Aos pedetistas do Maranhão,
Amigas e amigos, companheiras e companheiros,
Estivemos substituindo o nosso pai na presidência da Comissão Provisória Estadual do PDT, a convite da maioria de seus antigos membros, entre os dias 6 de junho e 1º de dezembro de 2011.
A direção nacional do PDT exercida, autoritariamente, pelos senhores Carlos Lupi e Manoel Dias, nos aceitou depois de quase 60 dias da indicação (Eles tinham outros planos para o PDT do Maranhão, que vieram a ser confirmados posteriormente!)
Nesse período, ajudamos a reorganizar o partido em 211 municípios, apesar de todas as adversidades internas estaduais e nacionais. Do conhecido Fundo Partidário Nacional, não recebemos 1 real.
As denúncias de corrupção que envolveram o ex-ministro do Trabalho e Emprego e alguns de seus assessores, além da mal fadada viagem realizada ao Maranhão em 2009, culminaram com a demissão daquele no dia 04 de dezembro de 2011, o que fez com que se voltassem contra nós e a nossa postura ao lado da verdade e esclarecimento dos fatos. Não nos surpreendeu, pois conhecemos a trajetória dos mesmos e o que tem feito ao partido durante todos esses anos após a morte de Leonel Brizola.
Após a decisão de nos tirar da presidência do PDT, apesar de todas as iniciativas que confirmavam o apoio da maioria de nossos companheiros para uma solução que respeitasse a nossa história, impuseram os atuais dirigentes para o seu controle cartorial.
Fiz o que pude para reverter a decisão baseando-me no Estatuto. Contudo, nem responderam às nossas reivindicações de discutir e confirmar a decisão tomada a fim de que fosse discutida por todos os membros da Executiva Nacional. Assim, caso confirmada, teríamos a oportunidade de levar o assunto à última reunião do Diretório Nacional – instância máxima do partido. Mas, como já disse antes, o PDT é deles e, não mais, dos trabalhistas, dos nacionalistas, dos democratas, do povo brasileiro.
Sempre fomos a favor do diálogo pela boa política, a qual coloca um partido político a favor dos interesses da maioria da sociedade, não somente na palavra mas, principalmente, na ação, no exemplo. Foi o que procurei fazer no PDT!
Infelizmente, acontece justamente o contrário.
Enfrentamos tudo e todos que se opunham a esta postura. Preferimos romper a lei do silêncio, a lei da esperteza, a lei das comodidades, a lei do convencionalismo e a lei do conforto que, incrivelmente, constituíram-se em condicio sine qua non para o almejado “êxito político”, o que, para mim, não é nada mais que a prática da velhaca política que só nos conduz ao atraso.
Como alternativa de atuação política, uma vez que não há ambiente democrático partidário, criamos com vários companheiros o Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago e, assim, representar um canal de manifestação das nossas posições para todo(a)s o(a)s companheiro(a)s e a sociedade.
Igualmente, optamos por estimular a formalização do Comitê de Resistência Nacional Leonel Brizola, para que tivesse uma atuação nacional e, assim, encorajasse as lideranças mais expressivas, deputados e senadores. De forma voluntária, amadora, artesanal, tudo foi feito com o altruísmo de muitos companheiros e companheiras Brasil afora aos quais rendo as minhas sinceras homenagens. Tínhamos como objetivo apresentar uma chapa nacional e provocar o debate na Convenção Nacional, já que o V Congresso e sua fase deliberativa não foi realizado (como anunciado oficialmente pelos próprios dirigentes nacionais) no primeiro semestre de 2012.
Infelizmente o nosso partido já não é mais o mesmo. Seus melhores nomes concordam com as nossas posições (democratização partidária, eleições diretas, gestão transparente, etc.) mas, jamais tiveram a coragem e disposição políticas necessárias para enfrentar o establishment partidário que, quando muito, faz homenagens estéreis aos que dedicaram suas vidas a um país melhor e tinham, no PDT, um instrumento de luta em defesa do povo maranhense e brasileiro. Assim, acreditam ludibriar a boa índole e confiança de nossos militantes e de nosso povo.
Na última terça-feira, dia 7, o Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago se reuniu e, após a exposição do ponto de vista de cada um, decidiu, por ampla maioria, pela desfiliação partidária. Creio ser a maior homenagem que possamos prestar aos nossos fundadores que já se foram! (Lembram quando o Brizola disse que fecharia o partido caso este deixasse de ser um instrumento do povo trabalhador brasileiro?)
Creio ser a decisão mais coerente a ser tomada depois de tudo o que aconteceu e temos feito até aqui. Aos que possam pensar o contrário, meus respeitos. Vejo que as motivações são, para uns, de ordem sentimental (as quais respeito); para outros, de cunho político-eleitoral.
Mas, o importante é que reconheçamos todos que, após o desfecho da Convenção Nacional do PDT que, pela forma em que aconteceu, com regras arbitrárias e impeditivas para que se formasse outra chapa, onde não houve sequer debate, não foi nada mais que um casuístico e falso episódio partidário, uma pseudo-convenção, depois da qual não se vislumbra nenhuma luz no fim do túnel para que ilumine a democratização do partido – causa maior de nossa luta partidária.
A iconoclastia foi concretizada. Para mim, o PDT acabou e, com estas direções nacional e local que tem, sem limites de todo tipo e de mandato, não é nada mais que uma sigla a negociar, para proveito próprio de seus dirigentes, a já maculada imagem do trabalhismo.
Esteja onde estiver, filiado ou não a outra sigla partidária, carregarei sempre as convicções democráticas e trabalhistas para que guiem os nossos passos.
Acredito, profundamente, ser a mais digna homenagem que possa prestar ao meu pai.
Abraço afetuoso, fraterno e amigo,
Igor Lago.
Imperatriz, 09/05/2013