Após o fracasso na parceria com os ucranianos para o uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, que causou prejuízo de pelo menos meio bilhão de reais ao Brasil, o Palácio do Planalto está pronto para negociar o uso da base com os Estados Unidos. A ideia é oferecer aos americanos acesso ao centro de lançamento, cobiçado por sua localização rente à Linha do Equador, que diminui o gasto de propelente em cada empreitada especial, para, em troca, utilizar equipamentos fabricados pelos potenciais parceiros.
O uso dos modernos sistemas espaciais dos Estados Unidos, jamais obtidos pela indústria nacional, porém, não significará transferência tecnológica ao setor privado brasileiro. Pelo contrário: para que a negociação avance, o Brasil terá que aprovar uma lei que indique de forma técnica e pormenorizada a proteção que será dada a todo componente tecnológico manipulado em solo brasileiro. O mesmo texto precisa ser avalizado pelo Congresso americano. Se parte das exigências dos EUA forem alteradas pelos parlamentares do Brasil, e as mesmas forem consideradas insatisfatórias pelos congressistas americanos, não tem negócio.
O tema sempre esbarra na proteção à soberania nacional, uma vez que setores do Centro de Lançamento de Alcântara poderiam ficar inacessíveis aos técnicos brasileiros justamente pela proteção à propriedade intelectual do país parceiro. Foi esta a argumentação, que provoca polêmica entre diferentes setores dentro e fora do governo, que impediu o avanço da primeira tentativa de acordo, costurada ainda no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
(…) por falar nisso já passou da hora de eles, os “GRINGOS” SAIREM de RORAIMA.
Chega de ser um PAÍS GRANDE com governos pequenos medíocres.Depois querem reclamar se o povo pegar em arma para defender a soberania nacional.
Sem Tecnologia não aceitamos, é hora de pressionar as bancadas federais de todos os estados para que não aceitam.
(….) Nossos parlamentares estaduais podem e devem ser um elo de ligação entre nós o povão e a bancada federal.
(…) portanto estou cobrando de todos os parlamentares maranhenses: estadual e federal.
(….) Principalmente dos mais aparecem: Adriano Sarney; Sousa Neto; Edlázio; Zé Inácio; Andreia Murad; Otelino Neto; Braid.
SENÃO vamos passar todos por mané para os americanos.
Luís Henrique, sem dúvida os americanos não pretendem transferir tecnologia de ponta ao Brasil no sentido de que o país possa desenvolver, em definitivo, o seu próprio lançador de satélites. Lançar-se ao espaço o país já faz amigo, pois nossos foguetes de sondagem, ao ultrapassar os 100 Km de altitude – e são vários o que já fizeram isso – entram em microgravidade e, portanto, já se encontram no espaço. Ao longo da história de nossos engenhos espaciais, foguetes como o Sonda III e IV (Que já não mais existem), bem como os atuais VS-30, VSB-30 e VS-40, todos foram concebidos para vôos suborbitais, podendo atingir até os 700 Km de altitude, como no caso do Sonda IV e do VLS. Esses foguetes, ao contrário do VLS, foram concebidos para usarem carga útil científica e/ou tecnológica, visando a pesquisa e o desenvolvimento da ciência, em vários ramos, e da tecnologia embarcada. E isso o Brasil tem feito com relativo sucesso, mantendo, inclusive, parcerias como a atual que possui com a Agência Espacial Alemã, a DLR-Moraba. Entretanto, o que o não conseguimos ainda foi embarcar um satélite nacional, por meio de um foguete (tecnicamente se diz “Lançador”) em território nacional, que pudesse ser satelizado em órbita baixa, ao que se prestaria o VLS, na faixa dos 1000 Km de altitude, satélite não geoestacionário, satélite para pesquisa científica, para monitoramento ambiental, climático e até para espionagem.
Em parte você está certo, mas em parte mal informado: Embora a Ucrânia detenha tecnologia para lançamento de foguetes de porte grande (Cyclone), para colocação em órbita geostacionária de satélites de até 2,5 toneladas, por incrível que pareça essa é uma faixa não mais explorada comercialmente, pois os satélites para órbita alta pesam hoje entre 3 a 4 toneladas. Ou seja, teríamos um lançador Ucraniano com pouca oferta de “passageiros”.
