O assunto em pauta aqui é a proposta de audiência pública para se discutir o futebol.
A bola foi levantada na Assembleia Legislativa pelo deputado Jota Pinto (PR).
Ao defender a realização de audiência pública, ontem na Assembleia Legislativa para discutir o futebol, o deputado argumentou: “Não tencionamos apontar falhas de quem quer que seja ou olhar para trás. Nosso propósito é tirar o futebol maranhense do fundo do poço. Precisamos apenas rever esse novo conceito de administrar o futebol maranhense. Com a soma de esforços, reviveremos grandes momentos com o Sampaio campeão brasileiro e com o Moto campeão do norte”, afirmou.
Antecipando a discussão que ainda vai ocorrer, o BLOG tentou insistentemente ouvir o deputado pela manhã. Por volta do meio-dia, consegui falar com o deputado que explicou:
– A ideia é envolver o governo do Estado. Se não houver uma mobilização forte da bancada governista esse Viva Nota não sai. Aqui no Maranhão existem tantas empresas e ninguém sequer vai procurá-las. Eu acho que a iniciativa privada também precisa participar desse processo. Alguém pode reclamar alguma coisa de mim, mas não pode me chamar de omisso nesta questão.
Buscamos a opinião do presidente da Federação, do secretário de Esporte, de dirigentes de clubes e cronistas esportivos que atuam em várias mídias a bastante tempo.
A opinião geral é que a audiência pública é válida, mas é necessário que as ideias discutidas sejam colocadas em prática, o que nunca ocorreu após as discussões que já foram realizadas.
O presidente do Sampaio e da Associação Maranhense de Clubes – AMA Clubes, Sérgio Frota destacou a iniciativa do deputado, porém acha que o futebol precisa muito mais do que conversa.
– Nós estamos precisando é de ação e não de conversa. Nós tivemos uma audiência na Câmara Municipal este ano, lá houve a promessa dos vereadores que repassariam das suas emendas algo em torno de R$ 1 milhão e 400 mil e até hoje nunca saiu nada. Eu tenho dito a você que o futebol precisa é de força política. A iniciativa do deputado Jota Pinto é boa. Eu falei com ele há um mês e senti certa preocupação, mas não é disso que o futebol precisa neste momento – destacou.
O vice-presidente da AMA Clubes, Carlos Moreira tem opinião diferente.
– Eu acho importante os fóruns com pessoas que tem influência política porque você sabe que tudo passa pela política – disse.
O presidente da Federação Maranhense de Futebol, Alberto Ferreira adiantou ao BLOG que, se convidado não comparecerá à audiência pública.
– Eu não vou. Eu tenho uma consideração muito grande ao Jota Pinto porque ná época dele eu ajudei muito o Moto, mas eu não vou porque tudo que eles falam do futebol não vai adiante. Nunca foi feito nada do que é discutido. Só ficam as palavras lá e nunca ninguém faz nada. Eu já fui em vários e nunca deu nem absolutamente nada, somente agressões para quem tem e não tem culpa de nada. Eu repito que não vou, mas se algum diretor da Federação quiser ir eu não vou proibir porque não posso fazer isso – adiantou.
O presidente do Moto, Gildo Moraes disse que é preciso uma prática diferente.
– Eu conversei com o Jota Pinto e vejo que a gente precisa se unir. Um dos grandes problemas do futebol é a desunião, cada um puxando para si e ninguém olha para o futebol como um todo. É importante que tenha a audiência pública, mas que se saia de lá com as proposições, com as medidas concretas que serão tomadas. Conversa já tiveram muitas. Tem que fazer a coisa bem prática – explicou.
O secretário de Esporte e Lazer, Joaquim Haickel defendeu a necessidade de se convidar para debates como o que está sendo proposto pelo deputado Jota Pinto, pessoas que possam se comprometer com o esporte, especialmente o futebol.
