Justiça manda CBF revogar título dividido
O juiz da 2ª Vara da Justiça Federal, Francisco Alves, notificou nesta terça-feira a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o seu presidente, Ricardo Teixeira, determinando a revogação da recente portaria sobre o título brasileiro de 1987. Nela, a entidade dividiu a conquista entre Sport e Flamengo. A decisão do juiz deverá ser publicada no Diário Oficial desta quarta-feira, segundo informou o vice-presidente jurídico do Leão, João Humberto Martorelli.
O presidente do Sport, Gustavo Dubeux, afirmou que o clube pernambucano deseja apenas que uma decisão judicial seja cumprida.
– Na verdade, o juiz está querendo que haja o cumprimento da Justiça. Ele (Ricardo Teixeira) vai receber a notificação e terá um prazo de 48 horas para revogar o ato de ter declarado o Flamengo como campeão. Na verdade, essa novela não tinha nem que ter começado. Ele (Ricardo Teixeira) é inteligente e não vai descumprir uma ação judicial. Um homem que chegou aonde chegou tem que ser inteligente – disse Dubeux.
No Rio de Janeiro, o vice-jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, se disse surpreso com a notícia. Segundo ele, a CBF em nenhum momento retirou o título do time pernambucano.
– Estou estarrecido. Contraria uma decisão da própria Justiça Federal transitada em julgado (decisão final que não cabe mais recurso). É um absurdo completo. Acho que a CBF não está obrigada a cumpri-la. A CBF em nenhum momento retirou o título do Sport. Vou buscar mais informações para me pronunciar com mais propriedade.
A decisão da CBF de considerar o Flamengo também como campeão brasileiro de 1987 foi anunciada no dia 21 de fevereiro. O diretor jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, disse que o clube carioca apresentou um estudo detalhado pedindo que a entidade reconsiderasse a posição original da entidade e que reconhecesse o clube carioca como campeão juntamente com o pernambucano.
Carlos Eugênio Lopes considerou os argumentos bastante convincentes e lembrou que após a unificação dos títulos desde 1959 seria injusto não resolver a pendência da Copa União. Na cerimônia de distribuição das faixas, em dezembro do ano passado, Ricardo Teixeira disse que, como havia uma decisão judicial transitada em julgado a favor do Sport, poderia ser preso se desse a taça aos rubro-negros cariocas. Na última segunda, o diretor jurídico da CBF garantiu que, judicialmente, não havia o que o Sport contestar.
Longa batalha política
Em abril de 2010, a CBF havia batido o martelo de que a Taça das Bolinhas deveria ser entregue ao São Paulo, oficialmente considerado o primeiro time a ganhar cinco vezes o Brasileiro. Na ocasião, Ricardo Teixeira disse que a decisão era irrevogável. Dois dias antes, Fábio Koff havia sido reeleito presidente do Clube dos 13 com apoio de Patrícia Amorim. Ricardo Teixeira preferia que o eleito fosse Kléber Leite.
Na eleição de Koff, Patrícia estava ao lado de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo. No dia 14 de fevereiro, o dirigente tricolor recebeu oficialmente a Taça das Bolinhas, apesar dos protestos da diretoria rubro-negra. A CBF argumenta que a decisão de entregue a taça foi da direção da Caixa Econômica Federal.
No site oficial tricolor, Juvenal Juvêncio publicou uma carta para dar satisfação a Patrícia Amorim sobre o caso. O presidente foi respeitoso, elogiou Patrícia, mas argumentou que não poderia abrir mão de um troféu “que materializa o símbolo de algumas das mais importantes conquistas desportivas dessa entidade”. No dia da entrega da taça, Juvenal comentou que “ia se deliciar” com o troféu.
O Flamengo respondeu com um pedido de busca e apreensão na 50ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio.
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