Por outro lado, a França, que muito apoiou o Brasil no decorrer do nosso projeto espacial, vendendo equipamentos eletrônicos para o uso, tanto no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno – CLBI, em Natal-RN, quanto no CLA, isso quando os americanos já nos boicotavam, evitando que pudéssemos ter componentes e equipamentos sensíveis, foi gradativamente deixada de lado, embora mantenha firme contrato com o país para o rastreio, em fase já quase não mais propulsada, do Ariane V e da Soyuz, quando, então, a estação de telemetria, no CLBI, após sete minutos de voo dos respectivos engenhos espaciais, começam a receber os dados, tratá-los e enviá-los, por link, ao CSG, confirmando o a boa atitude de voo do foguetes, funcionando, assim, como estação Aval.
Entretanto, como sabemos, o contrato para a Joinventure da parceria Brasil-Ucrânia, para lançamento no CLA do Cyclone, acabou, tendo sido definitivamente encerrada, ainda na gestão de Dilma Rousseff, pela falta de contra-partida dos Ucranianos nos gastos para a construção das novas instalações e, ao mesmo tempo, devido às pressões externas pela perda de Soberania da Ucrânia em face dos problemas com a Rússia.
Quanto à França, necessário dizer que o seu projeto espacial cresceu muito da década de setenta para cá, deixando de ser um projeto pessoal, passando a englobar outros 15 países europeus, tomando uma envergadura nunca antes alcançada, tendo sido a responsável pela colocação em órbita da maioria dos satélites comerciais da atualidade (hoje em aproximadamente dois mil circulando a terra). Assim, o que era só da França passou a ser uma Agência pujante, A European Space Agence – ESA que juntamente com o Centro Nacional de Estudos Espaciais – CNES (dona do CSG), França, e Ariane Space, vão compor o trio de empresas (instituições) responsáveis pelo escopo de lançamento de satélites a partir do CSG em Kourou, incluindo aí o Ariane V, a Soyuz russa que também é lançada de lá, geralmente para suprir a ISS, Estação Espacial Internacional, e o Vega, foguetes de concepção ítalo-francesa que entrou no nicho do nosso malfadado VLS, abocanhando o mercado que poderia ter sido dele. Logo, qual o interesse hoje da França ou de qualquer país Europeu? Lembre-se: Kourou está a poucos graus acima do equador, tanto quanto estamos poucos graus abaixo; no fritar dos ovos são elas por elas e o CSG tem bem mais estrutura, pessoal preparado, capacitado, não militarizado, profissionalizado, de carreira, bem como um vastíssima área para lançamentos, como o faz hoje em três pontos do seu espaçoporto.
E mais: Atualmente a China está com uma parceria firme com a Argentina, construindo o seu quarto Centro de Lançamento em território argentino; Portugal vem aí com o seu Centro, com o apoio da ESA, a qual faz parte integrante, para a construção de outro, nos Açores, para exploração comercial de foguetes do porte do VLS ou ainda menor.
Ou seja, o Brasil está sozinho. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Lembrando sempre que. no mundo inteiro, os projetos espaciais se tornaram extremamente comerciais, e portanto competitivos, onde civis, bem capacitados atuam por longos anos, sem o obstáculo do militarismo com operador, pois, no máximo, a USAF americana, por exemplo, só se beneficia da pesquisa espacial e, quando muito, fornece os pilotos para as naves. O resto, a maior parte, é feita por civis. Por ventura é assim no Brasil? VLS explode e mata 21 civis; perda de domínio tecnológico, perda de inteligência, pois os poucos civis encabeçam o projeto espacial no Brasil, mas não mandam nele. Simples assim!
Primeiramente gostaria de alertar o amigo Zeca Soares de que não existe “Base” de Lançamento; O CLA é um Centro de Lançamento de Foguetes e não uma base aérea. Repete-se isso de maneira costumeira na imprensa local e ninguém se dá conta disso, não observando sequer a nomenclatura CLA. Centro de lançamento, semelhante ao Kennedy Space Center, nos Estados Unidos, e Centre Spatial Guyanais, na Guiana Francesa. Portanto, Zeca, pelo amor de Deus, use o termo correto. Base não, não se trata de aviões e sim de foguetes; É Centro de Lançamento.
Percebe-se que as negociações com os americanos esbarram justamente na transferência de tecnologia, ponto crucial para o país avançar e poder entrar no seleto grupo de países que se lançaram ao espaço. Por outro lado, segundo informações transmitidas em um programa da TV paga (Claro), países como Ucrânia e França que detêm tecnologia para lançamento de foguetes poderiam transferir tecnologia deste porte para o Brasil. Então a pergunta que fica é a seguinte: por que negociar com os americanos se temos outros parceiros que podem contribuir com a transferência de tecnologia tão desejada?