Falta de médicos, remédios, materiais, alimentação, atendimento demorado, maus-tratos por parte de funcionários, instalações físicas inadequadas. Estas são algumas das reclamações feitas por quem depende do sistema público de saúde mantido pela Prefeitura de São Luís. No caso das unidades de urgência e emergência, há ainda a superlotação, fazendo com que os pacientes fiquem internados em macas nos corredores dos hospitais. Revoltada, a população se pergunta por que os problemas, que são antigos, ainda não foram resolvidos. Para a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), é preciso restaurar a confiança da população no atendimento médico prestado pelo Município.
Na semana passada, O Estado percorreu as quatro unidades mistas de São Luís e apenas no Bequimão não houve reclamação de pacientes que buscaram atendimento.
Nathália Santos Ferreira levou o filho de sete meses para vacinar, na Unidade Mista do São Bernardo, mas a vacina não estava disponível na unidade de saúde. “Às vezes faltam funcionários para atender a gente e o vigilante é que fica dando alguma informação”, disse.
Na Unidade Mista do Coroadinho, a reclamação de Maria de Jesus Azevedo Santos era de que não havia o material necessário para que seu sobrinho, Adelino Rodrigues Penha, fosse medicado. Ele fez uma cirurgia de úlcera recentemente e, como estava com dores intensas, foi até a unidade em busca de atendimento, mas voltou para casa com o mesmo problema. “Não tem agulhas para aplicarem o medicamento receitado. Mandaram a gente comprar em uma farmácia, mas não tem nenhuma perto do hospital”, afirmou.
Quem também não conseguiu ser medicada foi a aposentada Domingas Moura Plácido. Com a garganta inflamada há pelo menos três dias, ela disse que alguns serviços que eram disponibilizados na unidade foram desativados. “Antes, aqui se faziam alguns exames, como ultrassom, mas agora a gente precisa ir a outro hospital ou tentar marcar no Cemarc [Central de Marcação de Consultas e Exames]”, comentou.
Sem médico – Na Unidade Mista do Itaqui-Bacanga, Darlene Santos Pereira, que está no quinto mês de gravidez, informou que está fazendo o pré-natal por meio da unidade da Plan, na Vila Embratel, uma organização não-governamental (ONG), pois não há obstetras na unidade mista.
Na quarta-feira, dia 22, Lúcia Lopes levou os dois filhos para consulta com pediatra. O atendimento médico, segundo ela, foi bom, mas ela terá de comprar os remédios, que não estão disponíveis na farmácia da unidade mista. “Já faz mais de um ano que não tem remédio na farmácia de lá. A gente sempre compra, até os mais básicos”, reclamou a dona de casa, que mora na Vila Embratel.
A direção das unidades mistas do Coroadinho e do Itaqui-Bacanga tentaram justificar os problemas relatados pelos pacientes. A direção administrativa do Coroadinho disse que as dificuldades apresentadas no atendimento ao público são pontuais e que os problemas herdados das gestões anteriores estão sendo resolvidos. No Itaqui-Bacanga, a direção informou que a falta de medicamentos é um problema de toda a rede municipal de saúde e não apenas daquela unidade hospitalar.
Credibilidade – Segundo o secretário Municipal de Saúde, Vinícius Nina, a população de São Luís perdeu a credibilidade no atendimento básico prestado pela Prefeitura de São Luís por causa da ineficiência do serviço oferecido, o que vem acontecendo há alguns anos. “O recomendado é que o morador procure a unidade de saúde de seu bairro e, se não tiver, a mais próxima do local onde mora. É na unidade mista ou no posto de saúde que é prestado o atendimento clínico”, comentou.
Vinícius Nina frisou que apenas casos graves como acidentes e traumas devem ser levados para o Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), no Centro; Socorrão II e Hospital Municipal Odorico Amaral de Matos (Hospital da Criança), localizado na Alemanha. No entanto, as três unidades de saúde que são referência na rede municipal para atendimento de urgência e emergência também são alvo de reclamações. No caso do Socorrão II, o principal problema relatado pela população é a superlotação.
Vinícius Nina afirmou que todas as deficiências da saúde básica estão sendo mapeadas e que serão melhoradas com a adesão do Município ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), do Ministério da Saúde. “Com esse programa reestruturaremos prédios, qualificaremos profissionais e garantiremos que não faltem insumos nas unidades de saúde de São Luís, melhorando a qualidade do atendimento prestado à população”, afirmou.
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