Por Joaquim Haickel
Estão certíssimos aqueles que para atingirem seus objetivos, desejam, buscam e aceitam acordos com adversários com os quais mantêm pouca ou nenhuma identidade ideológica, como, por exemplo, os representantes do comunismo maranhense e os que representam a social-democracia em nosso Estado.
Antes que algum imbecil venha com aquele papo equivocado e simplista de que isso significa dizer que os fins justificam os meios, e que isso é coisa de um Maquiavel pejorativo, adianto que o mestre Nicolau jamais disse isso em seus escritos. Isso é simplesmente uma interpretação falsa e rasa de ideias profundas e verdadeiras.
Já comentei em outras oportunidades o fato de Luís Carlos Prestes ter aceitado um acordo com Getúlio Vargas, que havia mandado deportar sua mulher, Olga Benário, para a morte nos campos de concentração da Alemanha nazista. Juntar-se temporariamente a alguém para se atingir um objetivo é algo comum e corriqueiro na vida e na política.
Acredito que Prestes tenha feito o que devia fazer, o que era certo fazer. Da mesma forma que acredito que o grande Abraham Lincoln não tenha errado quando teve que corromper alguns congressistas para aprovarem a lei que libertava os escravos dos Estados Unidos da América. Existe muito pouco de pessoal em política.
O que está errado é alguém achar que a coerência e o pragmatismo desse raciocínio, só vale para alguns, para seus partidos e para seus aliados. Que esse tipo de atitude, neles e nos seus é algo correto, puro, bonito de se ver e louvável, mas a mesma ação quando levada a cabo por seus adversários é deplorável, abjeta, condenável porque caracteriza uma postura patrimonialista, carcomida, atitude comum a uma oligarquia que estando no poder há tanto tempo deseja nele se perpetuar.
Ora bolas, que diferença pode fazer se uma determinada ação é perpetrada, de igual modo, intensidade e intenção, por um santo monge franciscano ou por um famigerado assassino? Achar que são coisas diferentes, em minha opinião, caracteriza o pior dos defeitos inerentes ao ser humano e como nós, políticos, somos mais humanos que as outras pessoas, a hipocrisia é o pior defeito que podemos carregar conosco.
Aliar-se hipocrisia a um forte senso de messianismo salvador, a uma grande tendência ao autoritarismo, a uma autossuficiência exacerbada, acaba sendo uma receita explosiva.
Outra coisa que também já comentei aqui anteriormente é que política não é coisa feia. Ela fica feia exclusivamente por um motivo. Quando o esforço para que se mantenha o poder ou na busca desenfreada para consegui-lo, faz com que alguns políticos cometam atitudes que estejam fora dos padrões éticos e morais aceitáveis.
Hipocrisia não é crime, mas está fora dos padrões que devem ser seguidos por pessoas de bem.
Hoje no nosso país há uma imensa sensação de liberdade. Mais que isso, há realmente liberdade em nosso país. Há quem acredite que hoje tenhamos liberdade até demais. Discordo destes últimos. Liberdade nunca é demais. Só é demais para aqueles que não sabem o que é realmente liberdade, para aqueles que não sabem o seu verdadeiro valor.
Há algum tempo notei que uma tática extremamente inteligente, executada deforma eficiente, eficaz e efetiva vem sendo colocada em prática por aqui. Alguns políticos descobriram que uma das melhores maneiras de se destruir o criador é destruir aquilo que ele criou. Orquestradamente os opositores do político José Sarney resolveram destruir a imagem do nosso Estado, o Maranhão, no intuito de com isso destruir a figura do senador, ex-presidente e ex-governador.
Se analisarmos os momentos cruciais do nosso Estado e do nosso país veremos que em relação a cada um deles Sarney foi protagonista de fatos de suma relevância em ambos os espaços e nos respectivos momentos.
No Maranhão, a mudança do predomínio politico de Victorino Freire para Sarney, fez com que o nosso Estado saísse do século XIX em meados do século XX. Desconhecer isso é avaliar erroneamente os fatos.
Não vou discutir aqui o que aconteceu nos 44 anos que se seguiram ao Novo Maranhão. Muitas coisas boas aconteceram e algumas coisas não tão boas também, mas o que não se pode negar é a ruptura que aconteceu, o avanço que tivemos.
Do mesmo modo, em relação ao Brasil, quando Tancredo Neves morreu e Sarney assumiu a Presidência da República, dentre todas as coisas que ele fez o mais importante foi nos garantir a democracia que hoje temos e a liberdade que hoje desfrutamos.
Porque os que apedrejam Sarney não lhe fazem justiça quanto a isso? Sabem porquê? Porque se forem dizer ao povo do Maranhão que Sarney, entre 66 e 70 mudou radicalmente o nosso Estado, caso digam ao povo do Brasil que o regime democrático e a liberdade que hoje desfrutamos, são duas obras imortais desse José, que para conseguir isso usou todo seu prestigio e todo o poder que então detinha, não vão conseguir destruí-lo jamais.
Nisso tudo, não existem anjos e nem demônios. Só existem seres humanos, nós, homens e mulheres, e nenhum de nós é totalmente mau nem totalmente bom. Feliz ou infelizmente somos todos muito parecidos.