Por Joaquim Haickel
Aprecio a política por suas nuances antropológicas, sociológicas, psicológicas e culturais. Pela possibilidade do controle de circunstâncias e a condução de consequências. Pela busca da eficiência, da efetividade e da eficácia, de forma conjunta e simultânea nas nossas ações.
Gosto muito dos esportes, principalmente por eles serem magníficos substitutos da ânsia do homem pela guerra.
Da mesma maneira que em outras atividades humanas o esporte, e nesse caso especifico, o futebol tem os ingredientes políticos importantíssimos. Vejamos: Em ambos existem regras que devem ser cumpridas; há um sistema judiciário que bem ou mal controla e fiscaliza ambas as atividades; há desvio de condutas nos dois casos; existem craques e pernas de pau, tanto nos gramados quanto nos palácios e nos parlamentos; o resultado do placar nem sempre reflete o desempenho em campo… E por aí vai!
Essa Copa do Mundo foi cercada por uma grande onda midiática negativa, mais por incompetência do governo e má fé de alguns setores da política, da mídia e da sociedade, do que por qualquer outro motivo.
Se perguntarem para qualquer cidadão de bom senso se ele prefere que os recursos investidos na Copa do Mundo fossem destinados para a saúde e educação, não haveria resposta divergente. Ocorre que se fosse outro o governo que não o do PT, o posicionamento em relação à Copa teria sido o mesmo. Se fosse o PT que estivesse na oposição, os protestos contra a Copa seriam bem piores do que os que aconteceram e os que ainda acontecem. Isso é política em sua forma menos vistosa. É ai que o ingrediente político se apresenta de forma nociva, pois se a tese é minha eu a defendo e pronto, se ela é de um adversário eu a ataco e exploda-se.
Do ponto de vista do governo, esse ou outro qualquer, nós precisávamos reformar e modernizar nossos aeroportos, nossos sistemas de mobilidade urbana, nossos sistemas de segurança e até mesmo nossos estádios. Logo, com a Copa faríamos isso e ainda teríamos realizado aqui um campeonato mundial de nosso esporte mais amado.
Alguém que me lê agora pode pensar que eu não tenho problemas de consciência quanto ao fato de ser secretario de Esportes do estado? Quanto ao fato de não poder fazer mais do que se faz. Tenho e muito.
No que diz respeito a nossa administração à frente do setor esportivo estatal, acredito que exista uma coisa de ruim que pode ser dita. Ainda não resolvemos o problema das piscinas do Complexo Esportivo do Outeiro da Cruz. Esse é o único item que me incomoda e muito no que diz respeito ao tempo em que eu e a minha equipe tem dirigido a Sedel. Os outros que possam ser apontados são questões menores ou de opinião. E não me venham falar do Costa Rodrigues, pois ele está sendo resolvido. Acontece que nesse caso existem muitos problemas burocráticos e judiciários de solução demorada.
Mas voltemos às piscinas do CEOC. Elas foram abandonadas faz 10 anos, por um ex-governador que hoje fala em mudança, da mesma maneira que o Castelão e todas as demais praças esportivas públicas pertencentes ao Estado.
No caso do Castelão, em muito boa hora a governadora Roseana resolveu o problema, levando a cabo sua reforma e modernização, não no padrão FIFA, mas num padrão condizente com a nossa realidade.
No caso das piscinas, o que ocorre é que para reformá-las precisaríamos de um investimento em torno de R$ 4 milhões. Reformadas elas gerariam uma despesa com manutenção que hoje não pode ser arcada pela Sedel, tendo em vista que nosso orçamento é muito pequeno. É aí que vem a grande dúvida do gestor público preocupado e responsável: qual o verdadeiro custo/benefício de se realizar uma obra dessas? Fazendo isso haverá retorno. É claro que sim, mas muita gente vai malhar, dizendo que dessas piscinas não saíram nenhum grande campeão e esse dinheiro poderia ser usado para consertar os presídios do Estado.
No caso do Castelão, a reforma foi muitíssimo importante. Nosso Estádio é o principal motivo do soerguimento de nosso futebol. Com ele foi possível se materializar a magnífica trajetória de meu Sampaio nos últimos dois anos, será possível que o Moto de meu saudoso pai volte a ser o Papão do Norte!
Mas e as piscinas do CEOC? Será que devemos vender a casa de veraneio do Calhau para reformá-las, ou devemos usar esse dinheiro para construirmos algumas praças esportivas pelo interior do Maranhão, fazendo com que o esporte possa ser realmente uma ferramenta de integração social, de educação, de segurança, de apoio a saúde? Como não há recurso orçamentário para esse fim, esperamos que alguma empresa venha patrocinar a Federação Maranhense de Esportes Aquáticos e levar em frente um projeto da lei de incentivo ao esporte que prevê a reforma das piscinas e a manutenção delas, sob o controle da federação.
Digo sempre que dinheiro não falta aos governos, principalmente nos níveis federal e estadual. O que falta é boa visão para os governantes e postura decente àqueles que lhes fazem oposição.
PS: Dezoito partidos fizeram uma magnífica festa no Centro de Convenções da Universidade Federal do Maranhão, no último dia 27, onde aclamaram Edison Lobão Filho candidato a governador do Maranhão.
Muita gente achou que o lugar escolhido era ruim e inapropriado. Disseram que o lugar era imenso, cabia cinco mil pessoas sentadas e 10 mil em pé, que era fora de mão, sujeito a problemas com grupos de estudantes ligados aos nossos adversários… Mas Edinho foi firme e não se deixou intimidar. Disse que o local da convenção seria aquele mesmo e que ele seria o símbolo de seu compromisso com a educação, com a juventude, com o trabalho e com o compromisso de transformar o Maranhão.
Essa atitude inaugura, de forma simbólica, a abertura de nosso grupo a um maior dialogo com a sociedade e preconiza a renovação pela qual o Maranhão irá passar.