Registramos hoje, o falecimento do jornalista Alfredo Menezes que durante 30 anos trabalhou no jornal O Estado. Ele foi vítuma da Covid-19.
A história de Alfredo Menezes na crônica esportiva se confunde com a história do esporte amador no Maranhão, pois era Sem dúvida alguma o mais completo profissional É maior conhecedor das modalidades amadoras.
Era um apaixonado pelo Vasco da Gama, uma de suas grandes paixões.
Descanse em paz, gigante Alfredo Menezes!!!!
Quem foi Alfredo Menezes
Alfredo Menezes foi durante 30 anos editor de esporte do jornal O Estado do Maranhão. Vivia praticamente nas salas de redação e editoração, Alfredo Menezes lembrava da época em que era correspondente de rádios maranhenses em Itapecuru/MA. Foi o caminho trilhado até chegar a São Luís e trabalhar como rádio-escuta de futebol, nos áureos tempos do radialista Guioberto Alves. Teve um grande trabalho ao entrar para o jornalismo e conhecer os detalhes do esporte amador e suas modalidades de infinitas categorias. Viu muitos atletas bons competindo pelo Maranhão.
Filho de Itapecuru – Ser filho da terra do Maranhão era um grande prazer para Alfredo Meneses. E ser de Itapecuru, nem se fala. Mantinha guardado o título de eleitor de sua cidade, que visitava não só em época de eleições, já que tinha muitos parentes e amigos por lá.
As amizades eram antigas, formadas desde a década de 1940. O pai dele, Alfredo Meneses, foi músico – tocador de trombone de pisto, muito amigo de Mundico Cardoso, também músico, saxofonista. Quando Alfredinho nasceu em 11 de fevereiro de 1948, o pai convidou Mundico e Antônia Meireles Cardoso para serem seus padrinhos.
Os laços eram estreitos entre eles. Foi na casa de Mundico Cardoso, que Alfredo Menezes conheceu os radialistas Edi Garcia (redator e locutor) e Zé Silva (programador) da rádio Difusora. Como gostava e acompanhava o futebol amador de Itapecuru, se ofereceu para mandar aos dois as notícias locais através de correspondências (cartas e telegramas) enviadas via ferrovia. Assim nasceu a paixão pelas notícias do esporte, quando estava com 16 anos de idade.
Chegando a São Luís – Em 1969, resolvido a estudar em São Luís, deixou ‘seu’ Alfredo (pai), d. Concita (mãe), irmãos, e veio para casa dos padrinhos, que haviam se mudado para a capital. Recebendo tratamento de filho, como fazia questão de frisar, Alfredo Meneses se sentia seguro para encontrar-se com o pessoal de rádio, velhos conhecidos. Foi à rádio Difusora, e aceitou trabalhar primeiramente como ‘foca’ (o que colhia as notícias e passa para a redação), cobrindo os treinos dos clubes de futebol e plantonista.
Somente três anos depois foi ser rádio-escuta, passando a enfrentar uma nova fase de sua vida. Aprendeu a manusear simultaneamente os botões de vários aparelhos de rádio para assim captar as notícias de esporte de todo o país a serem divulgadas nas jornadas esportivas. Chegava a falar ao vivo nos plantões esportivos. Confessava que tremia todas as vezes que falava, pela própria timidez.
Memória – Grandes radialistas desse período ainda estavam na cabeça de Alfredo Meneses, mesmo sem uma ordem cronológica. Nessa época o rádio atravessava uma ótima fase. Conheceu nomes como Guioberto Alves (locutor), Fernando Sousa (comentarista), Zé Branco (repórter de pista e comentarista), J. Alves (repórter de pista e narrador), Zé Santos (apresentador), Mauro Campos (redator, locutor e repórter de pista), Zé Aroso (foca), dentre outros.
Um dos fatos mais marcantes desse período em que esteve na rádio Difusora foi a morte do radialista Guioberto Alves
Alfredo Menezes ficou na Difusora até 1974. Depois passou por todas as outras rádios: Ribamar, Timbira, Gurupi, Educadora. Foi um dos fundadores da Associação de Cronistas e Locutores Esportivos do Maranhão – ACLEM. Secretariou o presidente da entidade na época, Jámenes Calado e manteve o mesmo posto nas administrações de Fernando Sousa, Fernando Júnior e Jairo Rodrigues.
