Educação: Foco nas verdadeiras referências
Artigo de Pedro Fernandes
Ao longo da vida escolar, os alunos passam por muitas dúvidas em relação à escolha de uma profissão. Alguns estudantes crescem determinados desde a infância, sabendo em que irão trabalhar, mas muitos, em razão da pouca idade, experiência de vida ou falta de referências, não conseguem definir o caminho a seguir.
Realmente não é uma decisão fácil, mas algumas atitudes podem ajudar. O fundamental é conhecer as diversas profissões existentes no mercado, bem como suas especializações. Para isso, é importante buscar informações sobre uma profissão, não só no que diz respeito ao exercício, mas como está o mercado de trabalho, a faixa salarial, o campo de atuação profissional e como é aceita e inserida na sociedade.
Atualmente, o que é visto na TV, nos jornais, na internet e nas redes sociais são jovens sendo populares e bem aceitos por serem do “mundo do crime”. Muitas vezes os herois são os que morrem de overdose ou que desafiam a polícia fazendo questão de mostrar o rosto, enaltecendo facções criminosas e ainda posando com diversos tipos de armas, como granada e armamentos de grosso calibre, que eles chamam de “brinquedinhos”. Alguns criminosos até se apresentam no perfil da rede social como traficante de drogas, gerente na empresa boca de fumo e armeiro do tráfico, como se profissões fossem.
As referências estão invertidas. Vamos mudar isso no Maranhão? Dentro desse espírito, a Secretaria Estadual de Educação do Maranhão (Seduc-MA) está convidando as universidades, instituições bancárias, conselhos tutelares, outros conselhos de controle social, os conselhos profissionais, forças militares, músicos, artistas, comunicadores, advogados, juízes, promotores, delegados, médicos, enfermeiros, políticos, engenheiros, arquitetos, técnicos de todas as áreas, empresários, religiosos, enfim, toda a sociedade para que venham compartilhar dessa ideia e visitem as nossas escolas da rede estadual.
Temos pensado nisso desde que começamos a nos envolver diretamente com a Educação e, por uma dessas coincidências ou sincronicidades de ideias, o Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão recentemente propôs um termo cooperação técnica entre o TRT-MA e outras instituições, inclusive a Seduc-MA, chamado “TRT na Escola” com o objetivo de chamar atenção para a questão do Direito do Trabalho. O Ministério Público Estadual também está fazendo um bom trabalho com Centro de Apoio Operacional de Defesa do Direito à Educação, o “Conte até 10” e combate à violência contra mulheres; a Controladoria do Estado e a Secretaria da Fazenda trabalha a Educação Fiscal; a Defensoria Pública com orientação junto aos alunos do ensino médio para inserção no ensino superior; o GEAPE, da Secretaria de Segurança, com o combate às drogas. Sem falar em outros projetos pelo Brasil como o “Amigos da Escola”, “Criança Esperança” e o “Instituto Ayrton Senna”.
O que a nossa secretaria está propondo só vem somar com essas importantes iniciativas e parcerias. Além de falar dos direitos básicos, gestão escolar, educação financeira e outros, queremos dar referências a esses jovens não somente em um plano técnico de retorno salarial ou de mercado de trabalho. Queremos descobrir vocações, transformar os destinos desses jovens, colocando o foco nas verdadeiras referências.
Nessas visitas que estamos propondo, podem ser criadas diversas atividades, palestras, exposições, testes vocacionais, visita de grupos de alunos à própria instituição… Enfim, o importante é que a sociedade civil tome (para além da obrigação do Estado) a responsabilidade para si. A Seduc-Ma está trabalhando num plano de gestão. Nossas escolas ainda não estão dentro de um padrão, mas estamos trabalhando para padronizar fisicamente e na gestão educacional. Queremos chamar a sociedade para transformar a educação do nosso Estado. Transformar a vida das nossas crianças e jovens. Não podemos perder essa guerra!
* Pedro Fernandes é deputado federal e secretário de Estado da Educação