Bruno chegou à Gávea pontualmente no horário marcado, vestindo calça jeans e camisa social. Porém, o goleiro não vestiu o uniforme de treinamento e nem foi a campo. O propósito do figurino pode ter relação com o que aconteceu na noite de quarta-feira, logo após o apito final da derrota do Flamengo para o Universidad de Chile por 3 a 2, pela Libertadores. Nesta quinta, inesperadamente, o goleiro resolveu falar com os jornalistas e pediu desculpas aos que se sentiram ofendidos pela sua declaração ainda no gramado do Maracanã de que estava se lixando para as vaias vindas da arquibancada.
Um dia depois do episódio, representantes de torcidas organizadas pediram a saída do goleiro do clube, e Bruno foi convocado para uma reunião com a presidente Patrícia Amorim e com o gerente de futebol, Isaías Tinoco. O dirigente, inclusive, disse que o goleiro não daria entrevistas.
– O nosso Frank Sinatra está rouco… Deixa ele melhorar. Eu o aconselhei a não se pronunciar hoje. A torcida quer ver o Bruno fazendo defesas como a contra o Corinthians – disse Isaías, fazendo referência ao cantor americano, que, em 1966, alegou estar resfriado para não dar uma entrevista ao jornalista Gay Talese. Mesmo sem conversar com o astro, Talese fez uma reportagem famosa para a revista “Esquire”.
Mas, logo após reunião a portas fechadas no departamento de futebol, Bruno pediu a palavra, disse que foi mal interpretado e pediu desculpas.
– Quando eu quis dizer me lixando, não disse de maneira geral (para os torcedores). Foi só para o corinho que estavam fazendo para mim ali. Eu estava sofrendo mais do que as 60 mil pessoas que estavam lá. Quem está dentro (de campo), sofre mais. Algumas declarações que dei podem ter sido polêmicas e mal interpretadas. Mas sempre que erro, sou o primeiro a chegar aqui e pedir desculpas. Reconheço que errei. Mas não ironizei a torcida. Simplesmente foi uma reação, uma maneira de se defender daquelas pessoas que falaram coisas que eu não merecia ouvir – disse o goleiro, para desmentir que tenha pedido à presidente para ser negociado.
– Tem três coisas nessa vida que mais amo: minhas filhas, minha mãe e aprendi a amar o Flamengo. Não vejo razão de uma simples partida apagar tudo que fiz pelo clube. Lógico que vou ficar aqui. Lógico que estou chateado. Estou até agora sem dormir. Estou sentindo essa derrota, passa um filme, do América do México. Mas não vou jogar a toalha, xará. Peço desculpa à torcida – afirmou o goleiro, que logo após a coletiva foi interpelado pelos líderes de torcida que circularam pela Gávea ao longo do dia.
Em frente ao jornalistas, o goleiro atendeu a todos eles com atenção e foi muito cobrado por ser um dos líderes do grupo. Durantes os quase dez minutos de conversa, Bruno voltou a se desculpar e a dizer que o aconteceu não tinha sido direcionado à torcida de maneira mais ampla. O camisa 1, inclusive, pediu o apoio contra o Universidad de Chile, quinta-feira, em Santiago.
– Vamos te apoiar, desde que você não faça isso novamente. Quando um líder erra, repercute muito mais – disse um dos torcedores.
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