Vasco é campeão da Série B
Foi sofrido, foi suado. E foi como um verdadeiro time da virada, fazendo jus à música de sua torcida, que o Vasco cumpriu seu segundo grande objetivo traçado no dia 7 de 2008, quando foi rebaixado. A vitória por 2 a 1 sobre o América-RN, conquistada nesta quarta-feira, no Maracanã, o time cruzmaltino alcançou, com duas rodadas de antecedência, o título do Campeonato Brasileiro da Série B, no dia em que vestiu pela primeira vez a camisa comemorativa do acesso à elite.
Com a vitória, o Vasco chegou aos 76 pontos e, assim, não pode mais ser alcançado pelo Guarani, que iniciou a 36ª rodada como segundo colocado. O Gigante da Colina sofreu um gol no primeiro tempo, mas após a expulsão de Leandro, do América-RN, alcançou a virada, com gols de Elton e Alex Teixeira, este aos 40 minutos da segunda etapa. O resultado garantiu o fim de um jejum de títulos que durava seis anos, desde a conquista do Campeonato Carioca de 2003.
O Vasco entrou em campo atrasado e pouco antes de a bola rolar, reuniu-se para a última corrente. Mas quando a partida começou, não mostrou-se com a concentração necessária para se isolar do clima de festa que tomava conta do Maracanã. Desde o início, a equipe mostrou-se dispersa e sem capacidade para fazer a transição da defesa para o ataque.
A opção pela escalação de Ernani no lugar de Allan, suspenso, num primeiro momento aparentou uma alternativa válida para a combinação de jogadas com Ramon pela esquerda. Numa delas, aos nove minutos, Elton quase marcou. No entanto, aos poucos a equipe foi apostando na individualidade, e os erros proporcionavam contra-ataques.
Mesmo com pênalti perdido, Vasco reage e garante vitória no fim
Foi num deles que o América abriu o placar, aos 13 minutos. Após jogada pelo lado esquerdo, Lúcio recebeu passe de Somália dentro da área, venceu a marcação de Titi e chutou no canto de Fernando Prass, fazendo 1 a 0. Apesar da apatia da equipe, a torcida do Vasco não se entregou, e logo incentivou, pedindo a virada.
Mas a equipe não se mostrava contagiada pelas vozes da arquibancada. Assim, o que eram incentivos transformaram-se em vaias, em protesto contra a falta de coordenação do Vasco, que levava perigo apenas nas jogadas de bola parada. Do outro lado, o América se aproveitava dos erros do adversário e controlou sua vantagem até o intervalo.
O Vasco voltou para o segundo tempo com Fumagalli no lugar de Ernani, e a mudança não demorou muito a fazer efeito. Logo aos 20 segundos, Fumagalli foi derrubado na área, e o árbitro marcou pênalti. O zagueiro Leonardo, autor da infração, já havia recebido cartão amarelo e, por isso, foi expulso. Seria o início perfeito de uma reação, não fosse a má cobrança de Elton, que não é o batedor oficial, mas que depois do acesso cruzmaltino passou a ser o responsável pelas penalidades, por ter como objetivo a artilharia da Série B. O goleiro Rodolpho voou em seu canto direito e impediu o empate.
A partir de então, o clima de tensão tomou conta do Maracanã, dentro e fora do campo. Os jogadores do Vasco aparentavam nervosismo, se precipitando nos passes e chutes a gol. Mas não demorou muito para que o time da Colina tivesse uma outra grande oportunidade de empatar. Carlos Alberto chamou a responsabilidade e, depois de arriscar uma jogada, foi derrubado dentro da área por Julio Terceiro e o árbitro assinalou pênalti. À beira do campo, o técnico Dorival Júnior insistia para que o capitão fosse o autor da cobrança, embora Elton tenha se apresentado. Mas Carlos Alberto chegou perto do centroavante, conversou e abriu mão da função. Dessa vez, Elton optou pelo canto esquerdo de Rodolpho e igualou o marcador, aos 15 minutos.
O Vasco, no entanto, não conseguiu, de forma imediata, se fazer valer dessa empolgação para logo garantir a virada. A equipe continuava dispersa e atacando de forma desorganizada. O técnico Dorival Júnior, que já havia arriscado ao substituir o zagueiro Vilson por Philippe Coutinho, abriu muito mais o time trocando Fagner por Aloísio.
Mas foi no momento que o jogo mostrava-se mais amarrado, um lance de habilidade individual resolveu. Alex Teixeira recebeu na entrada da área, deu um drible em seu marcador e chutou rasteiro. A bola andou lentamente e encontrou a rede do lado direito de Rodolpho. Era a virada vascaína, que garantiu o título da Série B e fez explodir o grito da torcida: “o campeão voltou!”