O anúncio na semana passada de que o Partido Popular Socialista (PPS) poderá ter candidatura própria ao governo do Maranhão demonstra que a oposição está se distanciando do projeto de unidade. A divisão mostra o fracasso da tentativa de união em torno de Flávio Dino (PCdoB) e a incapacidade de agregação demonstrada pelos comunistas. Pouco mais de 14 meses antes das eleições do próximo ano, já se apresentam como possíveis candidatos Roberto Rocha (PSB) e Eliziane Gama (PPS).
A definição de outras candidaturas contrasta com a unidade assegurada pelo grupo da governadora Roseana Sarney (PMDB ), que fechou questão em torno do secretário Luis Fernando Silva (PMDB) no mês passado, quando o ministro Edison Lobão anunciou publicamente sua desistência da disputa em favor do aliado.
É a segunda vez que os comunistas fracassam na tentativa de unidade em torno do seu principal chefe no Maranhão. Em 2011, ele organizou um grupo em um consórcio para disputar as eleições do ano seguinte em São Luís. Faziam parte Roberto Rocha (PSB), Eliziane Gama (PPS), Edivaldo Júnior (PTC) e Tadeu Palácio (PP).
Em 2012, com a revelação de que o candidato de Dino, Edivaldo Júnior, já estava definido desde o ano anterior, o consórcio rachou. O PCdoB se aliou ao PDT e ao PSB. Eliziane Gama e Tadeu Palácio não se convenceram da tese comunista e preferiram seguir caminhos próprios entrando na disputa pela prefeitura de São Luís.
Este racha repercute agora no ano de pré-campanha estadual. “O problema é que está prevalecendo os projetos pessoais e partidários em detrimento da unidade da oposição. Isso acaba enfraquecendo o grupo”, disse o deputado federal Domingos Dutra (ainda no PT), que está indo para a Rede Sustentável (Rede), partido da ex-senadora Marina Silva.
Atual vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha, foi o primeiro a admitir a possibilidade de o PSB ter candidatura própria ao governo. Na semana passada, o PPS também anunciou sua decisão de ter candidatura própria, o que fortalece o nome da deputada Eliziane Gama, já apoiada pela direção nacional da legenda.
Acordo – Mas o próprio PCdoB dificulta a relação com os parceiros. Pelo acordo de 2012, ficou definido que o candidato ao governo seria Flávio Dino e que Roberto Rocha seria o candidato único para o Senado. Os líderes do PDT, do PSB e o próprio prefeito Edivaldo Júnior (PTC) confirmam o acordo, mas Flávio Dino silencia sobre ele, o qu afastou Roberto Rocha do projeto.
Há duas semanas, Rocha voltou a dizer que pode disputar o governo. “Já tive mandato de deputado estadual e três de deputado federal. Fui candidato a senador em 2010 porque o PSDB, partido ao qual era filiado, não quis entender a importância de ter candidato ao governo naquela oportunidade. Disputei o senado e obtive quase 700 mil votos numa conjuntura muito adversa. Nesse sentido, colocarei mais uma vez o meu nome à disposição do meu atual partido, o PSB, e do povo maranhense, para disputar o Senado. Não tenho mais disposição de ser deputado, e se não for candidato a senador serei a governador”, declarou Roberto Rocha.
Com a decisão do diretório estadual do PPS de ter candidatura própria, entrou na disputa a deputada Eliziane Gama, presidente da legenda e nome mais cotado para ser a candidata. “A decisão da maioria foi pela candidatura própria no estado. A partir de agora, vamos começar a discutir o processo, definir uma candidatura e dialogar com as lideranças”, afirmou a deputada.