Torcida única
A torcida única é a forma mais rápida e urgente para acabar com a violência nos jogos de futebol. A sugestão é do promotor de Justiça Paulo Sérgio de Castilho, diante de mais um confronto entre torcidas organizadas, do Vasco e do Corinthians, que resultou na morte de um torcedor, ontem (3) em São Paulo.
De acordo com Castilho, a torcida única, em que apenas os torcedores do clube mandante entram no estádio, evitaria que os grupos rivais se encontrassem. Ele informou que a medida foi sugerida, como solução para o problema, pelos líderes de torcidas organizadas. “A torcida única é uma solução imediata para acabar com a violência que me foi sugerida, inclusive, por dirigentes de torcidas organizadas”.
O promotor propõe também que torcedores flagrados portando pedaços de madeiras, barras de ferro e rojões, objetos que não são considerados armas, sejam presos, cadastrados e afastados dos estádios por três anos.
O promotor Paulo Sérgio Castilho é autor de um anteprojeto de lei que prevê alterações no Estatuto do Torcedor, tornando mais rigorosas as penas contra torcedores que se envolvem em violências nos estádios e fora deles.
“Nossa proposta foi elaborada com base no que já existe na Inglaterra, na Espanha e em Portugal, onde as autoridades já venceram a violência no esporte. Estamos adaptando e melhorando, de acordo com a realidade brasileira. Vamos procurar coibir e fechar todas as brechas que estimulam os maus torcedores a praticarem crimes”, disse.
Castilho também defende a criação de um juizado especial para o torcedor com uma procuradoria específica. “Precisamos fazer um trabalho conjunto e envolver a sociedade e autoridades para aprimorar o trabalho de segurança nos estádios. Temos que aproveitar que o presidente da República gosta de futebol e conseguir as mudanças”, afirmou.
O consultor do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), Jorge Hori, disse que o conflito entre os torcedores do Vasco e do Corinthians pode trazer lições para os organizadores da Copa de 2014, no Brasil. “As autoridades podem tomar consciência do perigo, e a repercussão do caso levarem a investir mais em segurança”, disse.
Hori integra o grupo que analisa a situação dos principais estádios brasileiros para a Copa de 2014. Ele acredita que os incidentes de ontem não afetarão a imagem do país no exterior, mas deixam claro a falta de planejamento na realização de grandes jogos. “Está na hora de repensarmos a logística das torcidas. Se os ônibus dos torcedores não tivessem se cruzado, se o planejamento fosse melhor um torcedor não teria morrido”, afirmou.
Ivy Farias
Agência Brasil