Um projeto para integrar a Baixada ao desenvolvimento
Por Luiz Figueiredo
Fui prefeito de São João Batista bem jovem e com grande disposição para o trabalho. Era o auge do Porto da Raposa, localizado no meu município, que servia para o escoamento da produção de boa parte dos municípios da região.
As gabarras transportavam o gado. As lanchas a população, produtos agrícolas de produção familiar e mais caprinos, suínos, ovinos, sendo o retorno dessas embarcações, responsável pelo abastecimento sortido do comércio local por um leque variadíssimo de mercadorias.
O isolamento da região por via rodoviária, parecia parcialmente compensado, pelo movimento intenso da Raposa, cuja a distância para a rampa Campos Melo em São Luís, representava um tempo de 4 horas apenas.
Esse canal foi também fundamental para a ocupação de regiões como a Itaqui-Bacanga, São Francisco, com capilaridade, por dezenas e dezenas de bairros da nossa bela ilha.
Foi uma grande contribuição para a mão de obra em diversos segmentos. Não é a toa que São João Batista, ao longo de décadas, desponta como a maior colônia interiorana, estabelecida na capital.
Dito isso, rebusco a minha gestão como Prefeito, na luta para acabar com o arrefecimento do movimento da Raposa, no período invernoso, com a substituição do transporte automotivo por pequenas canoas conduzidas pelos braços humanos, o que se tornava inócuo diante da demanda.
Parti para uma arrojada empreitada, construir um aterro para solucionar definitivamente o problema aventado acima.
Sem nenhum maquinário, pela impossibilidade do seu transporte, contratei mais de 200 homens para escavação manual, utilizando enxadas e cofos para o manuseio dos chamados torrões que se formavam no verão.
Consumando a conclusão do aterro de 8 quilômetros, muitíssimo útil em certo período e consolidado até hoje, graças ao esforço e amor do nosso povo.
Simultaneamente abri a estrada vicinal de 16 Km entre Campina e Santana, interligando os povoados: Olinda dos Aranha, Cruzeiro, Alegre, Maravilha, Vertente, Romana e Jabutituba, entre outros, obedecendo as mesmas características do aterro, fomentando empregos e bem estar social.
Desde a minha juventude, como podem observar, pensei no desenvolvimento da Baixada.
Há alguns anos, apresentei ao Governo do Estado, projeto capaz de integrar a Baixada ao polo desenvolvimentista de São Luis, na região de Bacabeira, após travessia aceitável, de aproximadamente 18 Km, dependendo da escolha do ponto de embarque – processada através ferry boats de pequena escala.
Com 12 Km de percurso em pequena rodovia a ser construída, seria alcançado o município de São João Batista, abrindo as portas da Baixada para uma nova era.
Resumo da ópera: redução de quase 200 Km com relação ao trajeto pela MA-O14.
A exemplo de grandes estados como São Paulo, o Maranhão também ofereceria opções de integração para uma mesma região, à partir exatamente da área, entre o Porto do Itaqui e o município de Bacabeira, onde todas as perspectivas indicam a redenção do nosso estado. Esse projeto parece utópico mas não é. É real, palpável e que só depende da iniciativa dos governantes.
O Governo do Maranhão precisa pensar em projetos que alavanquem o desenvolvimento do estado.
Temos o porto com o terceiro calado do mundo, com privilegiada localização geográfica, como escoadouro da riqueza alheia, debalde a nossa ilha, já que não produzimos nada para exportação, exceto a soja, produzida no polo de Balsas.
Tudo em seu entorno – ferrovia, rodovias, refinaria, siderúrgica, zona comercial e industrial para exportação e importação, poderia representar a ascensão do Maranhão para o patamar de estados com grande potencial econômico.
Quem planeja, quem prepara o nosso estado para esse estágio? Claro o governo, desde que, com técnicos competentes e políticos engajados, sob uma liderança visionária.
Não tenho nada contra a construção de terminais de embarque na área da Península da Ponta da Areia, porém não beneficia, como propalado, a Baixada, propriamente dita, que, compreende essa imensidão que vai de Santa Helena a Cajari. Esses terminais irão beneficiar, sim, Alcântara com o revigoramento de sua Base Espacial e o litoral norte.
O nosso projeto, todavia, irá produzir economia de tempo, combustível, passagens e fretes, restabelecendo o grande intercâmbio entre municípios como: Cajapió, Olinda, São Bento, Matinha, Bacurituba, São Vicente Ferrer, São João Batista, formando literalmente uma ponte com outros municípios da região, gerando produção nos mais diversos níveis e muitos empregos.
A Baixada, se bem tratada, pelo Governo do Estado, pela sua característica pantanosa, ficaria a exemplo do nosso Centro-Oeste e de parte de Guaiaquil no Equador, entre as regiões mais produtivas e belas da América do Sul, fomentando riqueza e turismo.
Um projeto com viabilidade ambiental, já aprovado no SEMA e incluído no plano rodoviário do estado.
Por que o Governo não autorizar este projeto de custos modestos, viável, com grande alcance social, sem polêmica e que verdadeiramente vai beneficiar a nossa Baixada?
Com a palavra os Governantes e os políticos…
*Luiz Figueiredo é ex-Prefeito de São João Batista