficar em casa.

*Coluna do Sarney/O Estado

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Uma cantora do Maranhão Novo

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Por José Sarney

Em casa, na solidão em que me encontro do Covid-19, chega uma notícia que me traz nostalgia. Cem anos do nascimento de Elizeth Cardoso, a grande cantora, a Divina, dos meus tempos de moço. A conheci no Rio de Janeiro, deputado federal, em 1955. Ela cantava numa casa de show, aonde fui levado pelo nosso sempre saudoso e inesquecível Henrique de La Rocque, de quem ela era amiga. Quando terminou o espetáculo La Rocque levou-a para tomarmos um drink.

O Rio de Janeiro, como disse Hemingway de Paris, era uma festa. Respirava alegria e cultura, surgiam grandes revelações da música popular e os suplementos literários dos jornais acolhiam talentos novos e novos movimentos. Pelas mãos bondosas de Odylo Costa, filho, que dirigia o Jornal do Brasil e tinha em sua casa o último dos grandes salões literários do Rio de Janeiro, conheci nessa época Manuel Bandeira, de quem tornei-me amigo, Afonso Arinos, meu padrinho político, Drummond, Guimarães Rosa, Pedro Nava, Eneida, Peregrino Júnior, José Olympio, Raquel de Queiroz, Rubem Fonseca, João Cabral e, por extensão, o Brigadeiro Eduardo Gomes, Odilon Braga e todos os meus ídolos da UDN.

E por artes do destino, ampliei esse ciclo de amizades com o pessoal da música, através de um dos maiores talentos dessa área, compositor, radialista, jornalista e poeta, Miguel Gustavo, um dos maiores talentos que conheci, para fazer um jingle para minha campanha política de 1962. Ele dominava o meio artístico compondo obras que se tornavam logo grande sucesso, marchinhas carnavalescas como a Dança da Boneca, a Fanzocas do Rádio, jingles publicitários, como os Porquinhos da Casa da Banha. Seus jingles eram admiráveis. Foi pioneiro e genial nessa arte. Foi o autor do Jangar, “É Jango é Jango Goulart”, que ficou como responsável da vitória de João Goulart sobre Milton Campos.

Essa amizade me levou a conhecer o meio artístico, inclusive o pessoal do Cinema Novo e da Bossa Nova. Incorporei a essas amizades Luís Carlos Barreto, Glauber Rocha, Paulo César Saraceni e sua mulher, a atriz de cinema e novela Ana Maria Nascimento e Silva, o Nelson Pereira dos Santos, o Cacá Diegues, depois meus colegas na ABL.

Miguel Gustavo tornou-se meu estreito amigo. Fez o Baião do Sarney, Meu voto é minha Lei, o Hino fo Maranhão Novo e deu-me na campanha um disco inovador, com um conjunto de grandes cantores apoiando minha candidatura: Elizeth Cardoso, Elza Soares, àquela época a mais popular cantora do Brasil, Luís Vieira, Altamiro Carrilho, Carequinha, cantor das crianças.

Aí reeencontrei Elizeth, pessoa educadíssima, elegante e que transformou-se em minha amiga.

Agora, durante a pandemia a do Coronavírus, passaram esta semana os trinta anos de sua morte, antecipando o seu centenário, em julho. Lembrei-me desse belo tempo, das minhas amigas e amigos do Rio e do Palácio Tiradentes, e recordo com gratidão Elizeth Cardoso, que participou assim da minha campanha para Governador. Nada pago, tudo amizade e generosidade. Tempos bons.

É uma mistura de saudade e nostalgia. A vida começando e lembranças e sonhos de momentos que ficaram eternos.

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A briga das canetas

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Por José Sarney

O poder e a caneta têm uma relação íntima, às vezes libertina. Mas ultimamente ela tem sido explícita.

