Por Joaquim Haickel
Muito se tem falado sobre o tema explicitado pelo título deste texto! Vou entrar na roda!…
Existem duas maneiras de se analisar e de se estabelecer onde se posiciona no espaço filosófico, ideológico e político, um pensamento ou uma ação, ou mesmo um partido e seus membros.
Para esclarecimento, devo dizer como eu classifico as posições neste espectro. São sete. Há a posição central, e partindo dela para a esquerda, temos centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda. Na direção contrária, temos centro-direita, direita e extrema direita. Cada uma dessas posições possui uma infinidade de subdivisões, mas para nossa conversa isso não vem ao caso.
No que diz respeito às posições ideológicas, existe um conceito mecânico de enquadramento entre esquerda e direita.
Para que se entenda facilmente o que é uma ideia ou um partido de esquerda ou de direita, do ponto de vista mecânico, basta se substituir a expressão, “partido de esquerda” por partido da mudança, e “partido de direita” por partido da manutenção.
Na França, onde estes termos se originaram, os grupamentos de esquerda eram chamados de “grupos do movimento” e os de direita de “grupos da ordem”.
É neste ponto que reside o fracasso das ideologias ou partidos de esquerda, quando assumem o poder! Eles continuam agindo como se não estivessem ocupando a posição da manutenção e da ordem!
No caso da direita, a dificuldade de sucesso consiste em radicalizar suas posições ideológicas e políticas, não se abrindo para mudanças importantes e necessárias.
Não é raro fazerem confusão entre as posições de partidos ou mesmo de políticos, quanto à sua colocação no espectro ideológico linear. Essa confusão se deve, quase na totalidade das vezes, pelo referencial que se toma em cada caso.
Vejamos um exemplo clássico! Usando critérios mecânicos para analisarmos em quais locais da linha se delimitam a atuação ideológica e política de Getúlio Vargas e Washington Luís, vamos descobrir que o primeiro seria colocado à esquerda do segundo, pois Vargas pretendia mudar o conceito e a forma da política feita no Brasil. Na teoria, o que Vargas e os revolucionários de 30 queriam, era que fosse implantada uma mudança, um estado novo, o que acabou acontecendo, mas com um viés fascista, com ingredientes socialistas, e usando a força para sua manutenção, o que o transferiu para a direita ideológica.
A mesma análise pode ser feita em relação a Paul Von Hindenburg e Adolf Hitler. Pelos critérios mecânicos da lateralidade e da semântica dos verbos manter e mudar, Hitler estava à esquerda de Hindenburg. Da mesma forma, Lenin estava à esquerda de Nicolau II, Mussolini à esquerda de Vitor Emanuel e Castro à esquerda de Batista.
A classificação mecânica sobre esquerda e direita é usada quase que exclusivamente pelos direitistas, que também usam a classificação ideológica, que é a única admitida pelos esquerdistas. Esta é a meu ver, é a mais válida.
A classificação ideológica leva em conta unicamente os princípios filosóficos e ideológicos que norteiam cada uma das posições políticas e partidárias.
Segundo essa classificação, do lado esquerdo do espectro, estão pessoas e partidos que defendem uma maior participação do estado na vida da sociedade e das instituições, regulando as relações entre elas de forma detalhada e minuciosa. São estatizantes. Têm como meta a maior centralização do poder de decisão. Defendem mais a igualdade da coletividade do que a do indivíduo. Buscam a todo custo regular as relações econômicas de mercado.
É na posição da esquerda que se colocam as pessoas, os partidos e os regimes comunistas. Estes não admitem nem permitem que o indivíduo tenha liberdades fundamentais, como de expressão, crença ou ideologia.
Aqueles que são considerados de direita defendem com mais ênfase a diminuição da participação do Estado na sociedade, como forma de reduzir a corrupção, garantir a liberdade individual e promover o desenvolvimento econômico. São privatizantes e favorecem a liberdade de mercado. Colocam o patriotismo, os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma da sociedade.
Na posição da direita se colocam as pessoas, os partidos e os regimes democráticos liberais, que permitem que o cidadão decida seu destino, exigindo de todos apenas o devido respeito às leis.
Com base no estabelecido no segundo parágrafo deste texto, vejamos com exemplos mais próximos de nós, bem mais fáceis de entendermos, quem está à esquerda e à direita. Enfileiremos em uma linha, sete dos candidatos a presidente da República nas eleições de 2018: Alckmin, Amoêdo, Bolsonaro, Boulos, Daciôlo, Gomes e Haddad.
Em minha modesta opinião, indo do mais à esquerda para o mais à direita, a linha seria assim: Boulos, Haddad, Gomes, Alckmin, Amoêdo, Bolsonaro, e Daciôlo.