O presidente interino, Michel Temer (PMDB), fez uma escolha pessoal para comandar o Ministério do Meio Ambiente.

O deputado Sarney Filho (PV) foi o escolhido para comandar as políticas ambientais do governo peemedebista. Essa não é a primeira vez que Sarney Filho assume o Ministério do Meio Ambiente. No governo de Fernando Henrique (PSDB) ele também comandou a pasta.

Agora a frente do ministério, Sarney Filho se compromete em ajudar o Maranhão mesmo sendo adversário político do governador Flávio Dino (PCdoB).

Segundo ele, em entrevista a O Estado, o Ministério do Meio Ambiente não tem partido e nem ideologia.

Sarney Filho falou ainda que em 2018 quer ser candidato a senador e que uma disputa eleitoral pelo comando do Maranhão, somente se for uma necessidade de seu partido ou do seu grupo político.

O Estado: Como estar a sua relação com o PV após decisão do partido de não apoiar o presidente Michel Temer?

Sarney Filho: Ao contrário da maioria dos demais ministros, eu fui da escolha pessoal do presidente Michel Temer. Eu não fui escolhido pelo partido. Fui escolhido por ele, acredito, pela minha luta na área ambiental e por já ter sido ministro. O Partido Verde não foi consultado. De qualquer forma, eu agradeço a compreensão do PV. Sou membro do partido e não teve na Executiva qualquer tipo de pressão. Claro que tiveram vozes isoladas quanto a minha permanência no governo, mas não sou escolha do partido para o ministério.

O Estado: Quanto a atuação do governo interino para resolver os problemas econômicos do país quais os avanços?

Sarney Filho: Está havendo sinais positivos de que vamos ter uma recuperação mais rápida da economia e isso se deve a mudança do governo. O empresário, o investidor está com mais confiança. Tenho absoluta certeza que tão logo essa questão [impeachment] seja resolvida definitivamente, eu acho que a tendência é melhorar cada vez mais. Mais uma coisa inquestionável é que os sinais de recuperação com retomada do crescimento e ajuste de economia até mesmo devido a credibilidade da equipe econômica são bastante fortes.

O Estado: E em relação ao Maranhão, qual a posição do governo Temer com o estado depois da posição tomada pelo governador Flávio Dino?

Sarney Filho: A única coisa que o presidente me falou, até por uma preocupação minha, foi sobre a manutenção dos programas sociais. Eu disse a ele que sou de um estado que os programas sociais tem grande impacta na vida das pessoas. Então, ele me garantiu que não iria de maneira alguma afetar os programas sociais que durante foram conquistados pela democracia e já estão incorporados a vida de todos. Mas quero acrescentar o seguinte: o Ministério do Meio Ambiente não tem partido, não tem ideologia.

O Estado: Isso significa o que?

Sarney Filho: Em relação ao Maranhão, nossa ideologia, nosso partido é o desenvolvimento sustentável. Vou priorizar o Maranhão em todas ações do ministério. Não irei descriminar qualquer prefeitura e nem ao governo do estado. Já marcamos uma reunião com um grupo de trabalho sobre zoneamento ecológico-econômico, já pedi que a prefeitura de São Luís me desse o que eles têm de estudo sobre a despoluição dos rios da capital, pedi que o governo do estado me entregasse também documentos para saber como andam as obras de esgotamento, que estão sendo feitas aqui. E o ministério vai entrar firme para colaborar para que essas questões graves sejam resolvidas. Pedi ao secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente que entrasse em contato com a Codevasf para que a gente assumisse também a liderança no processo dos diques da Baixada. Essa é uma prioridade e precisamos dar atenção especial

O Estado: Como contribuir com o Maranhão?

Sarney Filho: A minha ideia é conseguir recursos para fazer a despoluição dos rios no Maranhão, revitalização dos rios. Em relação a esgotos, saber do governo do estado quais as dificuldades e buscar recursos para ajudar junto ao governo federal. Tentar ver maneiras para contribuir com o desenvolvimento do Maranhão. Como ministro, tenho espaço privilegiado dentro do governo para defender o nosso estado, para defender o desenvolvimento do Maranhão independente de qualquer questão política.

