O choro de quem foi vítima do crime de racismo
Blumenau-SC, sábado, 27 de outubro de 2018. Um dia triste para Gilvana Mendes Nogueira e para o esporte como um todo. Em uma partida pelas oitavas de final da Liga Nacional de Handebol Feminino a atleta maranhense foi vítima de racismo durante e depois do jogo por um torcedor que estava nas arquibancadas do Complexo Sesi, na capital catarinense.
O GloboEsporte.com procurou a maranhense de 20 anos nascida em São Luís e que hoje reside em São Bernado, em São Paulo, onde defende o Unip/São Bernardo. Ele contou como tudo aconteceu e chegou a dizer quais foram os gritos que homem ecoou nas arquibancadas.
“O jogo estava muito difícil desde o começo. Estava muito pegado e tinha esse torcedor que toda hora ia no nosso banco ficar falando coisas horríveis. Teve uma hora que virei para ele perguntei quem ele pensava que era. Foi quando ele um monte de coisa. Disse que meu lugar não era ali. Disse que tinha que voltar para senzala. Chamou de vaca preta e outras coisas lá”, contou.
Gilvana disse que chegou a chorar por conta dos xingamentos. Durante o segundo tempo – quando começou o ato de racismo – e também depois da partida.
“Eu fiquei muito triste. Eu chorei durante e depois do jogo. Foi muito ruim. Mas falo para as pessoas que um dia sofrerem isso que não liguem. Bola para frente”, disse.
Por fim, Gilvana disse o que deseja para o agressor que soltou palavras que a fez chorar. A atleta para maranhense resumiu o seu recado em apenas uma frase.
“Desejo apenas que ele seja uma pessoa melhor”, finalizou.
A atleta protocolou o boletim de ocorrência do caso na última quinta-feira (1) .Segundo ela as informações iniciais dão conta que o homem que seria o suspeito do crime seria namorado de uma das meninas da equipe do Blumenau-SC. O duelo terminou com vitória do time catarinense por 23 a 22.
Em nota, a CBHb comunicou está investigando o caso.“A Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) vem por meio desta afirmar que já está apurando os fatos a respeito das ofensas racistas por parte de torcedores contra jogadoras do time visitante, no jogo entre as equipes de Blumenau x Unip/São Bernardo. A partida que ocorreu no último dia 27 de outubro em Santa Catarina foi pelas oitavas de final da Liga Nacional de Handebol Feminina. A CBHb reitera que repudia todo e qualquer ato de racismo e que levará ao conhecimento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para as devidas providências cabíveis dentro do que rege as leis esportivas”.
Repúdio
A direção do Barbosa de Godóis que revelou a jogadora no Maranhão repudiou o ato racista.
“O Barbosa de Godóis Handebol (BGH) vem a público repudiar qualquer atitude de intolerância contra qualquer ser humano. Nosso trabalho vai além das quadras, estamos sempre refletindo com nossos alunos/atletas princípios e valores, por isso exigimos punição aos envolvidos nesse episódio, pois tanto a Liga Nacional de Handebol do Brasil tomou as providências assim como a própria Gilvana já registrou Boletim de Ocorrência do fato. Não podemos assistir passivamente a este tipo de atitude, o que só nos deixa indignados”.