Ontem tive a felicidade de presenciar mais um momento de glória do teatro maranhense. A emoção tomou conta de mim, ao me deparar com uma produção tão bem cuidada em todos os aspectos. O musical “João do Vale – O Gênio Improvável” nos devolve o Teatro Arthur Azevedo imponente e repaginado para comemorar o seu bi centenário, com um espetáculo digno de ser apresentado em qualquer lugar do Brasil e do Mundo.
Começo enaltecendo e parabenizando o incansável diretor do TAA e idealizador do musical, Celso Brandão, homem sensível a todo tipo de arte, especialmente a feita em nossa terra. Como trata-se de um musical, agora aplaudo de pé o genial (sim, genial!) diretor musical Luiz Junior Violonista, um dos músicos mais espetaculares que temos o privilégio de ter no Maranhão e com quem tenho a honra de trabalhar há 13 anos. Ele simplesmente nos faz perceber claramente que a música e a qualidade dos músicos maranhenses são de nível internacional. Os seus arranjos e seu preciosismo me levaram às lágrimas de emoção.
Os atores que cantam e os cantores que atuam, se completaram e se apoiaram para que todos se saíssem bem e dessem um show de interpretação e de canto. Cantores corretos, afinados e muito bem treinados pelo preparador vocal Ciro de Castro, com quem também tive o prazer de trabalhar e que, sem dúvida alguma, é o melhor e mais preparado professor de canto do Maranhão.
O espetáculo flui levemente e vai contando e cantando o homenageado de maneira que nos prende e emociona, através de um texto simples e direto, como assim era o João, tão bem representado pelo ator Vicente Melo. Esse mérito é dos excelentes Felipe Correa (dramaturgo) e Vinícius Arneiro (diretor geral), que souberam contar a história lindamente. O som e a iluminação também impecáveis são preponderantes para que a magia aconteça. Achei o cenário muito simples, mas talvez essa tenha sido a leitura exata que o diretor quis dar, de que a simplicidade de João do Vale precisava estar explícita no palco, mesmo nos seus momentos de glória, quando o dinheiro rolou solto.
O meu único senão foi a omissão da grande Alcione no documentário de abertura do espetáculo, onde artistas de renome nacional como Gilberto Gil, Chico Buarque, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Maria Bethânia e Zeca Baleiro deram seus depoimentos sobre João do Vale e ela não foi ouvida e nem teve seu nome citado na relação de artistas de expressão nacional que gravaram suas músicas. Alcione é a maior cantora do Maranhão e uma das maiores, mais queridas e mais respeitadas cantoras do Brasil!
Por fim, parabenizo o Secretário de Estado da Cultura e Turismo, Diego Galdino e o Governador do Estado do Maranhão, Sr. Flávio Dino e a Senhora Kátia Bogéa, Presidente do IPHAN, pelo teatro reformado, pelo livro em homenagem aos 200 anos do teatro, do qual eu orgulhosamente faço parte e que muito me honra, e por esse lindo musical, que homenageia merecidamente o maranhense do século XX, João do Vale. Parabéns a todos e viva a cultura do Maranhão!
*Fernando de Carvalho é cantor, produtor cultural, radialista, administrador de empresas e coordenador artístico da Escola de Música do Estado do Maranhão “Lilah Lisboa de Araújo”.