Francisco Novelletto Neto completará uma década à frente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) no ano em que o Brasil receberá a Copa do Mundo. Em julho, foi eleito pela terceira vez consecutiva para três anos de mandato. Quando se encerrar o atual, em 2015, promete despedir-se do cargo. Antes disso, porém, quer, nas suas palavras, “ajudar meus clubes”.
Novelletto evita o assunto, mas a mão amiga da FGF é conhecida.
– Existe um movimento das federações para acabar com a Série D. Fui designado por elas para levar isso à CBF. Série D e calendário – detalha.
A ideia seria extinguir a atual Quarta Divisão, retrocedendo a um modelo de 2007, com 64 participantes divididos em 16 grupos de quatro. Na temporada seguinte, conseguiu-se perpetrar um campeonato com 63. No grupo 1, Rio Branco-AC e Luverdense-MT classificaram-se com nove pontos e sobrou o Fast-AM, com zero.
Desde 2009, a Série C é disputada com 20 clubes divididos em quatro grupos de cinco. Apesar do mesmo número de participantes das Séries A e B, ela não funciona no sistema de pontos corridos em turno e returno porque, segundo a CBF, não há verbas para hospedagem e transporte.
Qual é a sua proposta para a Série D em 2012?
Novelletto: É de extingui-la e termos 64 times na C. Até o (presidente do Caxias) Osvaldo (Voges) não gostou muito, quando eu falei para ele. Mas vai ser bom para todo mundo! Olha o Juventude, que ficou sem dinheiro para disputar a D! Minha proposta foi de custeio a partir dos 16. A gente divide 64 times em grupos de quatro, depois faz mata-mata. A partir dos 16, entra a ajuda de custo.
Mas isso não elimina o mérito de quem vem disputando acesso e queda no atual modelo?
Novelletto: É bom para todo mundo! O Caxias vai deixar de jogar com Joinville e Chapecoense e vai jogar com Cruzeiro de Porto Alegre, Cerâmica, times mais fracos.
Pelo sistema atual, a Série C prevê o mínimo de oito jogos na primeira fase e mais seis para o acesso, num total de 14. Com a fórmula de 64 clubes, não se reduz o número de jogos?
Novelletto: Diminui dois jogos, apenas, para subir. Sobe com 12. As federações estaduais não querem mais o atual modelo. Elas vão esvaziar o campeonato do ano que vem. Espera para ver.
Não seria possível destinar 1% das verbas das séries A e B para custear C e D?
Novelletto: Não tem custeio e nem vai ter. Esquece. Isso não vai acontecer. Os clubes das séries A e B não aceitam. Vai falar isso para Grêmio e Inter, que tu queres tirar um troco para as séries C e D. Eles ainda vão reclamar que já estão ganhando pouco.
Já há alguma sinalização de mudança para a Série D?
Novelletto: Por enquanto, não. Conversei com o (diretor-técnico da CBF) Virgílio (Elísio) e ele já disse que concorda com o calendário (iniciar a Série C imediatamente após os estaduais). Fizemos o ofício com o pedido e já entregamos. Mas sobre a fórmula, quem decide é o homem (Ricardo Teixeira).