O ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, declarou que era “tecnicamente difícil de engolir” a decisão de encaminhar o processo de Geraldo Alckmin para a Justiça Eleitoral.
É curiosa a preferência gastronômica do Sr. Janot. Quando ele próprio era o Procurador, engoliu sem dar um pio o arquivamento da denúncia contra o governador Flavio Dino, acatando o argumento do MPF de que “os elementos apresentados são insuficientes para concluir pela existência de delitos”.
Ora, tecnicamente os elementos eram muito mais graves, uma vez que o executivo da Odebrecht, que fez a acusação, afirmou que o Governador do Maranhão teria recebido da empreiteira em troca da votação de um projeto de lei, na Câmara. Portanto, havia fortes indícios de corrupção passiva, e não de crime eleitoral, o que foi determinante para o envio do processo de Alckmin para o TSE.
Para Janot não foi difícil engolir o fato de seu sub-procurador ser irmão do governador denunciado. Isso lhe pareceu perfeitamente normal. Mas agora, quando tudo que existe é uma frágil denúncia, sem qualquer indicação de contraprestação, sem testemunhas, sem desdobramentos envolvendo o governador Alckmin, o Dr. Janot associa-se à histeria coletiva que quer jogar na fogueira da inquisição pessoas como o ex-governador Alckmin, que tem toda uma vida reconhecida de austeridade pessoal e integridade.
*Roberto Rocha é senador