O Imirante Esporte aproveitou a presença de Ana Moser em São Luís e fez um bate-papo sobre como o esporte educacional, tema central do Caravana Esportiva, está sendo trabalhado no país. A ex-jogadora lamentou o declínio das práticas esportivas dentro das escolas.
Na visão de Ana Moser, o desenvolvimento esportivo deveria começar dentro das instituições de ensino. No entanto, uma das razões que interferem neste desenvolvimento é a má formação de professores, que aprendem e se dedicam aos “livros de regras” e se esquecem de “disseminar o esporte”.
Além de fazer duras críticas a como o esporte é trabalhado no país, Ana Moser lembrou que é preciso utilizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas como fatores de desenvolvimento do esporte no país. Para isso, seria necessário criar políticas públicas voltadas ao esporte escolar e não apenas de rendimento. Segundo a ex-jogadora, investimento em esporte de rendimento não mudará a realidade existente hoje no Brasil. Confira a seguir as opiniões de Ana Moser.
Esporte no país
“Tem grandes dificuldades de criar equipes olímpicas boas em todas as modalidades porque a gente tem muito pouca gente praticando esporte. Quando a gente fala em desenvolvimento esportivo, em um país olímpico, deve ser um país onde muitas pessoas praticam esporte e dessa quantidade sai uma qualidade muito maior. Mesmo o vôlei, é forte em resultado, mas é muito pouco praticado. Você tem muito pouca gente jogando vôlei no Brasil como em outras modalidades, menos o futebol que muita gente joga futebol porque a cultura é muito forte”.
Declínio do esporte escolar
“Os campeonatos escolares caíram também porque por muito tempo se pensou em times pra representar a escola. Aí você vai fechando o círculo de pessoas que estão praticando na escola. A estratégia deveria ser outra. Todos da escola deveriam praticar esporte. A grande questão no esporte hoje é que muito se fechou em cima dos melhores como se fosse isso o esporte. Mas tem outro esporte que todo mundo pratica, e esta é a grande base”.
Crítica às universidades
“A universidade não forma professores para ensinar esporte para as crianças. Ela ensina fisiologia, treinamento, livro de regras, quantos centímetros tem a faixa de marcação da quadra de basquete. Ainda tem muito isso. Se prendem nessas questões muito técnicas e não preparam o professor para disseminar esporte, pra ensinar esporte pra que crianças e jovens gostem de esporte. A formação dos professores é primordial. Desenvolver junto aos professores maneiras de dar boas aulas, porque não adianta se na escola a criança vê um processo de discriminação de exclusão, onde só os melhores jogam. Isso cria toda uma barreira”.