No ar rarefeito da altitude, o Brasil não conseguiu respirar até o fim. Depois de sofrer uma pressão durante grande parte do jogo, a seleção sucumbiu e empatou em 1 a 1 com o Equador, neste domingo, em partida válida pela 11ª rodada das eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. O resultado apenas foi possível por causa de dois xarás. Com defesas espetaculares, Julio César salvou o Brasil do que poderia ser uma goleada. Julio Baptista foi decisivo ao marcar, em seu primeiro lance, o gol que grantiu o ponto. Há quatro partidas o Brasil não marcava atuando no Equador.
O empate fez com que o Brasil caísse para a terceira colocação das eliminatórias, com 18 pontos. A seleção está a cinco do líder Paraguai e a um da Argentina, que está em segundo. O próximo compromisso do grupo comandado por Dunga será nesta quarta-feira, contra o Peru, no Beira-Rio, em Porto Alegre.
As dificuldades dos brasileiros começaram bem antes de a bola rolar. A Federação Equatoriana de Futebol não reservou lugares para a maior parte da imprensa estrangeira no estádio Olímpico de Atahualpa. Vários jornalistas brasileiros não tiveram condições de trabalhar. O único lugar acessível com visão para o campo era em pé ao lado de torcedores equatorianos.
O estádio de Atahualpa, aliás, está longe, muito longe, de atender as exigências mínimas exigidas pela Fifa para receber jogos internacionais. Mas a Conmebol faz vista grossa para os problemas não só do Atahualpa, mas de vários estádios sul-americanos, e os libera para as partidas das eliminatórias da Copa do Mundo.
O estádio esteve lotado. Todos os 37. 200 ingressos foram vendidos. Durante o hino brasileiro, vaias e gritos de equador foram escutados.
Julio César salva o Brasil de derrota na altitude do Equador
O empate em 0 a 0 nos primeiros 45 minutos representou lucro para o Brasil. Afinal, a seleção foi pressionada desde o apito inicial. A pressão dos equatorianos era impressionante. Até os 25 minutos, foram 11 chutes a gol contra Julio César, que salvou o time de Dunga em pelo menos três oportunidades. Na mais marcante delas, aos 14 minutos, defendeu uma cobrança de falta de Méndez. No rebote à queima-roupa, evitou novamente o gol do Equador após conclusão de Guerrón, que estava em posição de impedimento.
O camisa 7 do Equador, inclusive, dava um baile em Marcelo pela esquerda. Luisão não conseguia marcar Benítez. A sorte brasileira é que o atacante equatoriano parecia ser especialista em perder gols. Desorientado em campo e sentindo os efeitos da altitude de 2.850 metros, o Brasil não conseguia armar as jogadas e ficar com a posse de bola. Elano e Ronaldinho Gaúcho estavam perdidos e, com isso, o ataque ficava isolado. Até os 25 minutos, Luis Fabiano só tocou duas vezes na bola, e Robinho, apenas quatro.
O primeiro chute aconteceu com Marcelo, aos quatro minutos. O segundo com Daniel Alves, apenas aos 38 minutos. O lateral-direito substituiu Maicon, que deixou o campo aos 20 minutos, depois de sentir uma lesão na coxa direita após tentar um cruzamento. À beira do campo, Dunga se mostrava inquieto com a inoperância da seleção.
No intervalo, policiais equatorianos agrediram o repórter do SporTV Victorino Chermont. De forma covarde, ele recebeu uma gravata de um policial e começou a ser arrastado. Robinho, que estava entrando no túnel, quando viu a cena voltou correndo já sem a camisa de jogo para defender o brasileiro e começou a pedir aos policiais para pararem, sendo atendido.
O Equador voltou para a segunda etapa em ritmo mais lento. No entanto, manteve o domínio, marcando o Brasil na saída de bola e chegando ao ataque com consistência. Mas novamente esbarrou em Julio César, que fez novas defesas espetaculares. Neste momento, a seleção brasileira estava completamente acuada e tinha raras oportunidades de gol. Na melhor delas, aos 15 minutos, Luis Fabiano recebeu passe de Robinho e chutou em cima de Cevallos.
Para tentar mudar o panorama da partida, Dunga mexeu duas vezes no segundo tempo. Primeiro, tirou Elano e colocou Josué, mas foi a segundo substituição que acabou sendo decisiva. No primeiro lance que de que participou, aos 27 minutos, depois de entrar no lugar de Ronaldinho Gaúcho, Julio Batista arriscou de fora da área. A bola tocou na trave, nas costas do goleiro Cevallos e entrou. Foi o sétimo gol do jogador do Roma em 37 partidas disputadas com a camisa da seleção.
Mesmo com a vantagem, a seleção continuou a ser dominada pelo Equador e até teve chance de selar a vitória, depois que Luis Fabiano acertou uma bola na trave. A punição veio logo em seguida, depois que Méndez fez grande jogada pela direita e cruzou. Julio César fez outra grande defesa, mas Noboa pegou o rebote e empatou aos 44 minutos.
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