Desenvolvimento e sustentabilidade
Nesta quinta-feira, 5 de junho, comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, data criada pela Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) para trazer ao centro das discussões temas ligados à preservação ambiental, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.
Para colocar o tema em debate, o Blog do Zeca Soares convidou o coordenador estadual do Partido Verde, Adriano Sarney, para uma conversa sobre Meio Ambiente, Sustentabilidade e futuro.
Além de coordenador do Partido Verde no Maranhão, Adriano Sarney é economista, administrador e dono de um discurso ousado e empreendedor voltado para o desenvolvimento regional sustentável.
Semanalmente, Adriano também assina os artigos da série Desenvolvimento Regional Sustentável, publicados aos domingos nas páginas de Opinião do Jornal O Estado do Maranhão, e repercutidos em seus perfis no Facebook, Twitter e Instagram.
Veja a entrevista:
Blog – Você defende a bandeira do desenvolvimento regional sustentável, mas ele é viável de fato ou fica na utopia?
Adriano – Não é uma utopia. É um esforço de toda a comunidade, do cidadão consciente, em parceria com governos, empresas e instituições, conscientes do seu lugar no mundo.
Acontece que as pessoas estão acostumadas a esperar ações apenas da máquina pública. Qualquer mudança só será efetiva se começar dentro da nossa comunidade, com atitudes, com cobranças. Isso vale tanto para a preservação do meio ambiente como para o desenvolvimento econômico e social.
Ou seja, o desenvolvimento sustentável prescinde, sim, de uma mudança de consciência; pois só será realmente sustentável se toda a sociedade tiver a consciência do que precisa fazer para contribuir. E uma comunidade consciente de seu papel naturalmente força os governos a também atuarem de forma sustentável.
Blog – Então, o desenvolvimento regional sustentável é o caminho do futuro?
Adriano – Na verdade, se não seguirmos esse caminho hoje não temos como garantir um futuro promissor para as próximas gerações.
Muitas pessoas acham que o desenvolvimento socioeconômico e a preservação do meio ambiente se confrontam, que os ambientalistas são contra a agricultura, as indústrias. Pelo contrario! Eu, principalmente, como economista, e o Partido Verde do Maranhão, somos a favor do desenvolvimento do nosso estado.
É possível, sim, produzir, através da agricultura, pecuária, indústrias, de forma sustentável, com técnicas de manejo e tecnologias que garantam que os recursos naturais se renovem.
Não se preocupar com a renovação dos recursos foi o grande erro da União Soviética comunista, por exemplo, que faliu porque não respeitou a necessidade de preservar e renovar seus recursos. Investiu apenas na produção indiscriminada, mas, depois, as reservas se esgotaram. É por isso que o Partido Verde defende que o desenvolvimento sustentável e duradouro precisa ser gerido com algumas regulações e normas que garantam a preservação e renovação dos recursos naturais e o investimento nos recursos humanos.
Blog – Ser ambientalmente responsável ou colaborar para a sustentabilidade custa caro no Brasil?
Adriano – Não acredito que ser sustentável custa caro. Só precisamos de cidadãos conscientes, como disse anteriormente, que entendam que o governo é apenas um agente nesse processo. Se o cidadão, empresários, instituições, mídia, formadores de opinião, professores, todos os atores sociais, tomarem a consciência de que o correto, por exemplo, é não jogar lixo no chão, separarem o lixo na sua casa – o que é plástico, papel e etc. -, diminuírem o uso de carros e motos e investir mais em veículos não motorizados e em transporte público e compartilhado, acabarão contribuindo com o meio ambiente de forma barata, e como benefício direto terão uma vida mais frugal, mais sadia, mais tranquila e feliz.
Aliás, até a postura consumista está mudando. A ostentação que era muito valorizada no passado, hoje é até cafona. Nos Estados Unidos, que são o símbolo do capitalismo no mundo, tem se valorizado uma vida mais simples, mais sustentável. O legal hoje é ser saudável, verde e de bem com você mesmo e com os outros.
Blog – Como coordenador do Partido Verde, como você vê as políticas públicas voltadas para a promoção do desenvolvimento sustentável no estado e nos municípios, especialmente na Ilha de São Luís?
Adriano – Infelizmente, não vejo grandes esforços nesse sentido. Mas, os que existem devem ser exaltados. Não temos muitas áreas verdes públicas em nossas cidades, por exemplo. Por isso, fiquei feliz em saber que ainda esse mês a governadora vai dar inicio às obras da nova sede da SEMA [Secretaria de Estado do Meio Ambiente] e a revitalização do Parque do Itapiracó, uma conquista também do ex-Secretário, o deputado Victor Mendes (PV). É importante levar a comunidade para dentro do parque, para que perceba a importância dos espaços verdes, sadios e gratuitos. Como aconteceu com a Lagoa da Jansen, viabilizada com recursos do Ministério do Meio Ambiente quando o deputado Sarney Filho (PV) era ministro. A governadora executou essa obra maravilhosa para a cidade e agora vai iniciar um processo de despoluição da Lagoa, com o apoio da atual secretária Genilde Campagnaro. Serão ainda inaugurados um batalhão do Corpo de Bombeiros e outro da Polícia Militar.
O Centro Histórico é outra área que precisa urgentemente de intervenção. Passou por um grande processo de revitalização, com o Projeto Reviver, mas hoje perdeu o brilho. Sei que o governo investirá R$ 100 milhões em novo projeto de revitalização, mas isso só funcionará de fato se tornarmos essa área sustentável, habitável e comercialmente viável. Senão, daqui a 10 anos, será necessário investir novamente altos recursos financeiros como agora.
Por que não investir em parcerias público-privadas, estimulando a instalação de empresas, universidades e escolas, no estímulo à reestruturação da rede hoteleira da área, abrigando artistas locais em condomínios como aconteceu nas antigas fábricas do porto do Rio de Janeiro? Deve-se revitalizar o Centro Histórico não apenas investindo dinheiro público, mas estimulando que o local seja habitado, frequentado e estimulado economicamente. Só assim para termos uma área sustentável, livre da violência e do crack.
Em resumo, se quisermos um estado viável temos que investir na cooperação entre todos os agentes da sociedade: os governos, os empresários, a mídia, as instituições, a comunidade, para que juntos possamos dar condições a um verdadeiro desenvolvimento sustentável. Mas, tudo isso só será possível se nós, cidadãos, e maiores interessados no nosso bem-estar nos tornarmos conscientes da nossa importância e do nosso papel.