O comandante garante que não deu a ordem para o corpo mole, mas não nega também que se manteve passivo diante de um placar que se tornava mais elástico a cada minuto, literalmente. Técnico do Chapadinha, Jadílson Oliveira jura de pé junto que não existiu combinação de resultado na derrota por 11 a 0 de sua equipe para o Viana, pela última rodada do segundo turno da Série B do Campeonato Maranhense. Por outro lado, tenta justificar o episódio.
– Não houve combinação nem promessa de dinheiro para A ou B. O que houve foi um desânimo pela palhaçada que fizeram em São Luís. Foi uma forma de protesto contra a Federação Maranhense. É preciso respeitar os times do interior – confessou em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
Simultaneamente ao jogo realizado em Viana, o Moto Club goleava o já classificado Santa Quitéria, em São Luís, e só uma vitória elástica de um dos rivais impediria o acesso. A polêmica, porém, está no fato de o Moto, um dos clubes mais tradicionais do Maranhão, ter sido rebaixado na atual temporada e, segundo a diretoria do Chapadinha, ter a participação na Segundona imposta pela federação.
– Sabemos que não é uma atitude correta, mas estamos engasgados há muito tempo com a federação. Para que acabem com essas viradas de mesa, aconteceu isso – disse o treinador.
Confira a entrevista com o técnico do Chapadinha:
GLOBOESPORTE.COM: Dois dias depois do episódio, de cabeça fria, você consegue achar explicação para uma partida tão desastrosa?
Jadílson Oliveira: Em 16 anos como profissional, nunca passei por isso. A maior culpada é a Federação Maranhense, que quebrou o estatuto do torcedor e colocou uma equipe rebaixada em 2009 para disputar da Segunda Divisão no mesmo ano (Moto Club). Isso não existe.
Mas de qualquer maneira o jogo seguiu equilibrado até os 10 minutos finais. Qual o motivo de uma mudança tão repentina de atitude?
O jogo estava bom. Foi 0 a 0 no primeiro tempo, estava duro, mas no segundo tempo começou a marmelada no outro jogo (Moto Club x Santa Quitéria), com quatro pênaltis em cinco minutos. Quem conhece futebol sabe que isso não é possível. Acaba causando desânimo em qualquer jogador. Aí, infelizmente aconteceu esse resultado.
Você acredita, então, em uma suposta armação para que o Moto Club não ficasse uma temporada fora da elite do futebol maranhense?
A Federação já tinha uma maracutaia, um plano B caso o Moto não subisse. Faltou respeito ao torcedor. Nós fomos rebaixados em 2008 e esperamos o ano seguinte. Por que o Moto não esperou? Só por ser considerado time grande. O direito é igual para todos. Temos o exemplo do Vasco e do Corinthians no Brasileirão. A federação só pensa em pisar em times do interior.
Dessa forma, podemos dizer que o Chapadinha realmente facilitou a partida para que o Viana subisse no lugar do Moto Club?
Não houve combinação nem promessa de dinheiro para A ou B. O que houve foi um desânimo pela palhaçada que fizeram em São Luís. Foi uma forma de protesto para a Federação Maranhense. É preciso respeitar os times do interior. Há um investimento, passamos 60 dias trabalhando para levar o time à primeira divisão, mas chega uma hora em que é preciso dar um basta. Todas as equipes tinham condição de levar o título. Só que vimos um papelão desse. Presidente de time assinando contrato para jogar (pelo Santa Quitéria). Isso não existe. É preciso organização.
Por outro lado, você não acredita que foi também uma falta de respeito com os torcedores uma equipe desanimar antes do fim do jogo?
Acho que os torcedores já estão atravessados há muito tempo. Sabemos que não é uma atitude correta, mas estamos engasgados há muito tempo com a federação. Para que acabem com essas viradas de mesa, aconteceu isso.
E você, do lado de fora, tentou de alguma forma mudar o panorama?
Quem está lá dentro são eles, os jogadores. Eles têm o limite deles e acharam melhor o protesto. De fora, eu só posso pedir.
Cahê Mota, Direto de Chapadinha para o Globoesporte.com