Por Paulinho Pedra Azul, cantor e compositor
Eu tinha um certo preconceito ao ROCK IN RIO, LISBOA ou qualquer outro lugar que ele se realizasse. Talvez, por não estar lá sendo uma das atrações, sendo aplaudido por mais de 100 mil pessoas por dia, durante as duas semanas de suas realizações ou por achar que eu sou maior que qualquer estrela convidada.
Essa versão, que está para se encerrar hoje à noite e que levará no seu total um público de quase 1 milhão de pessoas me pegou pela emoção, pela técnica, pela organização, pela intenção, pela qualidade e pelo profissionalismo de ambas as partes: os organizadores (Com seus, patrocinadores, divulgadores, técnicos de luz, projeção, som, etc…) e os artistas (com suas composições, performances, musicalidades, instrumentais, vozes, etc…).
É muito fácil dizer que o BITUCA desafinou em Love of my life, em homenagem à Fred Mercury; que Cláudia Leitte saiu da sua simplicidade “axética” e tentou “universalizar” sua participação para se aproximar mais da “música do mundo”, ou se Shakira parecia uma principiante querendo conquistar os mais jovens.
Não, não se trata disso! Trata-se de um evento, no século 21, século esse, massacrado pela derrubada de tantas filosofias, de tantos concretos, precoceitos, de tantos seres desumanos, de tsunamis, guerras, desencontros, invejas, sequestros, terremotos, atentados, falta de fé, desumanidades essas que soam não como música, mas como interferência maior para distanciar cada vez mais, nós, irmãos, de línguas, comportamentos, religiões, culturas, tão diferentes e tão próximas ao mesmo tempo.
O que vi e continuarei vendo hoje à noite pela televisão, foi e será o exemplo mais humanitário da terra, nesses últimos anos; e está acontecendo aqui, no Brasil, no Rio de Janeiro, na porta dos nossos olhos. Um exemplo de alegria, musicalidade, diversidade cultural e paz. Até agora, nenhum caso sério de desrespeito humano de qualquer forma. Até agora, nada de baixaria, sequestros seguidos de morte, ou coisas que poderiam sujar uma festa tão linda.
Tivemos a oportunidade de rever bandas excepcionais como RED HOT CHILI PEPPERS, MAROON 5, COLDPLAY (foto Chris Martin), cantores como STEVIE WONDER, nossos PARALAMAS, TITÃS, SKANK, J. QUEST, IVETE, só para citar alguns. Todos cantaram com profissionalismo e dedicação.
Quanto ao gosto musical, isso é “problema” de cada um. Sem me estender mais, gostaria de finalizar, dizendo que o próximo ROCK IN RIO, apesar do nome “ROCK” continue trazendo as baladas do Stevie, a garganta já curada do nosso maior cantor, MILTON NASCIMENTO, das novas bandas que virão, do samba moderno de D2, do pagode de FUNDO DE QUINTAL, da elegância de PAULINHO DA VIOLA, o rock sagrado de LÔ BORGES e BETO GUEDES, o som imaginário do maestro WAGNER TISO e tantos outros artistas brasileiros para provar que a música mundial tem que dar as mãos e atar os corações numa só alma, numa lira divina, onde a paz, a alegria, o amor, a descontração se alinhem perfeitamente para um mundo bem melhor do que o que vivemos hoje.
Viva a MÚSICA DO MUNDO!