Por Joaquim Haickel
Ontem, 13, foi meu aniversário, mas o presente mais desejado só receberei no próximo dia 30, quando a Sinfra entregará à Sedel e esta repassará aos desportistas maranhenses o novo Ginásio Costa Rodrigues.
Depois de quase oito anos em reconstrução, o local aonde eu e minha geração, e muitas outras gerações depois da nossa, vimos brotar e frutificar nossa juventude atlética, nossos sonhos metafóricos de batalhas, nossas disputas campais, que como não poderiam ser travadas com espadas, mosquetes ou fuzis, foram travadas em partidas acaloradas de basquete, handebol, futsal e vôlei, durante jogos que se não eram olimpíadas, para nós era como se fosse.
Nesses quatro anos, dirigindo o esporte maranhense, o fiz com um maior objetivo, trazer de volta à vida útil o local onde descobri a alegria da vitória e senti o gosto amargo da derrota. O lugar que formou para a vida cidadã muitos homens e mulheres que hoje dirigem os destinos de nosso Estado ou são apenas pais de família.
Durante todo esse tempo procurei ficar o mais longe possível das inúmeras polêmicas em torno do que teria acontecido com o Costa Rodrigues. A única coisa que eu queria era reconstruí-lo.
Não era apenas eu quem queria isso. Muita gente queria a mesma coisa, tanto que em 2009 alguns deputados federais destinaram parte de suas emendas para a conclusão da obra do GCR. Imagino que tendo por base o valor utilizado até então, destinaram uma quantia que imaginavam ser suficiente para conclusão dos trabalhos de reconstrução.
Dificuldades burocráticas advindas de ações movidas pelo Ministério Público, com base em levantamentos da Controladoria Geral do Estado, somadas a uma enorme indecisão por parte dos órgãos de governo, faziam com que nada acontecesse. Além disso, o fato do recurso existente ser de dotação federal, constatada que ela seria insuficiente para a conclusão da obra, a governadora Roseana Sarney decidiu quebrar o imobilismo da máquina governamental e ordenou que a obra de reconstrução fosse começada com recursos do Estado.
Assim foi feito e o trabalho começou, lento, de modo tímido, mas logo pegando fôlego e a obra foi tomando corpo.
Durante a primeira fase dos serviços muitos probleminhas apareceram. Parecia-nos que alguns deuses do Olimpo estavam contra nós. Dois ônibus resolveram quebrar suas barras de direção e colidiram com o ginásio. Um atingiu-o de lado e o outro a parte de trás, destruindo parte da construção. Uma chuva torrencial derrubou todo o muro do Liceu que se limita com o GCR, inundando totalmente o piso da quadra que estava sendo cimentado naqueles dias. Aqueda do muro paralisou a obra por bastante tempo. Descobriu-se que os projetos arquitetônico e estrutural estavam em desacordo em dois locais de acesso e com alguma dificuldade eles foram corrigidos. Tivemos que criar um espaço para portadores de necessidades especiais, que havia sido esquecido no projeto original, além de fazer algumas modificações na distribuição de áreas, tais como locais para banheiros para expectadores e depósitos.
Mas depois de toda essa luta e com a ajuda decisiva da Sinfra, que administrou a segunda etapa da obra e devo reconhecer com muito mais capacidade e competência que a Sedel fez em relação a primeira, temos de volta o gigante do Parque Urbano Santos quase pronto para ser entregue à administração conjunta das federações de basquete e de vôlei, que deverão se revezar em seu uso, tanto para treinamentos quanto para competições.
Nele, essas federações deverão desenvolver suas atividades, fazendo com que ressurja a chama atlética dessas modalidades através de escolinhas, como acontecia nos tempos em que éramos crianças.
O novo ginásio tem no piso térreo: estacionamento para oito veículos; uma bilheteria e uma sala de segurança; duas salas para a administração do ginásio; dois banheiros; um espaço denominado “Memorial Costa Rodrigues” onde deverão ser guardados os troféus e as medalhas conquistadas pelos atletas maranhenses; uma cantina; uma excelente quadra poliesportiva, de última geração; quatro vestiários para atletas e árbitros; dois alojamentos com capacidade para treze beliches em cada e banheiros exclusivos; três depósitos para equipamentos e materiais esportivos e de treinamento; dois banheiros para expectadores. No primeiro piso: um hall de honra; uma cabine de rádio; uma cabine de televisão; uma tribuna de honra com copa e banheiro; dez salas onde deverão ficar sediadas algumas federações esportivas; uma copa e dois banheiros para atender as salas das federações. No segundo piso: duas salas de despachos para o secretário de esporte; dois banheiros para servir esse piso; um auditório com 80 lugares para cursos e palestras; e dois halls de acesso a esse piso, em um devem ficar as fotografias dos secretários de esporte, no outro, fotografias de eventos esportivos, atletas e personalidades do setor.
Em minha opinião só há duas coisas a se lastimar quanto a essa obra: os fatos que fizeram com que ela tivesse demorado tanto a ficar pronta e o seu novo desenho, que fez com que o Costa Rodrigues passasse a ser um ginásio do tipo arena, onde os espectadores ficam dois metros acima do nível do piso de jogo, o que aumentou o tamanho da quadra, mas diminuiu drasticamente a quantidade de público que a partir de agora poderá assistir a jogos no GCR, mais um motivo para destinarmos esse ginásio quase exclusivamente para treinamentos ou para pequenos eventos.
Neste momento, quase no final de minha prosa de hoje, devo fazer justiça e dedicar algumas palavras à pessoa sem a qual esse sonho não teria se concretizado. Mesmo discordando dela em pontos cruciais quanto à forma de encarar a política, devo dizer que sem a decisiva vontade da governadora Roseana Sarney, assim como ela já havia feito em relação ao Estádio Castelão, o Costa Rodrigues não teria sido reconstruído. Obrigado Roseana, os desportistas maranhenses te agradecem!
Você que me lê agora e não me conhece, não pode imaginar o tamanho de minha felicidade em poder devolver a nossa cidade, ao nosso estado e aos nossos atletas de ontem, de hoje e de amanhã, esse templo do esporte maranhense. Você que me conhece, sabe o que eu estou sentindo e imagino que você também esteja sentindo coisa bem parecida.
Ave Costa, os que vão jogar te saúdam!