“O fim de uma decadência, se aproxima…”
Por Juraci Filho
Cronista esportivo
Todo mundo sabe que o futebol carioca que já foi considerado o mais charmoso do país é apreciado e consumido pelo público maranhense, isso em virtude da influência épica das grandes rádios do Rio de Janeiro, como: Tupi, Globo, Nacional e Manchete, que de forma contínua tem uma penetração muito forte na região nordestina, por conseguinte, o nosso Estado sempre foi território desses clubes: Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, exatamente nessa ordem, pelo carinho de nossas torcidas. Essa paixão o tempo todo foi latente, pois um dos mais tradicionais clubes do Maranhão, o Moto Club de São Luís, em seus primórdios, comandado pela saudosa família Aboud, rubro-negra de “carteirinha”, abandonou o verde e branco que deram origem ao Papão do Norte, para usar o manto vermelho e preto em alusão ao Mais Querido do Brasil, o Flamengo é claro.
Mas o que tem a ver o futebol carioca com o maranhense? Diria que durante muitos anos, décadas até, a magia e a arte reluzentes dos gramados, encontradas tanto no futebol do Rio de Janeiro quanto no maranhense, foram ofuscadas por administrações nefastas, obsoletas e desprovidas de qualquer prática desenvolvimentista e progressista. O que acontecia lá (Rio de Janeiro) era xerocado aqui (Maranhão), resultado: “falência múltipla dos organismos do futebol”.
Quem não se lembra do quase interminável, Eduardo Viana, presidente da Federação Carioca de Futebol, vulgo “Caixa D’Água” que por mais de 20 (vinte) anos assolou o futebol do Rio, considerado “vitrine” pelo colosso do Maracanã, por disseminar a arte plástica proporcionada por “imortais da bola”, como: Zizinho, Garrincha, Dida, Didi, Zico, Roberto Dinamite, entre outros. Sem esquecer a exuberância de uma cidade maravilhosa, privilegiada pela generosidade de Deus.
Com todos esses predicados, o futebol carioca viveu momentos de crise, não só técnica, mas também financeira; só para se ter uma idéia foi durante a administração do Sr. Eduardo Viana que o Botafogo passou 21 (vinte e um) anos sem ganhar títulos, pois não adiantava fazer grandes times, porque como a direção do alvi-negro era contra a Ferj (Federação Estadual de Futebol do Rio de Janeiro) tomavam jogos com arbitragens facciosas; o Fluminense, hoje, campeão brasileiro, quem não se lembra? Caiu da 1ª Divisão para a segunda e pasmem foi até para a terceira divisão; o Flamengo também sofria com o “Caixa D’Água”, menos é óbvio, pois tinha o respaldo do presidente Ricardo Teixeira, da CBF, um rubro-negro confesso, mesmo assim sofria revés com a Ferj; e o Vasco? Ah, esse era o segundo time do Sr. Eduardo Viana, pois o primeiro era o Americano, de Campos, a sua maior paixão. Outro detalhe: o presidente do Vasco, Eurico Miranda falava o mesmo idioma do “Caixa D’Água” nas armações ilimitadas que os dois protagonizaram contra o trio: Flamengo, Fluminense e Botafogo. O que se extraiu desse colúnio foi a decadência do futebol mais charmoso do país, que por muito tempo deixou de ceder jogadores a seleção brasileira, lembram dessa época?…
Com o fim do império “Caixa D’Água” e Eurico Miranda, o futebol do Rio de Janeiro voltou a “bater asas”, e sabe qual tem sido o resultado? Começo dos anos 2000… Vasco da Gama, campeão brasileiro (Copa João Havelange), pela primeira vez campeão da Libertadores; o Flamengo campeão novamente da Copa do Brasil e em 2009, hexa campeão brasileiro; o Botafogo campeão Carioca 2010, direto (1º e 2º turnos) e o Fluminense, após 26 (vinte e seis) anos campeão brasileiro de novo. E o mais importante para o futebol que já dominou o país, é que de forma inédita os cariocas conquistaram em dois anos, de forma consecutiva, o titulo de campeão brasileiro: em 2009 – Flamengo / em 2010 – Fluminense. Perceberam o que representou a saída de um parasita do comando do futebol?
A co-relação que ora faço, demonstra que enquanto isso, no futebol maranhense a dinastia Alberto Ferreira, lamentavelmente continua, ainda bem que começa a dar indícios que vai acabar, quando eu e a torcida maranhense gostaríamos de saber…
Pelo menos esse afastamento do presidente Alberto Ferreira pelo TJD-MA, embora muito tardio, entretanto importante, porque nos deu uma expectativa de que a Justiça desportiva apontou um caminho para o enquadramento do presidente da federação maranhense de futebol, cuja pessoa não tenho nenhum problema interpessoal, muito pelo contrário, sempre o achei um homem tratável, comigo principalmente. No entanto, não posso corroborar com sua inércia e incapacidade administrativa com o combalido e agonizante futebol maranhense. Todavia é certo que durante anos o futebol maranhense, a FMF principalmente, copiou o modelo decadente do futebol carioca, uma pena que eles mudaram, já não existe mais a figura do Sr. Eduardo Viana, o “Caixa D’Água” nem resquícios de sua caótica administração.
Enquanto aqui… Se perpetua uma administração que pereceu e vitimou clubes, imprensa, empresários e insofismavelmente, a fantástica torcida maranhense. Não aceito e não me venham com essa balela que o problema do futebol maranhense é a escassez de recursos financeiros, seria capaz de “apostar que se a Casa da Moeda do Brasil patrocinasse o futebol daqui, ainda sim estaríamos falidos”; não adianta mascararmos a insolvência do nosso futebol, o problema é a falta de Gerenciamento.
Não é possível que Estados vizinhos como: Ceará, Pará e Rio Grande do Norte, para não citar Bahia e Pernambuco, atravessem os mesmos problemas que os nossos, mas eles têm a capacidade de dar a volta por cima; uma hora o Paysandu de Belém está lá embaixo, quando nos espantamos está de volta à primeira; o América de Natal, caiu agora, não duvido, daqui a três anos esteja de volta a primeira divisão e assim sucessivamente. Já aqui no futebol maranhense é só queda livre? Esses Estados que citei têm o poder de se reorganizar, no Maranhão nem organizar, conseguimos, é triste, mas é realidade.
Por que o futebol maranhense que sempre se espelhou no carioca, não copia a mudança de comando na federação? …
… Por que não experimentar?
Entendo que tem que mudar, para melhorar…