Por Adriano Sarney
Nas eleições de 2018, Flavio Dino obteve 59,29% dos votos e a oposição 40%, os outros 0,71% foram para o PSTU e PSOL. Neste artigo vamos examinar os votos conquistados pela oposição e apresentar os principais grupos que preferem não caminhar com o PCdoB no Maranhão. Vejo a oposição composta por duas correntes que se dividem em grupos: a corrente que apoiou Roseana Sarney em 2018 e a que pretende embarcar na onda Bolsonaro. Hoje o cenário ainda é confuso, mas deve começar a clarear até as eleições do ano que vem.
Dos mais de 1,3 milhão de votos recebidos pela oposição, 75% foram para Roseana, 20% para Maura Jorge e 5% para Roberto Rocha. Isso se traduziu em um fluxo de polarização entre Flavio (governo) e Roseana (oposição) em 2018. A ex-governadora mantém um forte recall eleitoral, trabalho prestado, carisma e amizade com forças políticas na capital e no interior. Tradicionalmente, ela tem a confiança sólida de 30% do eleitorado do Maranhão e de São Luís.
O partido da Roseana é o MDB, presidido no Maranhão pelo ex-senador João Alberto. O PV, do qual sou presidente estadual, sempre caminhou com a ex-governadora, fazemos oposição ao governo estadual e pretendemos lançar candidatos a prefeito em várias cidades de nosso estado com a bandeira da renovação política e do incentivo à geração de emprego e renda. Inclusive o PV indicou meu nome como pré-candidato a prefeito de São Luis. O PSD do jovem deputado federal Edilázio Junior também deu sustentação à Roseana. Edilázio vem se destacando em Brasília e organizando seu partido a nível estadual. Essa corrente ainda prevalece como a principal força da oposição e que, caso não lance candidato para as próximas eleições estaduais, pode ser o fiel da balança.
Por outro lado, vimos um tímido movimento da onda Bolsonaro em nosso estado em 2018, ele ganhou em duas grandes cidades: Imperatriz e Açailândia. Nesses colégios eleitorais, Maura Jorge, candidata do partido do presidente, o PSL, conseguiu performar melhor que Roseana em Imperatriz e ficou bem próxima da ex-governadora em Açailandia. Em Açailandia, a soma dos votos das opositoras foi superior ao do governador, demonstrando assim a coerência de quem vota em Bolsonaro não escolhe candidatos comunistas. No entanto, curiosamente, Flavio levou os votos dos eleitores de Bolsonaro em Imperatriz e ganhou da oposição. Soma-se à incógnita da capacidade de transferência de votos de Bolsonaro, a forte influência do lulismo no Maranhão. Fatos que podem mudar de acordo com a atuação do governo federal e de seus aliados.
Na corrente ligada à Bolsonaro, temos também seus grupos. O senador Roberto Rocha se aproximou do presidente, assim como a atual superintendente da FUNASA, Maura Jorge. O partido de Bolsonaro, o PSL, é presidido pelo vereador Chico Carvalho. Por sua vez, o superintendente da SPU, Coronel Monteiro, tem uma boa relação com o presidente e o vice-presidente Mourão. Ele também é uma referencia da direita maranhense. Já o médico Allan Garcês atua na oposição e trabalha no Ministério da Saúde.
Com o governo estadual desgastado e quebrado financeiramente, acredito que se as eleições fossem hoje, o resultado seria diferente. Surge, mais uma vez, para a população a chance de pavimentar o caminho para a alternância do modelo de gestão que hoje predomina.
A articulação dos grupos de oposição das duas correntes citadas acima é um fator essencial para viabilizar uma opção melhor para o maranhense. As eleições de 2020 é um portador de futuro para 2022, quer a oposição resgate a pujança do Maranhão produtivo ou as forças que estão no poder continuem a desmontá-lo.
*Adriano Sarney é deputado Estadual, economista com pós-graduação pela Université Paris (Sorbonne, França) e em Gestão pela Universidade Harvard.