Depois de 115 dias de investigação foi entregue à Justiça na última sexta-feira (17), o inquérito sobre o assassinato do jornalista Décio Sá. O inquérito entregue à Justiça abriu uma nova linha de investigação. Foram descobertos indícios de ligações entre prefeituras locais e esquemas de agiotagem.
O jornalista Décio Sá, que era repórter do jornal O Estado e tinha um blog, foi morto com cinco tiros em um bar na Avenida Litorânea, no dia 23 de abril. O inquérito sobre o assassinato do jornalista tem 31 volumes e ainda um relatório com 116 páginas. Tudo foi entregue na Primeira Vara do Tribunal do Júri.
13 pessoas foram indiciadas. Seis estão presas, entre elas os suspeitos de serem os mandantes: os empresários Gláucio Alencar Pontes e o pai dele José Alencar Miranda, além do assassino confesso Jhonatan de Sousa Silva.
Três pessoas estão com prisão preventiva decretada e estão foragidas e mais três foram incluídas no inquérito. Mesmo depois de concluído o inquérito, no relatório, a Polícia Civil está pedindo a autorização da Justiça para ouvir, ainda, o deputado estadual Raimundo Cutrim. Ele foi citado em um dos depoimentos de Jhonatan Silva.
A polícia também tem outro inquérito em andamento, que foi aberto durante as investigações do caso Décio. O envolvimento das mesmas pessoas em crimes de agiotagem com prefeituras maranhenses. A partir desta segunda-feira (20) um novo inquérito deve ser aberto para apurar os indícios desses crimes, segundo a delegada-geral Cristina Meneses.
“A motivação do homicídio de Décio Sá envolve o crime de agiotagem. Durante todo o inquérito do homicídio, a comissão vinha analisando e recolhendo provas e depoimentos e agora vamos iniciar formalmente o inquérito que apura se há envolvimento do erário público nessa agiotagem”, afirmou.
Ela explicou como a quadrilha envolvida na morte de Décio Sá agia. “Esse grupo, especificamente, abria em nome de terceiros, empresas que deveriam fornecer a merenda escola e outros bens para as prefeituras. Essas empresas serviam para desviar os valores que as prefeituras deveriam pagar para a aquisição de bens que de fato deveriam ser usados. É possível que verbas municipais e federais tenham sido desviadas assim. O início disso tudo é o dinheiro para que prefeitos e gestores possam financiar campanhas. Muitas vezes começa antes da eleição. Às vezes, a própria quadrilha escolhia candidatos que ela deveria financiar. Com a injeção de dinheiro nessas candidatura, muitos deles ganhavam a eleição e depois tinham que pagar o empréstimo e esse pagamento, geralmente, era feito com dinheiro público”, esclareceu.
Ela falou, ainda, sobre a possibilidade de que o deputado Raimundo Cutrim preste depoimento Ele foi citado em um dos depoimentos do assassino confesso do jornalista Décio Sá como sendo um dos mandantes do crime. “O nome do deputado foi citado pelo assassino como um dos mandantes, mas só existe esse indício e não há provas concretas. Ele precisa da autorização do Tribunal de Justiça para ser ouvido e essa solicitação foi feita à juíza que recebeu o inquérito. Se ela entender, ela encaminhará ao tribunal para que este nos licencie para ouví-lo”, finalizou.