– Eu acho que o debate é sempre muito importante. Agora é preciso fazer um planejamento do que pode ser feito ou não. E se deve discutir com pessoas que tem disposição de fazer alguma coisa pelo futebol. Não adianta fazer de outra maneira. É preciso levar pessoas que se comprometam com o esporte. Se o Cláudio Trinchão, secretário de Fazenda for e se comprometer em implantar o Viva Nota será ótimo. Se o Max Barros, da Infraestrutura for e disser algo sobre o Castelão, será bastante positivo. É preciso esse comprometimento – explicou Joaquim Haickel.
Para Roberto Fernandes, diretor de esporte e comentarista da Rádio Mirante AM a questão é que após as discussões sobre o futebol, as coisas não são colocadas em prática.
– Eu acho que a audiência pública pode ser um caminho. Já teve uma na Câmara Municipal e é importante que tenha uma participação significativa, do contrário não adianta nada. O problema daqui é que se discute e não se efetiva absolutamente nada. Também não adianta ir prá lá para se discutir coisas pessoais. Sempre nessas discussões as questões pessoais são colocadas na mesa – lembrou.
O comentarista Herbert Fontenele, da Rádio Mirante AM defendeu a mesma tese do presidente do Sampaio.
– Eu acho que isso [audiência pública] não vale nada. Ele [Jota Pinto] deveria cuidar era do Moto que está precisando dele. Isso só foi pensado porque um deputado falou da conquista do Vasco e eles lembraram que a Assembleia é do Maranhão e não do Rio de Janeiro. Eles [deputados] não tem interesse nenhum pelo futebol – afirmou.
O narrador Juraci Filho, da Rádio Timbira também entende que o momento é de ação.
– Eu entendo que já se discutiu muito. O que se discutiu até hoje não teve efeito algum. Temos que parar de discutir e partir para a prática. Os problemas do futebol todo mundo já sabe quais são – explicou.
O comentarista Edivan Fonseca que também é editor de esportes do jornal O Estado do Maranhão defendeu a união da “bancada da bola” na Assembleia para agir em favor do futebol.
– O futebol precisa de toda ajuda, mas se for para ficar somente nesse blá, blá, blá não adianta. Esse negócio de audiência pública é só para gastar cafezinho. Se essa “bancada da bola” quer ajudar o futebol precisa é se unir e procurar a governadora para que ela ajude os clubes – opinou.
O jornalista Neres Pinto, editor de esportes de O Imparcial se disse cansado de participar de discussões sobre o futebol.
– Eu estou cansado de participar de encontros para discutir o melhor para o futebol do Maranhão e não vejo nenhuma providência de concreto sendo tomada. A solução para o futebol do Maranhão, na minha opinião passa por um conjunto de profundas mudanças que tem que ser iniciadas pela maneira de gerenciar o futebol na Federação. Sem credibilidade não vamos chegar a lugar nenhum – disse.
O ex-presidente do Moto e apresentador da TV Difusora, José Raimundo Rodrigues avaliou a ideia como positiva.
– Eu acho que é uma boa, embora já se tenha discutido outras vezes e não chegamos a lugar nenhum. Eu tenho dito que a solução do futebol é a comunicação e o marketing. Espero que se discuta sobre isto – explicou.
O radialista Gil Porto, coordenador de esportes da Mais FM, a mais nova emissora a cobrir o futebol no Maranhão acha a ideia da audiência pública interessante, mas também defende os resultados práticos e imediatos.
– É uma boa, mas ela precisa funcionar. Era bom que eles colocassem em prática. Torcedor e imprensa estão todos cansados da mesma conversa de sempre – afirmou.
Na Região Tocantina, o comentarista Carloto Júnior defendeu a realização da audiência pública, mas adiantou que se não houver mudança na Federação o resultado será o que já conhecemos.
– Eu acho que precisa sim ser feita, mas não pode acontecer o que aconteceu com a audiência da Câmara. A gente já sabe que para mudar precisa mudar a Federação, sem isso todo esforço será em vão. E os dirigentes de clubes precisam iniciar este processo.
Em seu BLOG, o radialista Jorge Aragão também abordou a discussão sobre a audiência pública proposta pelo deputado.
– A audiência pública não terá nenhum efeito prático, se as autoridades, dirigentes e imprensa, não entenderem que muitas pessoas precisam e vivem do futebol maranhense.