Por Joaquim Haickel
Algumas pessoas me perguntam o que eu penso da nova administração estadual, de como, em minha opinião, está se saindo o novo governo do Maranhão.
Respondo indagando deles por que perguntam a mim, no que são quase unânimes em afirmar que desejam uma análise feita por alguém que acreditam ser criterioso, coerente, justo e imparcial em suas ponderações, pois antes, não poupava críticas nem mesmo ao governo do qual fazia parte.
Ocorre que, em minha opinião, será prematura e precipitada qualquer análise que se venha fazer em relação ao novo governo e ao grupo que o comanda, antes do tempo mínimo necessário para a ambientação das pessoas e afinação da máquina administrativa.
Posso dizer apenas que as primeiras e mais importantes mudanças ocorridas até agora são as mudanças dos nomes das pessoas na gestão dos negócios do Estado e a mudança da filosofia política e operacional no dia a dia dessa administração.
Em resumo, não vou me manifestar sobre a administração estadual antes de 180 dias de sua instalação, tempo que acredito necessário para que as pessoas e as estruturas administrativas que elas gerenciam, alcancem seu pleno funcionamento. Tempo suficiente para que ninguém no governo ainda esteja falando da herança maldita deixada pela oligarquia destronada e já estejam preparados para realizar as prometidas soluções dos problemas de nosso Estado, melhorando definitivamente a vida do povo maranhense.
Acredito porem que já seja tempo de abordarmos outro importante assunto. O que vai acontecer na próxima eleição para prefeito de São Luís? Quem são os candidatos? Quais as forças políticas, e não apenas os candidatos, que se colocarão na disputa? O que estará em jogo?
São muitos os ingredientes e nuances desse cenário que promete apresentar grandes emoções nos próximos capítulos dessa intrincada novela.
Olhando o cenário de hoje, os nomes que em outubro de 2016 estarão postos à escolha do eleitor ludovicense serão o do atual prefeito Edivaldo Holanda Júnior e o da deputada Eliziane Gama. Outros nomes poderão aparecer nas telas das urnas eletrônicas, como por exemplo, um candidato do PMDB que pode ser Roseana Sarney, Lobão Filho ou Ricardo Murad. Eu não acredito na candidatura dos dois primeiros e quanto à do terceiro, é impossível prever suas atitudes.
Não podemos esquecer partidos com forças políticas importantes como PSDB, que mesmo totalmente controlado pelo governo estadual, possui políticos com força eleitoral que não pode ser desconhecida como João Castelo, Sérgio Frota e Neto Evangelista.
Existem ainda nomes que ambicionam o comando político do Palácio La Ravardiere, como o deputado Bira do Pindaré e o reitor da UFMA, Natalino Salgado.
Ocorre que de verdade mesmo só os dois citados no topo desta listagem possuem reais chances de se elegerem. Resta saber como cada um vai se movimentar daqui pra frente neste intrincado tabuleiro de xadrez político.
Existem pequenos e inacreditáveis fatores nesse contexto, como por exemplo, Edivaldo Júnior e Eliziane Gama disputarem diretamente os votos dos evangélicos, o que faz com que a católica secretária de Saúde do município Helena Duailibe seja de fundamental importância nesse quadro. O mesmo pode se dizer em relação ao trabalho diplomático que os candidatos possam vir a fazer em relação a outros partidos, líderes políticos classistas e comunitários que possam influir no fortalecimento de suas candidaturas.
Em que pese todas essas coisas, em minha modesta opinião, essa será uma eleição decidida fora das urnas. O que na verdade vai importar mesmo é sobre qual dos dois candidatos vai recair a preferência do Palácio dos Leões. O apoio do governador Flávio Dino irá sacramentar a eleição de seu escolhido e tudo leva a crer, até agora, que este é o atual prefeito de São Luís.
Os movimentos do governador engessam os dois contendores no que diz respeito à busca de apoios fora da base de sustentação do governo. Nem Edivaldo nem Eliziane podem se lançar em busca de apoios de partidos como o PMDB ou de integrantes do grupo Sarney. Quem fizer isso terá a antipatia dos Leões e de seus inquilinos.
O panorama hoje me parece mais favorável ao prefeito do que à deputada, e imagino que para se consolidar nessa posição ele tenha que fazer de tudo, dentro das normas republicanas e democráticas do jogo político, para que a população se agrade de sua administração, coisa que as pesquisas demonstram que não está acontecendo já faz bastante tempo.
Nesse jogo a figura mais importante é mesmo a do governador que deve escolher o momento de sentar à mesa com seus correligionários e estabelecer os parâmetros de suas ações. Quanto mais ele demorar a fazer isso mais vai desgastar os dois, enfraquecendo-os, ao ponto de terem que aceitar de bom grado o que ele venha a decidir.
Isso é o que faria um chefe político de antigamente, um coronel do tempo antigo. Nesses tempos de mudança e modernidade acredito que o melhor a fazer é sentar logo à mesa para conversar aberta e democraticamente.
Se o que quer é mesmo apoiar Edivaldo Junior, o líder deve oferecer à deputada Eliziane mais espaço na administração do Estado que simplesmente uma Secretaria da Cultura que ela não tem, a indicação do vice-prefeito na chapa do prefeito, cargos importantes na administração municipal, desde logo, e o apoio para ela na candidatura a prefeito em 2020.
É claro que esses compromissos devem ser todos avalizados pelo próprio governador, obrigando com que tudo aquilo que for acordado seja integralmente cumprido, caso contrário, ele, o avalista dessas promissórias políticas, as executará, na falta do eficiente cumprimento das partes.
Alguns amigos meus dizem que sou um louco visionário. Que penso tudo errado no que diz respeito à política. Pode até ser, mas é assim que eu penso, e se fizermos um retrospecto, veremos que eu acerto muito mais do que erro.
A política é uma sinfonia e este é apenas o rascunho da partitura de um primeiro movimento desta peça.