Por Rômulo Barbosa
Quando as pessoas batem no peito para dizer que são jovens e que juventude é sinônimo de mudança, de renovação, elas precisam demonstrar que, além das palavras, ser novo ou ser jovem vai muito além de frases de efeito criadas para embalar candidaturas e propaganda de campanha.
Afinal, o que é ser jovem?
Aos 52 anos de idade, acredito estar em plena juventude da maturidade. Comecei a trabalhar aos 14 anos e meio como “menor-estagiário” do Banco do Brasil; aos 17, passei em um concurso para locutor de rádio e, a partir daí, nunca deixei de trabalhar nem de exercer o jornalismo, curso em que viria a graduar-me, em 1986, pela Universidade Estadual da Paraíba.
Em 2002, colei grau no Curso de Direito. Fui orador-geral das turmas de Direito do Uniceuma. Aprovado, imediatamente, no Exame da Ordem, também fui escolhido orador na solenidade de entrega das carteiras da OAB. Paralelamente ao Jornalismo, comecei a advogar. Fiz especialização em Direito Constitucional e inúmeros cursos de gestão, incluindo MBA em Gestão Empresarial, pela FGV, e iniciei especialização em Direito Eleitoral.
Tudo isso, independentemente da idade, concretizei com ímpeto juvenil e como se estivesse começando na vida profissional. Sempre inspirado em uma frase de Pablo Picasso: “é preciso muito tempo para ser jovem”.
Como já gastei um bom tempo nisso, estranho as discussões travadas nas redes sociais da parte de quem parece querer avocar o conceito de juventude para si. E penso, cá com meus botões: será que alguém descobriu o “elixir da juventude” e, com ele, a fórmula mágica para ganhar uma disputa pelo comando de uma seccional da OAB?
A receita parece bem óbvia: “sou jovem, logo sou a mudança”; “sou jovem, logo sou a renovação”. Premissas falsas que não se encaixam em nenhum hipotético silogismo.
Receita inútil que, genérica demais, não vem acompanhada do “modo de usar” e da “posologia”.
Como não chamar de jovem uma mulher no vigor dos seus 40 e pouquíssimos anos, de reputação ilibada, testada e aprovada nos “foruns” da vida e na complexa tarefa de tudo conciliar para atingir os seus objetivos profissionais: mãe, esposa, filha, professora, advogada, líder de sua classe e dela representante, há anos, nos conselhos estadual e federal?!
Por que atacá-la, exatamente, no que ela tem de melhor para apresentar: competência, experiência, vivência e autoridade moral?!
Por que a discriminação à sua condição de mulher? Por que os ataques à sua família? Por que tanta maldade em “posts” distribuídos a “blogs”, colunas e redes sociais, com entrelinhas nada respeitosas e pouco lisonjeiras?
Será isso o sinônimo de “renovação”? Será essa a melhor forma de demonstrar-se jovem e de mostrar-se apto para a mudança?
De minha parte, no meu velho e antiquado conceito de juventude, acredito que muita gente relaxou os conselhos que, certamente, recebeu dos pais, primeiros professores de todos nós.
Por isso, vou buscar em um pai, o da Filosofia, a inspiração que, neste momento, deve guiar-nos: “O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu caráter” (Sócrates).
E, também, por isso, posso dizer: a jovem senhora Valéria Lauande me representa para comandar a OAB/MA.
* Rômulo Barbosa, jornalista e advogado. Integra a Chapa “Avançar Mais e Mais”
Foto: Biaman Prado