Durante pronunciamento esta semana, na Câmara Municipal, o vereador Honorato Fernandes (PT) pontuou alguns crimes ocorridos na semana passada que refletem o elevado grau de violência da cidade de São Luís. Solicitou ainda ao Governo do Estado uma atenção maior com relação à segurança pública na região do Cajueiro, comunidade tradicional da zona rural de São Luís, que, atualmente, vive sob ameaça por conta do projeto de construção de um porto privado na região.
Ao falar sobre o alto grau de violência da cidade, o parlamentar destacou o assassinato da menina Allana, a troca de tiros que terminou com uma pessoa ferida, no bairro do Vinhais, e a tentativa de invasão à sede do Diretório Estadual do PT, no Cohafuma. Todos os crimes registrados a semana passada.
Quanto ao assassinato da menina Allana, representando a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, na qual figura como presidente, Honorato repudiou o ato de covardia e brutalidade, chamando atenção ainda para o crescimento no registro de crimes cujos alvos são meninas ou mulheres, tipificado no código penal como feminicídio, uma vez praticado por razões atreladas à condição do sexo feminino.
“Um crime covarde e bárbaro cometido por alguém que deveria cuidar e proteger, mas se aproveita da inocência e da fragilidade daqueles que não conseguem se defender, violando assim o seu corpo. E, infelizmente, o caso da menina Allana é apenas mais um que deve servir de reflexão para nós, quanto à violência que acomete diariamente inúmeras meninas e mulheres da nossa cidade”, destacou o presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Referindo-se a pichação e à tentativa de invasão à sede do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores, o vereador, que também é presidente do diretório municipal do partido, lamentou o ocorrido, sobretudo, pelo sentimento de intolerância, motivação principal do ato criminoso, segundo ele.
“A pichação e a tentativa de invasão à sede do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores muito me entristeceu também, não apenas pelo ato criminoso em si, mas pelo fato do ato ser uma clara demonstração do alto grau de intolerância da nossa sociedade, que não tem conseguido conviver com o diferente. Alimentadas pelo ódio, nossa sociedade tem sido intolerante com ideologias e pensamentos contrários, num claro ataque aos princípios democráticos”, destacou.
Ameaça à comunidade do Cajueiro
Dando sequência ao pronunciamento, o parlamentar solicitou ao governo do estado uma atenção maior com relação à segurança pública na região do Cajueiro, comunidade tradicional da zona rural de São Luís, que, atualmente, vive sob ameaça por conta do projeto de construção de um porto privado na região.
“Quero fazer um alerta ao governo do estado, em especial ao sistema de segurança pública, quanto ao eminente risco de confronto na comunidade do Cajueiro. Grande parte da região foi comprada pela WPR, que vem subjugando a população do local para a instalação de um porto, sem reconhecer que a tradição da comunidade, bem como seus direitos assegurados por uma escritura de posse concedida pelo próprio governo do estado”, afirmou Honorato.
O terreno de 600 mil metros quadrados foi vendido à WPR em 2014 por uma bagatela. A transação já foi denunciada várias vezes pelo vereador, que também entrou com uma representação junto à Secretaria de Transparência do Governo do Estado, questionando a venda do território, onde a WPR pretende construir o empreendimento. Na carta resposta, o órgão confirmou os fortes indícios de irregularidade da compra. Uma sindicância foi aberta a fim de realizar um levantamento e avaliar todos os documentos envolvidos no processo de compra do terreno, para então declarar a legalidade, ou ilegalidade da venda.
Segundo os moradores da comunidade, desde 2014, época da efetivação da venda do terreno, a empresa tem realizado uma série de ataques para expulsar a comunidade tradicional do Cajueiro. Dentre estes ataques, destacam-se o uso de seguranças privados agindo com intimidação na comunidade, tentativa de instalação de cancelas para proibir os pescadores de terem acesso ao mar, além da derrubada de casas dos moradores. Quanto à questão, Honorato afirmou que outras providências serão tomadas, de modo a coibir qualquer ação de coerção aos moradores da comunidade.
“Entraremos com mais uma ação, na tentativa de impedir aqueles que tentam subjugar o povo do Cajueiro. Este é um ataque não só à comunidade do Cajueiro, mas à ilha de São Luís e aos direitos de homens e mulheres de bem, um povo que carrega nossa história, de nossos antepassados e toda nossa herança cultural”, disse Honorato.
Foto: Divulgação
Até mesmo os aliados do Governador Flávio Dino e do Prefeito Edivaldo Holanda Júnior deixam claro que a violência está imperando em São Luís.