Assim que Carlos Eugênio Simon apitou o fim da partida contra o Guarani, Muricy Ramalho mirou a torcida do Fluminense. Mãos erguidas, punhos cerrados e muita vibração. Ele deu dois passos. Foi interrompido por jornalistas, mas tratou de espantá-los. Não queria ninguém para atrapalhar o encontro. Perto do fosso que separa o campo dos torcedores, bateu no peito e agradeceu.
Partiu então para uma volta olímpica solitária e recebeu o cântico de reverência por ter trocado a Seleção Brasileira pelo Tricolor: “Muricy Guerreiro ficou no Flu para ganhar o Brasileiro”.
Mas até a cena final, o treinador passou por momentos de apuros para comemorar o quarto título nacional nos últimos cinco anos. O Fluminense entrou nervoso em campo. Passes errados, escolhas erradas e poucas chances. Muricy gesticulava, pedia calma.
O tempo passava e nada de o gol sair. As vaias para Diguinho eram um sintoma de que a ansiedade dominara jogadores e torcedores. Mas não Muricy e o suado boné branco. Ele olhou para o banco de reservas algumas vezes. Para o relógio outras tantas.
E então, aos dez, decidiu colocar Washington. Artilheiro em má fase, mas prestigiado pela torcida. Foi então que, aos 16, Carlinhos cruzou da esquerda, o Coração Valente desviou e Emerson completou para o gol. Àquela altura, o nível de estresse do treinador era máximo. Ele extravasou e não poderia ser diferente. A meia hora de angústia até o apito final teve em Muricy o regente para orientar o time à suada conquista.
– O trabalho venceu e isso é muito legal – resumiu Muricy.
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