Uma idosa identificada como Ilda Ferreira Barbosa, de 65 anos, morreu na noite dessa quinta-feira (20), em frente ao Hospital Regional da Baixada Maranhense Dr. Jackson Lago, em Pinheiro, distante 87 km de São Luís. Segundo familiares, ela não foi atendida e a reclamação dos familiares é que houve omissão de socorro. A idosa morreu dentro do ônibus de pacientes, que fazem hemodiálise em São Luís.
Assim como os outros passageiros do ônibus, dona Hilda morava em Pinheiro, mas tinha que fazer hemodiálise na capital do estado, pois na cidade já deveria ter sido inaugurado um Centro de Hemodiálise, mas as obras estão atrasadas. Isso obriga os pacientes a viajarem oito horas por dia, sendo três vezes por semana para fazer o tratamento.
Há dois meses dona Hilda participou de um protesto pedindo a conclusão das obras e a abertura do Centro de Hemodiálise em Pinheiro. Ela já demonstrava cansaço por conta das viagens e da dificuldade em conseguir tratamento.
“Eu estou muito cansada demais (…) eu só vou porque sou obrigada, porque se não fosse eu não ia… e quando chega uma hora dessas a gente tá morto de cansado”, contou.
Segundo outros pacientes que vinham no ônibus, no trajeto próximo a São Luís para Pinheiro, a idosa começou a passar mal. Neste momento foi feito um contato com o hospital em questão para que a idosa fosse atendida. O hospital não atende em urgência e emergência, mas é o mais equipado da cidade por se tratar de um hospital de alta complexidade. Ao chegar na porta do hospital, as pessoas que acompanharam o caso, dizem que a entrada da idosa não foi autorizada e, assim, ela morreu no local.
Em nota ao G1, a SES disse que a paciente foi orientada a não sair de São Luís, por recomendação médica. A nota contradiz ainda as testemunhas, pois a secretaria garante que “um médico da unidade entrou no microônibus para realizar o primeiro socorro, e, em seguida, a paciente foi submetida aos procedimentos clínicos exigidos neste caso, dentro do hospital”.
Centros de Hemodiálise
O problema dos centros de hemodiálise no Maranhão não foi resolvido até hoje. O governo havia reservado em 2014 quase R$ 7 milhões para a construção de sete novos centros de hemodiálise no estado. A obra da clínica de Chapadinha deveria ter sido entregue em 2015 e, segundo o governador Flávio Dino (PCdoB), em entrevista à TV Mirante, começou a funcionar no segundo semestre de 2018, mas o local onde deveria ser construído o centro de tratamento, continua apenas com uma placa e sem obras. Os outros centros também não foram entregues ainda.
Em 2016, uma liminar da justiça determinou que o Governo do Estado entregasse a clínica de Chapadinha em um prazo de um ano sob pena de multa de 10 mil reais por dia. Até o fim de 2017, a multa já passava de R$ 1 milhão. Para esta obra específica, o Ministério Público do Maranhão investiga o uso R$ 2 milhões e 400 mil que haviam sido liberados para a obra da clínica em Chapadinha em um convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As dificuldades de quem precisa deste tratamento semanal já foram tratadas em reportagens no Jornal Hoje e no Jornal Nacional.
Nota da SES
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) lamenta a morte da paciente que estava em tratamento em São Luís e informa que a mesma foi orientada a permanecer na capital por recomendação médica. A SES esclarece, ainda, que:
1. A equipe do Hospital Macrorregional de Pinheiro prestou toda a assistência à paciente. Inclusive, um médico da unidade entrou no microônibus para realizar o primeiro socorro, e, em seguida, a paciente foi submetida aos procedimentos clínicos exigidos neste caso, dentro do hospital;
2. O serviço de hemodiálise de Pinheiro será inaugurado ainda em setembro e funcionará dentro do Hospital Macrorregional;
3. Como parte da expansão do serviço de hemodiálise no interior do estado, deu-se início ao atendimento dos pacientes crônicos renais na cidade de Chapadinha esta semana e, em janeiro, o município de Balsas também contará com o serviço.