O deputado Eduardo Braide usou a tribuna na última quinta-feira (1°), para destacar a indicação de sua autoria, apresentada hoje ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, sobre o acordo que está sendo feito entre o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e os Estados Unidos.
“Além dos Estados Unidos, países como Israel, Rússia e França também já demonstraram interesse em utilizar a Base de Alcântara. A indicação que apresentei hoje é para que seja encaminhada mensagem ao ministro da Defesa, parabenizando-o pela utilização do CLA, sem operação desde 2001. Mas com a principal finalidade de solicitar ao Ministério da Defesa que, ao celebrar qualquer acordo para a utilização da Base de Alcântara, tenha como um dos itens principais de contrapartida, o favorecimento e o apoio à população de Alcântara”, destacou.
Eduardo Braide também elencou algumas melhorias que podem ser executadas na cidade histórica de Alcântara, a partir das parcerias celebradas com o CLA.
“Com essas parcerias, prédios históricos podem, por exemplo, ser recuperados e, depois de utilizados, entregues à população de Alcântara; o apoio às agrovilas e aos povoados da cidade; na área da saúde, a destinação de ambulância; melhoramento de vias de acesso aos povoados, dentre outros. Uma série de contrapartidas que devem ser estabelecidas para que esses acordos possam ser celebrados. Mas o principal é que não podemos só lançar de Alcântara para o mundo as tecnologias, as novas formas de utilização aeroespacial sem deixar ao município e à população aquilo que deve ficar em qualquer cidade que recebe um grande investimento”, completou o parlamentar citando ainda a obra de recuperação do cais de Alcântara, já executada pela Aeronáutica.
Ao finalizar o discurso, o deputado justificou a necessidade de estabelecer contrapartidas efetivas para o município de Alcântara.
“Um lançamento de foguete custa entre R$ 90 milhões e R$ 480 milhões. Então, sem sombra de dúvidas, que deixar ao povo de Alcântara um investimento, seja na área da Saúde, da Educação, no apoio à Agricultura, enfim, a todos os moradores do município, nada mais é que uma obrigação do Governo Federal, para que se possa fazer com que a cidade, de fato, não seja penalizada ao ver milhões serem lançados do município sem deixar milhões também para a cidade. Espero que a população alcantarense seja contemplada com os acordos a serem fechados no CLA pelo Ministério da Defesa”, concluiu Eduardo Braide.
Foto: Agência Assembleia
Vamos desmontar esse triste comentário, sem base, do deputado Braide.
Pelo que podemos ver, caro Zeca Soares, o ilustre deputado precisa aprofundar-se sobre o tema, pois está mais perdido que cego em tiroteio.
Para começo de conversa não existe Base de Alcântara – é Centro de Lançamento de Alcântara; base é expressão mais afeta a aviação militar. Segundo, como é fácil falar em acordos internacionais e, ainda por cima, afirmar que o CLA está sem operação desde 2001; sem operação? É mesmo, ó bem informado deputado? Isso soa deveras engraçado, sobretudo porque o CLA está funcionando sim, tem lançado foguetes e nesta semana haverá lançamento de um FTB – foguete de treinamento básico. No decorrer de 2017 haverá mais lançamentos em parceria com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE, Agência Espacial Alemã DLR-Moraba.
Porém, o mais triste é ver o nobre deputado comemorar um acordo com os Estados Unidos, sequer ratificado ainda pelo Congresso Nacional. Ora, isso ainda está longe de acontecer e, caso aconteça, não há certeza quanto aos benefícios para o desenvolvimento de nossa própria indústria aeroespacial – precisamos é nos desenvolver na área, produzir, com qualidade, nossos próprios foguetes lançadores de satélites, e não só de sondagens, bem como satélites, provendo, assim, um desenvolvimento global e nos ponde em ponto de competitividade.
Fala-se muito em aluguel do CLA, como se Centro fosse uma casa qualquer. Na verdade, o deputado ao pleitear por contrapartida, como o favorecimento e o apoio à população de Alcântara parece navegar em águas de completa falta de tino, pois que o melhor benefício seria abrir mercado para mão de obra especializada,com óbvias consequências periféricas, o que não ocorre hoje no Maranhão, pois os técnicos e engenheiros maranhenses (a minoria no CLA) que foram capacitados, treinados, dentro e fora do país, visando as atividades do Centro, desde o início da década de 80, já estão se aposentando, e nada indica que deverão ser qualitativamente substituídos. Alcântara não precisa de esmolas, precisa sim de educação profissional de qualidade, assim como o resto do estado, qualificação técnica, foco nesse nicho tecnológico, o que não é o caso.
O que os americanos querem é subserviência, e conseguem isso cooptando a ingenuidade de certos deputados, pois poucos sabem que o grande impasse do projeto espacial brasileiro reside, exatamente, nos bloqueios, embargos, norte americanos na compra de componentes, dispositivos, equipamentos e sistemas sensíveis, isso sem deixar de mencionar que eles, os americanos, já produziram muitos documentos, aos seus parceiros estrangeiros, para não venderam esse tipo de tecnologia ao Brasil. Por isso, o início do projeto espacial brasileiro tem tido mais apoio da França de que dos americanos. Com os franceses o Brasil adquiriu a maior parte de seus equipamentos, já o Tio Sam….Acorda Braide!