A primeira vez que ouvi uma definição precisa sobre essa relação foi, nos longínquos anos de 1968, de Plácido Castelo, ele governador do Ceará, eu do Maranhão. Disse-me, mostrando uma caneta: “Sarney, nós, governadores, com esta bichinha poderosa, podemos fazer a felicidade e a infelicidade, nomear, demitir e ameaçar. Mas ela tem um defeito. Quanto acaba a tinta, não serve para mais nada.” A tinta acabava com a eleição do sucessor.

A caneta e a tinta fizeram estórias da História. Prudente de Moraes foi eleito contra a vontade de Floriano Peixoto. O marechal resolveu não lhe passar a faixa. Prudente tomou posse no Congresso e foi para o Itamaraty, sede do Executivo. Estava inteiramente vazio. O Presidente mandou comprar papel, caneta e tinta para nomear o Ministro da Justiça, Antônio Gonçalves Ferreira, e fazer os atos iniciais. Eu fui mais feliz, porque o Figueiredo apenas não quis me passar a faixa.

O nosso presidente atual, que tem sangue quente, quando demitiu o Ministro Mandetta, advertiu: “Deu algo nos integrantes do governo, mas a sua hora vai chegar.” E chegou na cabeça do Moro. Quando quiseram fazer uma intriga entre o parlamento e o Chefe do Executivo, este avaliou o poder da caneta e disse ao Presidente Maia: “Com a minha caneta eu tenho mais poder que você.”

Mas o Supremo entrou no jogo das canetas e disse que tinha onze canetas em vez de uma — haja canetada.

Certa vez o Senado ouvia o Ministro da Fazenda do Governo Fernando Henrique e o Senador Mercadante foi interpelá-lo. Antes disse ao Ministro: “Tome nota da minha pergunta com sua caneta Mont Blanc.” Malan respondeu: “Senador, vou anotar com a minha caneta Bic.” — e mostrou sua esferográfica popular. Foi uma risada geral.

É que as canetas também têm status. No meu tempo era a Parker, com um tinteiro de borracha embutido, colocada no bolso externo do paletó, para mostrar que se era uma pessoa de poder.

Agora é a popular caneta esferográfica azul, que abalou a internet nestes meses foi na música Caneta Azul, que tornou célebre Manuel Gomes meu conterrâneo de Balsas célebre Manuel Gomes, meu conterrâneo de Balsas.

Assim, temos um tempo de brigas de caneta. Mas a caneta do Brasil foi outorgada pela Constituição para expressar o governo democrático, tão bem definido por Lincoln “como do povo, pelo povo, para o povo”, o poder civil, síntese de todos os poderes, como bem define a doutrina da Escola Superior de Guerra.

A Presidência tem que ser exercida com grandeza, humildade, prudência e inabalável sentimento moral. Bic ou Mont Blanc, Parker ou qualquer outra, a única marca que engrandece, por assegurar direitos humanos, bem-estar social, harmonia e independência entre os poderes é a marca Democrática.

Já tinha escrito esse artigo quando me lembrei do dia 1º de Maio. Quero me dirigir ao nosso trabalhador, e dizer que, para homenageá-lo, em sua data, ontem, fundamos Tribuzzi e eu o jornal O Estado do Maranhão, que completou 61 anos, trazendo nosso idealismo para servir as grandes causas do Maranhão. Ele ajudou a mudar a mentalidade do Estado, criando a pauta do desenvolvimento. Seu editorial de apresentação pedia uma universidade, que não tínhamos, estradas, energia, educação.

Tribuzzi, nestes anos todos, é a inspiração do Jornal, e até as casuarinas do Cemitério morreram, porque ele morreu, e seu saber até hoje faz falta ao Maranhão. Que saudade!

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Hildo Rocha enaltece pioneirismo e legado de Sarney

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A história, o pioneirismo e o legado que o ex-presidente José Sarney proporcionou ao Maranhão e ao Brasil, ao longo da sua trajetória de homem público, foram enaltecidos pelo deputado federal Hildo Rocha, em pronunciamento que o parlamentar fez na tribuna da Câmara dos Deputados, em homenagem aos 90 anos de idade do político maranhense mais ilustre da contemporaneidade, completados na última sexta-feira.

