Incômodo de governistas
Os deputados da base do governo resolveram discursar para tentar desestabilizar a principal voz de oposição na Assembleia Legislativa, a deputada Andrea Murad (PMDB). Não é por menos, a parlamentar é a única que tem a intrepidez de apontar as falhas do governo e denunciar com dados consistentes. A exemplo de Luiz Junior, chefe da Rede de Saúde da SES, condenado pelo TCE por desvios de verbas públicas, mas nomeado no governo Flávio Dino; as irregularidades presentes no edital de licitação para contratação das OS e OSCIPS, que, além das impugnações das empresas, também motivaram uma Ação Popular da deputada contra o governo do estado, solicitando ainda anulação do processo licitatório.
Mas, corajoso mesmo foi o seu discurso no início da semana, culminando com a resposta coletiva dos governistas contra Andrea Murad, que resolveu citar deputados e membros do governo Flávio Dino envolvidos em processos judiciais, motivos pelos quais a Superintendência de Combate a Corrupção – recentemente criada – também deveria investigar, segundo a própria parlamentar. Por isso, na sessão desta quinta-feira, os governistas resolveram engrossar a voz contra a deputada de oposição. O embate foi intenso, mas não fez a deputada recuar. Ela considera essa estratégia uma retaliação por causa das constantes denúncias contra Flávio Dino, principalmente, colocando-a contra o presidente Humberto Coutinho e os deputados da casa.
“Ficaram muitos sentidos quando eu falei sobre a Superintendência de Combate à Corrupção, inclusive querendo me colocar contra os colegas desta Casa. Só que eu sou correta, eu jogo limpo. Falo na frente o que penso, eu não jogo por trás, eu não tento fazer artimanhas e trapaças. O maior exemplo é V.Exa, deputado Rogério Cafeteira, que só está como líder do Governo porque corria o risco de bagunçar e impedir toda a candidatura do presidente desta casa, então ganhou a liderança de presente”, rebateu a deputada.
As incômodas denúncias que seus discursos têm causado no parlamento, fizeram o governo mirar como uma metralhadora para uma torre forte, que até o final da sessão não expressou qualquer abalo com os falatórios dos deputados de base. A deputada enfatizou que os constantes ataques não a farão recuar e nem calar a sua voz para falar o que for preciso quanto aos descasos, ilegalidades e erros cometidos pelo governo do estado.
“Jogam pedra e quando se vai responder, acham um crime, errado e se acham muito injustiçados. Os deputados do governo chamam todos os dias de criminosos os gestores do ex-governo. Falam as piores barbaridades, sem respeito. O Deputado Rogério, que fazia parte do Governo passado, não tem vergonha de subir à tribuna para falar as piores coisas, com mentiras e factóides. Sendo que o papel de V.Exas. é responder as acusações que eu faço contra o governo. Nos esclarecer a verdade. E como quem cala, consente, a única saída de V. Exas é mudar de assunto e começar a me metralhar. Só que precisam antes de fazer isso cumprir direito o seu papel, que é defender o governo”, disse Andrea.
A deputada disse ainda que não faz parte do seu perfil atacar qualquer deputado e muito menos criar debates pessoais, mas não irá permitir que seja intimidada ou ameaçada a se calar a mando do governo como fez esta semana com uma ‘seqüência de bombardeios’ por parte dos deputados dinistas.
“Entendam que o meu papel de oposição também é válido. Precisa haver a oposição, precisa existir a voz da oposição, é legítimo. Se não existir a oposição, o que vai ser? E o que cobro é que o governo trabalhe. Não tenho absolutamente nada contra nenhum deputado desta Casa, e não vou servir agora como uma deputada que fica defenestrando os colegas, mas quando tiver algo errado, me perdoem, mad vou falar. Ningém vai me calar porque aqui eu cumpro o meu trabalho. E seja a quem for, seja a quem quer que seja, eu vou falar aquilo que eu penso. Vou continuar como sempre fiz desde o início, nem que fique sozinha na luta, mas vou continuar batalhando por aquilo em que acredito. Então, os embates continuarão, os quais eu espero que sejam positivos para o Estado”, finalizou a deputada.