Magistrados que ainda compõem ou que fizeram parte do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão em 2010 reagiram às agressões verbais do ex-deputado federal e presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB), que acusou o tribunal de fraude no último pleito eleitoral para o Governo do Estado, durante um encontro regional do PDT no fim de semana, em Imperatriz. Naquela eleição, o comunista foi derrotado no primeiro turno pela atual governadora Roseana Sarney (PMDB), reeleita ao Palácio dos Leões. O desembargador Raimundo Freire Cutrim, que presidiu o TRE na ocasião, considerou absurdas e lamentou as acusações de Dino. O juiz Sérgio Muniz afirmou serem irresponsáveis as declarações do ex-candidato.
Flávio Dino atacou o TRE, ao afirmar que a vitória da peemedebista naquele pleito havia sido “decretada na calada da noite” pela Corte Eleitoral do Maranhão. O posicionamento do comunista ganhou repercussão e provocou constrangimento aos magistrados, que na tarde de segunda-feira elegeram o desembargador José Bernardo Rodrigues como novo presidente (em substituição à desembargadora Anildes Cruz) e o desembargador Fróz Sobrinho como vice-presidente e corregedor regional eleitoral no Maranhão.
Para o desembargador Raimundo Cutrim, não há fundamento algum nas acusações de Flávio Dino. “Essa é uma das declarações mais absurdas que eu já pude ouvir. As eleições de 2010 foram tão tranquilas que eu recebi até elogios por isso. Não houve problema algum nos municípios, muito menos na totalização de votos. É um absurdo essa declaração”, disse.
O desembargador, que se aposentou no ano passado, garantiu que não há elementos que sustentem as acusações do ex-candidato. “Eu lamento profundamente que o ex-deputado federal tenha agido desta forma. O Flávio Dino sabe que não houve fraude na eleição, isso é até impossível. O TRE apenas totaliza os votos dos eleitores armazenados em cada urna eletrônica. A urna é o equipamento mais seguro hoje e até copiado em alguns países, e garante a segurança total do pleito. Lamento muito que ele tenha atacado o TRE”, completou.
Desequilíbrio – O juiz Sérgio Muniz, que integrou o corpo de membros do TRE em 2010 e permanece no tribunal, reagiu de forma mais veemente às agressões verbais do comunista. Ele também rechaçou qualquer tipo de irregularidade na totalização de votos da eleição ao Governo do Estado de 2010. “Não houve fraude nenhuma, a eleição de 2010 foi uma das mais limpas da história. Ou seja, essa é uma declaração irresponsável de uma pessoa desequilibrada, que é o que ele vem mostrando ser”, afirmou.
Muniz foi vítima de Flávio Dino em um outro episódio de agressão à Justiça Eleitoral, desta vez nas eleições de 2012. Ao julgar um pedido contra a coligação do então candidato de Dino, Edivaldo Júnior (PTC), Muniz foi ameaçado pelo comunista, que invadiu o prédio do TRE, aos gritos, em plena noite de sábado.
Além de descartar fraude no processo eleitoral, Sérgio Muniz rebateu as insinuações de Flávio, de que o TRE teria agido na “calada da noite”. “Ele deveria saber que a totalização de votos ocorreu antes de meia-noite. É completamente falaciosa a declaração dele. Outra coisa, se a urna é eletrônica, a eleição é eletrônica e o tribunal só estava totalizando, ou seja, recebendo os dados da urna, é impossível a existência de uma fraude”, completou.
Sérgio Muniz questionou o fato de somente agora Flávio Dino ter se manifestado contra a Corte Eleitoral que conduziu as eleições daquele ano. “Se ele achava que tinha havido alguma mácula no resultado da eleição, caberia a ele adotar as medidas judiciais cabíveis. Ele não diz que é jurista? Ele entrou com um questionamento na época completamente descabido, questionando a votação após as 17h. Foi ouvido no tribunal, o processo foi arquivado e que eu saiba ele não tomou recursos”, disse.
O desembargador José Bernardo Rodrigues, presidente do TRE, preferiu não se manifestar sobre o caso. Ele utilizou como justificativa o fato de ter sido efetivado como membro da Corte Eleitoral somente em 2011, no ano seguinte às eleições. “Seria leviano da minha parte falar sobre o assunto. Acredito que quem deve se manifestar são os membros que compuseram aquela Corte”, finalizou.
O Estado