Rocha ressaltou que ainda muito jovem, aos 14 anos de idade, José Sarney se elegeu Presidente do Centro Liceísta. “Ele começou a sua vida política na política estudantil; com vinte e cinco anos de idade foi deputado federal; com 35 anos de idade se elegeu governador do Maranhão”, destacou Hildo Rocha.

Político visionário e pioneiro – O parlamentar disse que José Sarney foi o melhor Governador que o Maranhão já teve. “Durante o seu mandato de governador ele conseguiu realizar a integração da nossa Capital com a Capital do Estado do Piauí, por rodovia. Construiu também várias rodovias e fez a integração das macrorregiões maranhenses com a Capital do Estado, por meio da construção de estradas como Miranda-Santa Luzia-Açailândia, entre outras”, lembrou o deputado.

Pioneirismo – Rocha destacou ainda o pioneirismo de José Sarney. “Foi um progressista, foi ele quem criou a TV Educativa. Portanto, a primeira experiência brasileira no campo de tele-educação surgiu no Maranhão, por iniciativa do então governador José Sarney”, salientou.

Habilidade política – Hildo Rocha ressaltou que aos 40 anos de idade, José Sarney se elegeu Senador da República. “A habilidade de José Sarney é tão grande que ele é o único brasileiro que conseguiu a façanha de ter sido senador da República representando dois Estados da Federação brasileira: o Maranhão e o Amapá, ou seja, foi senador por dois Estados distintos, e não de Estados que eram unidos e posteriormente se separaram. Apenas dois brasileiros, o presidente Sarney e Rui Barbosa, conseguiram obter cinco mandatos de senador, ninguém mais”, disse Hildo Rocha.

Legado relevante – De acordo com Hildo Rocha, José Sarney deixou um legado muito grande para o Brasil e para o Maranhão. “Até hoje a Fundação Palmares vem garantindo os direitos dos afrodescendentes. Quem teve a ideia e criou aquela Fundação, para resguardar os direitos de boa parte dos brasileiros foi José Sarney quando foi presidente da República”, disse o parlamentar.

Ferrovia Norte-Sul – Rocha destacou também a construção da Ferrovia Norte-Sul, outra iniciativa pioneira do ex-presidente Sarney. “Na época, muitas pessoas diziam que ele queria apenas beneficiar o Maranhão. Entretanto, agora se vê que a integração é necessária para o Brasil. Ligar São Paulo ao Maranhão, por meio de ferrovia, é ligar o Porto de Santos ao Porto do Itaqui, via férrea. Que coisa fantástica!

Naquela época, quando José Sarney foi presidente, diziam que era uma maluquice, que era jogar dinheiro fora. A ideia dele foi a de integrar por ferrovia o norte e o nordeste ao centro- oeste, sudeste e o sul. Hoje estamos vendo a necessidade da Norte-Sul, que já é uma realidade, mesmo sem estar completamente concluída, imaginem quando estiver concluída”, afirmou o parlamentar.

Decano da Academia Brasileira de Letras – Segundo Hildo Rocha, a entrada de José Sarney na Academia Maranhense de Letras, foi ainda muito jovem, com menos de 23 anos de idade o que é considerado uma outra proeza marcante do ilustre maranhense.

“José Sarney é membro da Academia Brasileira de Letras desde 1980, sendo atualmente o seu decano. Completará 40 anos de Academia Brasileira de Letras em 27 de julho deste ano. Ele sucedeu a José Américo de Almeida. Sarney continua em atividade, a cabeça está melhor do que a de muitos jovens de 15 anos, uma cabeça abençoada por Deus, acredito. É um homem especial, até hoje trabalha, se dedicando ao povo brasileiro. Aos 90 anos de idade, semanalmente ainda escreve artigos maravilhosos, sobre assuntos diversos, além de diversas outras atividades”, comentou.

