Por Joaquim Haickel
O texto que eu programei para esta semana falava de um assunto menos pesado que política. Falava de referências, de filosofia e de poesia, mas infelizmente o cronista tem obrigação de estar em dia com os assuntos mais comentados e discutidos, afinal de contas propagamos nossas ideias e opiniões, através de jornais e redes sociais, e são os assuntos do momento que as pessoas desejam mais ler.
Dito isso, volto a falar sobre a incapacidade do presidente Jair Bolsonaro e de grande parte de seus apoiadores, em entender os acontecimentos.
Que o sujeito seja conservador, tradicionalista, de direita, eu posso entender e até apoiar em alguns casos, circunstâncias e gradações. Mas daí o indivíduo não ter a capacidade de discernir entre como agir, o que fazer e o que não fazer para alcançar seus objetivos, isso é inadmissível!
Não vou discutir os objetivos do presidente Bolsonaro, até porque concordo integralmente com alguns deles, em parte com outro tanto, aprovo menos outro lote de medidas que ele deseja implementar, e discordo de outras de suas ideias. Mas o que eu discordo total e peremptoriamente é com a forma dele se expressar e conduzir suas ações.
Alguém tem que dizer para o presidente que a forma é parte da ação. Que conteúdo e forma compõem o todo. Que um político, principalmente um presidente, precisa entender e dominar a arte da comunicação, da diplomacia, do diálogo, em diversos cenários e nas mais variadas esferas. Que uma coisa é ser candidato, e outra bem diferente é ser presidente. Que quanto a essas coisas ele nem deve argumentar contrariamente, pois jamais terá razão!
Não queremos que Bolsonaro se transforme no macio Sarney, no escorregadio Fernando Henrique ou que seja espertalhão como Lula! O que não se deseja de modo algum é que ele seja maluco como Collor, tão fleumático quanto Itamar ou um idiota completo como Dilma.
Imagino que todo brasileiro conhece o presidente Bolsonaro! Tem gente que o acha fascista, racista, misógino, homofóbico, que ele faz apologia da tortura e da violência. Eu não acho nada disso a respeito dele, mas não posso deixar de concordar que ele é o maior responsável por fazer com que digam, pensem e propaguem essas opiniões sobre ele, pois ele é um verdadeiro desastre em comunicação, tanto pessoal quanto institucional!
Existem aqueles que acham que aquilo que o presidente Bolsonaro diz é o certo! Que a sua forma de se expressar e agir é correta! Não afirmo que algumas das coisas que ele diz estejam erradas, mas posso garantir, sem medo de errar, que a fprma como ele diz, o local e a ocasião de suas falas ou manifestações são completamente desfavoráveis às suas intenções.
Acredito que o Jair queira fazer o melhor para o nosso país. Nisso eu o igualo ao Lula dos primeiros dois anos de mandato presidencial. O que ocorre, e é grave, é que Lula jamais teve contra si toda a grande mídia nacional, nunca contou com uma oposição tão ferrenha e bem aparelhada, e principalmente, Lula jamais cometeu a asneira de ser ele mesmo seu maior adversário!
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro não for capaz de entender que a forma dele SER, só pode se consumar de maneira efetiva, eficiente e eficaz, se ele passar a AGIR de modo mais astuto, inteligente, diplomático e POLÍTICO, na maior e melhor concepção dessa palavra tão desgastada e desvalorizada.
Minha mágoa com Lula não se deve ao fato dele ter se tornado um corrupto, não é porque ele quase destruiu o nosso país. Minha maior mágoa de Lula se deve ao fato dele ter tido a oportunidade, a condição e o poder necessários para realmente transformar o Brasil e ter optado, miseravelmente, por se perpetuar, ao seu grupo e a sua ideologia, no comando de nossa nação.
O mesmo eu digo antecipadamente para Bolsonaro. Ele terá não apenas a mágoa, mas em muitos casos, terá a repulsa e até mesmo o ódio, daqueles que não querem e não admitem ver o Brasil novamente trilhando o caminho tão tortuoso como aqueles dos tempos do PT e de seus asseclas.
Ou Bolsonaro muda ou mudam o Bolsonaro!…
Foto: Adriano Machado / Reuters