Na próxima quarta-feira, a administração do prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PTC), completa um ano. Para analisar esses 12 meses de gestão, O Estado ouviu membros e ex-membros da gestão municipal, além de vereadores oposicionistas e governistas. O painel revela que o governo municipal acumulou mais problemas do que acertos, principalmente nas áreas de saúde, trânsito e transporte e educação.
Inconstância na formação da equipe de governo; falta de diálogo com o governo estadual para instituir parcerias institucionais; corrupção; ineficiência de ações em áreas essenciais como saúde e educação; lentidão na tomada de decisões e promessas de campanha não cumpridas foram os principais problemas apontados pelos entrevistados.
O Estado ouviu o vice-prefeito Roberto Rocha (PSB), o secretário municipal de Governo, Rodrigo Marques, o ex-diretor do Hospital Djalma Marques Yglésio Moyses, além dos vereadores Fábio Câmara (PMDB), líder da oposição na Câmara, e Honorato Fernandes (PT), líder do governo Edivaldo Júnior.
Fábio Câmara relembrou que no primeiro ano de administração o prefeito Edivaldo Júnior trocou nove vezes de secretários, cujos motivos principais estão relacionados a atos de corrupção, como dispensas de licitação na Educação para serviço de coleta seletiva com valores superiores a R$ 16 milhões ou realização de obras sem passar pelo processo legal que somaram R$ 22 milhões.
“O slogan de campanha do prefeito Edivaldo Júnior foi ‘uma nova forma de fazer política’ e não foi o que vimos nesse primeiro ano de governo dele, marcado por corrupção”, afirmou Câmara.
O vice-prefeito Roberto Rocha apontou a falta de rapidez nas tomadas de decisões como o problema principal da administração de Edivaldo Júnior. Rocha faz análise relacionada principalmente às denúncias de corrupção e a necessidade de trocar seus auxiliares para que essas denúncias sejam verificadas. “Um erro cometido foi a lentidão na tomada de decisões”, disse.
Diálogo – O líder da gestão de Edivaldo na Câmara, Honorato Fernandes assinalou a falta de diálogo com a administração estadual como erro maior do primeiro ano da gestão petecista. Segundo ele, o diálogo estabelecido com movimentos sociais e sindicais deveria ter ocorrido também para a construção de parcerias institucionais, assim como outros prefeitos de partidos de oposição ao governo do estado já fizeram, como, por exemplo, Ribamar Alves (PSB), de Santa Inês, e Léo Costa (PDT), de Barreirinhas.
“Uma administração pautada no diálogo com a sociedade deveria, sim, ampliar isso e sentar à mesa com o governo estadual para estabelecimentos de parcerias institucionais”, declarou.
O secretário Rodrigo Marques justificou os erros dos primeiros 12 meses de gestão de Edivaldo Júnior com o fato de não haver infalibilidade, “nem de governo, nem de pessoas”. Mas, segundo ele, tais erros foram detectados e corrigidos.
Fábio Câmara contesta do titular da Secretaria de Governo e diz que muitos problemas ficaram sem solução, mesmo sendo detectados. Um exemplo usado pelo peemedebista foi o não cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público Estadual, que prevê, entre vários pontos, a realização de licitação para concessão pública das linhas de ônibus.
O ex-diretor do Hospital Socorrão I Yglésio Moyses também avaliou negativamente o primeiro ano de governo de Edivaldo Júnior. Apesar de apontar melhoras, o médico disse que faltou para o prefeito colocar em prática seu discurso de mudança pregado na campanha.
Segundo ele, a forma de administrar do prefeito de São Luís é parecida com outras com relações familiares e de amizade, pesando mais que o perfil técnico que os gestores deveriam ter.
Líder considera boa a relação com a Câmara
O líder de Edivaldo Júnior na Câmara, Honorato Fernandes, acredita que no primeiro ano da administração municipal a relação com a Câmara de Vereadores teve saldo positivo com a aprovação de todos os projetos de lei encaminhados pelo Executivo.
Segundo ele, não houve trocas como pagamento de emendas e distribuição de cargos para a aprovação das matérias da Prefeitura.
No entanto, a relação do prefeito de São Luís com os vereadores não é uma lua de mel como diz o petista. As aprovações de proposições da Prefeitura nunca ocorreram de forma tranqüila. O exemplo foi o Orçamento de 2014 com contestações da vereadora Rose Sales (PCdoB), da base da administração municipal.
Outros projetos como a mudança de zoneamento de comunidades da Zona Rural para construção de unidades residenciais precisaram ser retiradas de pauta para que Honorato Fernandes convencesse os vereadores a aprovar a proposição.
Outros exemplos do relacionamento frágil do prefeito com os parlamentares de São Luís foi a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou irregularidades no Programa “Bom Peixe” da administração do tucano Castelo e que foi coordenado por pedetistas agora aliados de Edivaldo Júnior. A CPI do Bom Peixe deixou a base do governo municipal estremecida.
A CPI do Transporte quase foi instalada com a assinatura de vereadores aliados do prefeito como Edmilson Jansen, que pertence ao mesmo partido de Edivaldo Júnior. Em uma jogada de adiamento de sessões, o líder governista conseguiu contornar o problema com a retirada da assinatura de quatro vereadores entre eles Rose Sales.
O Estado