Homenagem adiada – Por iniciativa do parlamentar maranhense, a Câmara dos Deputados iria realizar, amanhã, dia 27 de abril, uma sessão solene, em homenagem a José Sarney.

“O Presidente Rodrigo Maia já tinha organizado tudo. Eu, Edilázio e outros deputados já tínhamos combinado de realizar na Câmara dos Deputados um grande evento em homenagem ao presidente José Sarney. Entretanto, por causa da pandemia o evento foi cancelado. Porém, mais na frente realizaremos um evento em homenagem a ele. Sarney é um político diferenciado, honrou todos os cargos públicos que ocupou, trabalhou muito pela nação brasileira, portanto merece toda a nossa consideração e o justo reconhecimento pela dedicação de quase 60 anos de mandato popular”, afirmou Hildo Rocha.

Foto: Divulgação

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José Sarney, meu avô e herói

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Por Adriano Sarney

Nasci em 1980, dos meus 5 aos 10 anos de idade meu avô era Presidente da República. Época em que começo a ter memórias mais vivas de minha infância e da figura de um homem cujo a áurea sempre me acompanhou. Meu avô tem muita influência na minha vida. Primeiro pela sua genialidade e carinho com familiares e amigos, mas também pelo o que ele representa.

Ainda criança me lembro que, mesmo com as responsabilidades e fardos que vinham com as funções que exercia, meu avô sempre foi muito atencioso comigo. Ele é cortês, educado, preocupado e ouve mais do que fala, característica de um sábio. Nunca presenciei alguém chegar em sua casa sem ser atendido prontamente. Ele ajuda ou tenta ajudar todos que o pedem um conselho ou um favor. Trabalha muito, muito mesmo. Quando não está recebendo pessoas, está lendo, escrevendo, estudando. É divertido, conhece centenas de causos, contos e anedotas. Sua memória não falha. É atualizado em tudo: tecnologia, medicina, literatura, política, história, etc. É religioso, tem uma fé inabalável.

Será que todas essas características são as que fazem de José Sarney um gênio? É um gênio um homem que sai do interior do Maranhão e chega à Presidência da República e à Academia Brasileira de Letras. Alguém que se mantém durante décadas na mais complexa atividade humana, a política, e que escreve centenas de livros traduzidos para diversas línguas. Eu já presenciei meu avô sendo homenageado nos Estados Unidos, França, Finlândia e, claro, no Brasil. Afinal, ele assegurou a redemocratização do país e engoliu muito sapo do Congresso, com a paciência que lhe é particular, para aprovar a Constituição de 1988. Criou o seguro desemprego e o vale transporte. Fez a Lei Sarney, a primeira na história do Brasil de incentivo a cultura. Decretou a distribuição de coquetéis anti-HIV gratuitos. Criou o programa do leite que foi eleito pela ONU a melhor ação social do mundo na época. Fala-se da inflação no governo Sarney, mas, talvez por má fé, esquecem do principal, a economia do país cresceu. O produto interno bruto (PIB) teve um crescimento de 22,72% e o PIB per capita de 12,51%. Basta uma comparação com os números dos últimos 5 anos.

No Maranhão, José Sarney seja enquanto governador, mas também presidente e até mesmo no período em que foi senador pelo Amapá trouxe a energia, implementou o maior programa de educação da história de nosso estado, o João de Barro, expandiu a cidade de São Luís construindo a Ponte do São Francisco, articulou a criação do Porto do Itaqui e da ferrovia Norte-Sul, construiu a São Luis-Teresina, dentre muitos outros. Para os que ainda são críticos, lamento informar que o Maranhão sem José Sarney não teria porto nem infraestrutura e consequentemente não seríamos um importante polo agrícola e uma das principais economias do Brasil.

Tenho sorte e orgulho de ter esse homem de cabeça privilegiada e gentil como avô. Essa semana ele fez 90 anos de idade. Desejo a ele saúde e felicidade. Que continue dando exemplos de humildade, doação e amor pela família e por Deus.

Parabéns meu avô e herói!

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