Falta apoio aos atletas no Brasil
A declaração do marchador brasileiro Caio Bonfim merece a reflexão de todos. Tenho visto muita gente criticar os resultados do Brasil na Olimpíada, mas são poucos aqueles que se preocupam em saber como é o dia-a-dia de um atleta neste país.
Vejam só o desabafo de Caio que foi o quarto colocado na Marcha Atlética e que por alguns segundos não levou um bronze.
“Não teve nem um dia que saí na rua e não fui xingado por fazer marcha atlética. Falam: “Vira homem”, “para de rebolar”, “viado”, “vai para casa trabalhar, vagabundo”. Todos os dias! São nove anos de marcha. Mas também não teve um dia que não fui apoiado em casa. Foi “paitrocínio” mesmo. Dinheiro, investimento, choro… Não tem como não se emocionar. Eles que me trouxeram aqui. Não foi meu país, meus patrocinadores. Não devo para ninguém. Na minha casa, eu devo”, disse.
Assim como Caio Bonfim, as atletas Joana Maranhão (natação) e até a campeã olímpica Rafaela Silva (judô) já foram alvo de comentários intolerantes. Infelizmente nossos atletas tem sido alvo de xingamentos e críticas injustas nas ruas e redes sociais.
Hoje, se a goleira Bárbara não tivesse defendido dois pênaltis, a nossa Marta seria massacrada por ter perdido um pênalti.
Além do massacre e assédio que sofrem, a verdade é que em nosso país não existe política para o esporte. Os resultados alcançados são fruto do puro talento e da vontade de vencer dos nossos atletas, infelizmente sem reconhecimento algum.
Exceto no futebol, onde os jogadores ganham milhões em salários, nas demais modalidades os atletas enfrentam dificuldade de todos os tipos para treinar e até competir. A grande maioria tem apenas “paitrocínio”.
Temos que nos sentir orgulhosos dos nossos atletas que mesmo sem as mínimas condições ainda conseguem brilhar e que a Olimpíada possa servir também para que possamos discutirmos a políticade esporte em nosso país.
Foto: Ryan Pierse/Getty Images