Provocou polêmica e divergências, até com magistrados e servidores públicos, o posicionamento do governador Flávio Dino (PCdoB) em relação às recentes decisões do juiz federal Sergio Moro em desfavor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal.
Dino criticou os rumos, no Judiciário, da Operação Lava Jato. “É preciso observar fronteiras. Na medida em que se politizam, o Judiciário perde a sua natureza de poder técnico, imparcial, independente e se transforma num artefato político, isso, infelizmente, acaba por deslegitimar muitas das medidas que a própria Operação Lava Jato venha tomar”, disse.
Antes disso, ele havia criticado duramente a divulgação dos áudios de uma gravação telefônica entre Lula e Dilma, com o argumento de que as gravações foram ilícitas.
Ocorre que em 2015, quando os alvos da Lava Jato eram adversários de Dino, o seu posicionamento sobre o magistrado e a operação, num todo, era outro. Naquela ocasião, ele destacava a trajetória de Moro. “Natural e democrático que acusados reajam as decisões que consideram injustas”, disse em 2015.
O tema provocou polêmica. O juiz de Caxias, João Pereira Neto, tio de Rubens Júnior (PCdoB), por exemplo, direcionou mensagem em rede social ao perfil de Flávio Dino após as discussões sobre a crise política nacional. “Preferia aquele discurso do meu ex-professor de Administrativo nos anos 90. Mas compreendo. O senhor virou político”, disse.
Já a professora da rede estadual de ensino, Danielle Castro da Silva, cobrou coerência de Dino na aplicação e cumprimento das leis.
“Nosso governador, tão defensor das leis no twitter, não pagou ainda nosso reajuste da Lei do Piso (Federal), devido desde janeiro, não me deu minha progressão (Lei Estadual, do nosso Estatuto) e está querendo barganhar com meus direitos”.
Um retrato da reação que Dino enfrenta.