O Estado: O senhor tem se reunido com Ongs para debater questões ambientais. Sua gestão será participativa?

Sarney Filho: Uma das marcas da minha primeira gestão foi o trabalho com participação da sociedade civil, a transparência. Nós vamos repetir isso. O Ministério do Meio Ambiente estava fechado para essa participação. Estava muito restrita. Já ampliei a participação com a sociedade civil organizada. Já iniciei e um exemplo foi a viagem que fiz a San Marco, para simbolicamente manifestar a posição nossa de rigor absoluto nas respostas que a San Marco tem que dá aquelas pessoas. Primeiro as pessoas e depois, lógico, as questões ambientais. Outra viagem que fiz foi do Viva Mata, uma reunião com as ONGs de todo o Brasil ligadas a Mata Atlântica. E lá conseguimos um compromisso assinado de desmatamento ilegal zero em 2018. É um ganho político muito grande pela manifestação dos estados que têm mata atlântica.

O Estado: Sobre o licenciamento, há uma PEC que tramita no Senado sobre o licenciamento. Como o ministério está trabalhando essa questão?

Sarney Filho: Tive uma reunião com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para discutir as questões do licenciamento. Eu não aprovo aquela PEC do Senado que praticamente acaba com o licenciamento. Eu disse a ele que vamos dá celeridade e tirar alguns entraves, mas jamais flexibilizar as exigências ambientais que são fundamentais. É o planejamento do desenvolvimento.

O Estado: Mas como reduzir a burocracia do licenciamento ambiental?

Sarney Filho: Alguns reclamam com procedência, outros, usam como desculpa e pretexto por não cumprirem o dispositivo do acordo e das exigências do licenciamento. Mas mesmo assim, eu acho que precisa de eficiência na gestão e isso nós já estamos fazendo e precisa de alguns acertos. Por exemplo, um licenciamento de um posto de gasolina tem as mesmas exigências de um licenciamento de uma refinaria. São tratamentos iguais para coisas desiguais. Então, vamos facilitar para os pequenos impactos, nós vamos cumprir a lei complementar que clarifica as competências dos entes federativos, que é de minha autoria, e vamos fazer com que a lei do licenciamento seja cada vez mais uma lei para ajudar na sustentabilidade e no desenvolvimento do país e não um empecilho.

O Estado: Voltando a política, o PV já tem posição definida para as eleições de 2016 em São Luís?

Sarney Filho: Nós tínhamos uma candidata, que era a vereadora Rose [Sales]. Ela saiu do PV e agora estamos sem candidato. Nós estamos avaliando os cenários. Temos um excelente relacionamento com a vereadora, com outros pré-candidatos também. Mas agora estamos reavaliando os cenários. A política é dinâmica, vamos esperar o máximo possível para poder nos posicionar. Ainda temos uma decisão. Vamos ouvir nossos quatro deputados estaduais, vamos ouvir o diretório para depois tomar uma posição não só em São Luís, mas em todo o Maranhão.

O Estado: E em relação a 2018, seu destino deverá ser a disputa para o Senado?

Sarney Filho: Eu sou um político que tem uma vida parlamentar muito longa e muito intensa. Eu me considero um político do legislativo verdadeiro que tem o objetivo de ajudar as pessoas. E dentro dessa perspectiva, me seduz sim ser candidato a senador. Se eu tiver as condições necessárias, eu vou me candidatar ao Senado. E isso não é por eu ter me tornado ministro. Já estava pensando nisso. Para quem foi uma vez estadual e nove vezes deputado federal, já foi duas vezes ministro, agora tem que partir para um novo desafio e esse desafio

O Estado: E uma disputa pelo governo do Maranhão, não há possibilidade:

Sarney Filho: Eu prefiro o Senado, me sinto mais à vontade. Mas, claro, faço parte de uma partido político, um grupo político, tenho muitos amigos aqui. Mas vamos discutir. Eu não me nego ser um militante desse grupo a cumprir missões. Mas minha preferência é uma disputa pelo Senado.

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