Os gorilas, o crocodilo e o desabafo de duas jornalistas
Não posso deixar de compartilhar com vocês duas postagens no Facebook de duas jornalistas pelas quais tenho profunda admiração. Falo de Jacqueline Heluy e Laurene Leite. O que elas escreveram merece de todos nós profunda reflexão em relação à postura de algumas pessoas em relação à execução do jornalista Décio Sá.
E achei importante colocar esse assunto aqui, pois já está na pauta jornalística do dia.
Por Jacqueline Heluy
Sim, sou uma “GORILA DIPLOMADA”. Uma “gorila” daquelas bem ferozes que reagem com bravura aos ataques covardes a outros de sua espécie, principalmente se um deles estiver fora de combate.
Sou uma “gorila” que desde o primeiro instante que se descobriu “gorila” lutou com unhas e dentes para entrar na UFMA e se tornar uma “diplomada”. Que ainda no terceiro período juntou-se a outro…s de sua espécie e, a partir daí, fez da “gorilagem” quase um sacerdócio.
Tenho orgulho de ser “gorila diplomada”. E sabem por que? Porque nós, “gorilas”, não precisamos nos proteger sob o manto de nenhuma entidade para sobrevivermos, aliás, os “gorilas”, dentre todas as espécies, são os mais desprotegidos.
E tem uma característica ainda mais evidente que nos diferencia das outras espécies: nós, “gorilas”, andamos de pé, eretos, sobre duas pernas, não rastejamos e somos autênticos. E tenham certeza que ninguém jamais verá um “gorila” no velório de qualquer crocodilo.
Por Laurene Leite
Já imputaram aos jornalistas adjetivos de todos os matizes. Mas este me parece tão inédito, quanto inadequado e fora de propósito. Há uma crônica de Rubem Braga em que ele pergunta a si mesmo se, no uso das palavras, não teria ferido pessoas, quando pretendia apenas escrever.”Quem escreve, nunca escreve apenas”, refletia o mestre.
Por isso, julgar po…rquês neste caso não acho necessário. Mesmo porque as motivações não consertam o quê de inadequado comporta esse adjetivo mal usado, mal colocado e mal dito.
Parafraseando um colega em seu comentário a respeito deste episódio, eu, que conheço o dicionário de cabo a rabo, juro que não vou procurar ali, no pai dos burros, nenhum termo igualmente impactante para também classificar advogados, magistrados, juízes e quê tais, grupos de pessoas que talvez não mereçam ser atingidos no varejo.
Porém, concedo a mim o direito sagrado de protestar e manifestar minha indignação, com elegância e respeito, claro. Mas com tristeza, porque em certos momentos a certeza de que só nascendo todo mundo de novo dá jeito nesse mundo tão tortuoso em que habitamos. A quem este comentário magoar, minhas sinceras desculpas.