30 anos no jornal O Estado do Maranhão – Em fevereiro de 1980 entrou para o jornal O Estado do Maranhão levado pelo jornalista Edivan Fonsêca. Foi contratado para redigir as notícias esportivas nacionais, que obtinha em sua maioria, pelo aparelho de rádio, lembrando os tempos de rádio-escuta. Anotava todas as informações e corria para a redação.
A equipe de ‘O Estado’ tinha Edivan Fonsêca, redator das notícias do esporte profissional maranhense. Cabia a J. Alves a responsabilidade sobre as notícias do esporte amador. Garrincha sempre dava uma ajuda a todos.
Por volta de 1983, quando J. Alves saiu do jornal, Alfredo Menezes assumiu a editoria de esporte amador. Sua primeira providência foi conhecer os atletas, os dirigentes, os técnicos, para se familiarizar com as diferentes modalidades praticadas.
Atletas de destaque – Das inúmeras pessoas que fizeram parte de suas notícias nos 30 anos de profissão (completados em 1º de fevereiro de 2018), destacava a jogadora de basquete Hortênsia. Contava Alfredo: “Vi Hortênsia jogando pela primeira vez em São Luís no Campeonato Brasileiro defendendo o Estado de São Paulo em 1979 no ginásio Costa Rodrigues. Voltei a encontrar com ela no amistoso Brasil x Estados Unidos no Castelinho (82/83), o mesmo acontecendo em 94, amistoso Brasil e Cuba antes do Campeonato Mundial e em 96, amistoso Brasil e Eslováquia, antes das Olimpíadas de Atlanta. Ninguém no mundo vai ser tão técnico no basquete quanto ela”.
Muitos outros atletas faziam parte da lista de destaques que Alfredo Meneses viu atuando. Dentre todos, dois marcaram mais: Rafael Leitão (do xadrez) e China (do handebol).
Um grande amigo – As pessoas que trabalham com o esporte amador, consideravam em sua maioria Alfredo Menezes como um grande amigo. Foi por causa de uma grande amizade que o médico e desportista Phil Camarão convidou Alfredinho para ser seu assessor de imprensa, quando esteve à frente da Secretaria de Desportos e Lazer no governo Edson Lobão.
Jornalista internacional – Alfredo Menezes teve sua profissão reconhecida inúmeras vezes. Mas o ápice foi estar em Sidney/Austrália, em 2000, acompanhando as Paraolimpíadas, destinadas a atletas portadores de deficiência física. Atendeu a um convite do Comitê Olímpico Brasileiro. Essa primeira cobertura internacional chegou como um prêmio pelo trabalho desenvolvido nesses últimos anos.
Fora o trabalho e qualquer outra viagem, Alfredinho (chamado pelos mais íntimos) era uma pessoa extremamente pacata. Tinha como rotina escutar os programas de rádio de todo país nas jornadas esportivas das quartas-feiras. Lembrava de seus velhos tempos e de outros rádio-escuta de sua época: Mauro Campos, Murilo Costa Ferreira e Lima Coelho. “Era uma briga para ver quem dava em primeira mão as notícias de fora. Tenho saudades!”, nos diz Alfredinho
Vascaíno ‘roxo’ – Outro programa dele era ir aos sábados ao aeroporto para ver a chegada e saída de aviões.
Vascaino doente, era do tipo que ficava zangado quando o clube perdia e gozava de todo mundo em dia de vitória.
Costumava visitar os parentes. Não teve filhos. Gostava de transmitir amor aos sobrinhos. Também tinha um zelo extremo pelos inúmeros afilhados, lição que aprendeu com a família Meireles Cardoso. Dizia ele: “Meus padrinhos – Raimundo e Antônia – me criaram em São Luís como a um filho. Quando meu padrinho morreu, Maria das Dores, filha deles, passou a cuidar de mim. Os três já estão no céu, mas a minha gratidão será eterna”. Alfredo Menezes tem como irmãos os filhos dos padrinhos: Cardoso, Conceição, Idalina, Antônio José, José do Carmo, Zeza e Didi.
Grande coração era o de Alfredo Menezes, que crescia a cada dia com a chegada de mais um amigo. A COVID-19 rompeu esse elo. Mas o amor que temos por ele jamais acabará.
Texto: Tânia Biguá
Foto: Reprodução